segunda-feira, 29 de novembro de 2010

HISTÓRIAS COM DIREITOS



O Instituto de Apoio à Criança, em colaboração com a Plátano editora, acabou de publicar este livrinho de histórias e versos dedicados aos Direitos da Criança.

Os autores convidados foram: António Torrado, Mª Teresa M. González, Inês de Barros Baptista, Raquel Palermo, Inês Pupo, Augusto Carlos, António Mota, Luísa Ducla Soares, José Jorge Letria, Rui Zink e este que se assina, José Fanha. Ilustrações da Vera Pyrrait. Voz de Pedro D'Orey e música de Carlos Daniel e Tiago Barbosa.

Não pude estar presente na apresentação pública e, por isso mesmo, ainda não vi o livro, não lhe toquei, não o cheirei. Mas estou ansioso.

E agora, para aguçar o apetite, um bocadinho do texto que escrevi


RECEITA PARA FAZER UM NINHO

Toda a mãe prepara
um sítio quentinho
a que chama ninho
e onde com cuidado
de um velho saber
põe o seu filhinho
logo que nascer.

Para fazer o ninho
os ingredientes
podem ser diferentes
seja um passarinho
seja um passarão
seja um coelhinho
seja gato ou cão
menino ou menina
Joana ou João.

(...)

sábado, 27 de novembro de 2010

CANTIGAS E CANTIGOS PARA FORMIGAS E FORMIGOS



Há alguns anos publiquei as "CANTIGAS E CANTIGOS". Eram lengalengas, brincadeiras de palavras e rimas, rendas de sílabas, músicas da língua em estado puro.

Ficou aprazado o 2º volume. Demorou uns anos a sair cá para fora mas aqui está. Mais lemgalengas já experimentadas há algum tempo com meninos em escolas e bibliotecas. Ilustrações do meu filho João Fanha. E uma das cantigas, ou cantigos, para amostra.

O QUE AS COISAS DIZEM


Vem o sol e diz que sim
vem a chuva e diz que não
vem o mar e diz azul
vem o ar e diz balão.

Cada mala diz partida
cada barco diz saudade
cada lenço diz adeus
cada pente diz vaidade.

Uma sopa diz almoço
uma roda diz rodar
uma bota diz caminho
uma asa diz voar.

O poema diz poeta
o braseiro diz calor
o abraço diz amigo
o beijinho diz amor.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

VIZELA



É fantástica a ternura que os meninos dispensam aos escritores que os visitam e que eles sentem que, através dos livros e das palavras escritas, lhes oferecem um voo, uma promessa de magia, uma porta aberta para crescerem e se construirem em torno da leitura.

Criam-se momentos únicos de cumplicidade com os meninos e os professores. E não falo só de mim. Esta experiência é comum a companheiros meus como o António Torrado, a Luísa Ducla Soares e António Mota e alguns outros mais.



E a propósito da última foto vêm a propósito estes versos de um livrinho que está m sair por estes dias "CANTIGAS E CANTIGOS PARA FORMIGAS E FORMIGOS"~

PALAVRINHA


Ai palavra palavrinha
Ai palavra apalavrada
Uma salta pula e dança
Outra dorme descansada

Ai palavra palavrinha
Ai palavra palavrenta
A esta deitei-lhe sal
À outra deitei pimenta

Ai palavra palavrinha
Ai palavra palavrita
Uma é mesmo papagaia
A outra só piriquita

Ai palavra palavrinha
Ai palavra palavrosa
Se um dia tu fores vermelha
Noutro dia és cor-de-rosa.

Ai palavra palavrinha
Ai palavra palavruda
Se agora já és careca
Foste um dia cabeluda.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

SALTA FOLHINHAS



Algumas pequenas livrarias existem, ou persistem, ou resistem pelo país fora, à margem dos grandes grupos e dos Centros Comerciais onde se repetem os best-sellers e raramente encontramos espaço para o requinte verdadeiro do livro que sabemos que poucos comprarão mas que é precioso.

Gostava de falar delas. À medida que as vou conhecendo. Porque os verdadeiros amantes dos livros e da leitura tendem a encontrar-se mais tarde ou mais cedo.

Estas pequenas livrarias sobrevivem graças aos amigos que passam palavra e lá vão à procura de livros mesmo especiais. Sobrevivem ainda graças a actividades de animação no seu espaço e da capacidade de responder às necessidades de Escolas e Bibliotecas na sua zona geográfica.

As pessoas que põem estes espaços a funcionar, e a brilhar, e a persistir, sobrevivem com muito trabalho, muita dedicação e alegria. E merecem toda a nossa ternura. Porque também eles mostram que há lugares de felicidade muito ara além dos espaços leofilizados e passados a papel químico da globalização.

A Salta Folhinhas fica na Rua de António Patrício, 50, perto da Boavista no Porto, a poucas centenas de metros da Casa da Música. Já tem 6 anos de idade. Costuma ter actividades diversas para criança ao fim do dia e ao fim de semana. A proprietária é a Teresa Cunha. É um espaço caloroso e cheio da magia dos bons livros para crianças.

Passem por lá e levem os meninos. Vale a pena.

domingo, 21 de novembro de 2010

DE QUE É QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE LEITURA?


O que é uma leitura bem feita?

