sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O MEU AMIGO JOÃO MATEUS




JOÃO MATEUS

Nos idos de 69/70 eu ia de vez em quando a casa do meu amigo e colega de arqutitectura, Luís Mateus.

O pai, o engº Tomás Mateus do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, conhecido pelo Tomás das madeiras, era um especialista mundial em resitência de madeiras. Mas era também pintor. Chegava a casa e passava o fim da tarde a pintar. Nao podia fumar e a mulher sentava-se suavemente ao lado e fumava, dando-lhe de vez em quando uma passa.

Os filhos, o Zé, que se formou em arqueologia, o João e o Luís, ambos arquitectos, todos três tocavam música antiga e interessavam-se pelas coisas mais oblíquas e menos óbvias para jovens entre os 15 e os 20 anos. Literatura, música antiga, História de igrejas e conventos, geometria descritiva... Sei lá.

Só sei que ficava fascinado. Eles era para mim a imagem da paz familiar que eu nunca conhecera.

Moravam em Alvalade. Julgo que no mesmo prédio morava o Miguel Serras Pereira, o excecional tradutor (e poeta bissexto) que não revejo há anos e que me tem proporcionado muitas horas de leitura de alta qualidade.

Perto, morava o poeta José Gomes Ferreira que passava com a sua cabeleira branca aos 4 ventos e o olhar a navegar sabe-se lá por que distâncias.

Eu e o Luís Mateus temo-nos visto por aí, entre Lisboa e Braga. Telefonamo-nos, partilhando muitas memórias, paixões e cumplicidades.

O João já não o via há muitos muitos anos. Encontrei-o e fiquei fascinado. Arquitecto, continua a tocar música antiga, constrói instrumentos de madeira, desenha, pinta, sei lá que mais.

Pediu-me para ir visitá-lo ao seu site. Demorei uns quantos dias porque os dias andam complicadas e eu só queria lá ir com tempo para demorar.

Finalmente fui e fiquei espantado. Já não se faz gente assim. Ou faz?

Se calhar faz. Mas de cada vez que encontramos alguém que anda pelo mundo com esta vitalidade, esta variedade, esta força, ficamos acrescentados e com a certeza de que viver pode ser um moinho muito disponível para que o vento da vida não o deixe descansar.

O endereço do João onde estão os óleos, os desenhos, o pastel, a arquitectura, é este:

http://joaorosariomateus.googlepages.com/joaomateus

Vale a pena visitar.

3 comentários:

Maria disse...

Fico acrescentada cada vez que te leio aqui...
Obrigada.

Beijos

Júlio Pêgo disse...

Vivenciei este encontro João Mateus/José Fanha, após o lançamento do Velho e a Elena Romena do José Guita (Byblos).Tive o privilégio de assistir à alegria de amigos que, muito rápidamente, viajaram até à última despedida e ao trajecto até ao momento.A música e a cultura foram o cimento da sua longa amizade. Tão bom ainda haver tempo e encontro nesta época acelerada do viver.

Caçadora de Emoções disse...

Uma linda história de Amizade, daquelas que valem realmente a pena. Gostei muito desta sua partilha...
Já acedi ao endereço do João Mateus e fiquei encantada, aconselho-o vivamente!

Mil beijos e um grande sorriso :)