“É uma leitura que implica uma responsabilidade, e neste termo contém-se o de resposta. Trata-se, portanto, de responder a um texto, à presença e à voz de outrem. E isso tornou-se difícil senão impossível numa cultura onde o ruído é constante, que não tem de reserva uma prata de silêncio ou sequer de paciência.”

“Ler não é sofrer mas, falando com propriedade, estarmos prontos a receber em nossa casa um convidado, ao cair da noite.”


“(Ler...) Trata-se de aprender com os outros a escutar melhor.”

Georges Steiner

“Quatro entrevistas com George Steiner”, Ramin Jahanbegloo, Fenda edições, Lisboa, 2006

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

BOBADELA



Nalgumas escolas a leitura fica em segundo plano. Há que "cumprir o programa", um terrível papão que pesa sobre a cabeça de alguns professores, como se não fosse o programa que tem de cumprir a missão de educar, instruir e ajudar a crescer em todos os sentidos.

Ler é um divertimento. E é também uma forma de crescer. E é ainda uma base fundamental para a aQuisição de conhecimentos nnas áreas científicas. E finalmente para uma utilização adequada desse instrumento tão útil quanto perigoso que é a net.




Noutras escolas, como nesta, em Bobadela, a leitura é um trabalho a que os professores dão o melhor de si próprios. E os meninos ganham muito com isso. E o país também. Porque sem vencermos a batalha da leitura, não venceremos a batalha do desenvolvimento nem poderemos incluir-nos verdadeiramente numa sociedade do conhecimento e da comunicação.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

E AGORA QUALQUER COISA DIFERENTE 8


“Como quase todas as coisas, a inteligência democratizou-se de tal forma que deixou de ser privilégio das classes pobres”

“As ideias que Cristo nos legou são tão boas que houve necessidade de criar toda a organização da Igreja para combatê-las.”

“Os anões têm uma espécie der sexto sentido que lhes permite reconhecerem-se á primeira vista.”

Aforismos e citações de Eduardo Torres, personagem de

“O resto é silêncio”, Augusto Monterroso, colecção Ovelha Negra, ed.Oficina do Livro

terça-feira, 16 de novembro de 2010

E AGORA QUALQUER COISA DIFERENTE 7




"... de todas as leis da natureza, a mais maravilhosa é talvez a da sobrevivência dos mais fracos."

Vladimir Nabokov, no Prefácio a "Contos de Tchéhkov Volume I"

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

E AGORA QUALQUER COISA DIFERENTE 6


"Se não se pode ser um grande criador, é preciso ser carteiro – postino como no belo filme sobre Neruda -, aquele que leva cartas. Um professor leva cartas, é um privilégio imenso."

Georges Steiner

Magazine Littéraire, junho 2006-08-10

Entrevista Conduzida Por François L’yvonnet


Para se ser professor)

“É preciso ser-se um dador, ser-se um pouco louco, é preciso estar-se nu e não ter vergonha da nudez.”

Geosges Steiner

“Quatro entrevistas com George Steiner”, Ramin Jahanbegloo, Fenda edições, Lisboa, 2006

sábado, 13 de novembro de 2010

BISCOITOS



Na EB23 de Biscoitos, Ilha Terceira, Conselho de Praia da Vitória, onde fui recebido maravilhosamente pelos professores e por meninos do 2º ciclo e onde foi muito intensa a partilha da poesia e das histórias que levo no bornal.



Em baixo estou com as simpatiquíssimas presidente e vice-presidente do Concelho Directivo (ou Executivo...), as professoras Cecília Terra e Doroteia Dias.

Por aqui ainda reina a gestão democrática. E bem.

Nas minhas andanças por escolas do país tenho ouvido muitas queixas do novo sistema de gestão das escolas com directores em vez de Conselhos javascript:void(0)Directivos. Parece estar a criar graves incongruências, conflitos, incompreensões, desatinos, e etc.

Também conheço algumas escolas em que o novo sistema de gestão funciona muito bem.

Mas globalmente parece-me que há entre nós uma tremenda falta de cultura de autoridade democrática quer de quem a deve exercer, quer de quem a ela deve submeter-se.

Mas isto resulta apenas do olho de quem olha de fora e de quem tem a sorte de poder desfrutar de muitos momentos de grande comunicação e empenho pedagógico como aqui aconteceu.

E para acabar fica um beijinho e muita ternura para quem tão bem me recebeu nos Biscoitos.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ISTO NÃO É UM FILME

Foi emocionante quando conheci aquele famoso quadro de Magritte onde está pintado um cachimbo e por baixo a frase: "Ceci n'est pas une pipe".

E é verdade. Aquilo não é um cachimbo. É a imagem de um cachimbo.

Ficou sempre a fazer parte das minhas paixões no mundo da pintura.

Enviaram-me agora este filme que não é um filme mas que é feito a partir de imagens de pinturas do Magritte e é muito belo. Não acham?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O COMPADRE CUNHA



O meu amigo António Cunha é um alentejano convicto. Traz sempre no bolso um canivete pequeno para cortar queijo e pão como compete a um verdadeiro alentejano.

Fotógrafo notável, percorre o mundo com as suas máquinas a captar imagens que depois aparecem em revistas como a GRANDE REPORTAGEm, a NATIONAL GEOGRAPHIC MAGAZINE ou ainda em jornais, livros, que sei eu.

Já correu mais de meio mundo, Marrocos, Paris, Irão, Afeganistão, Vietname, Índia, Amazónia, lugares que nem sabemos que existem. Mas volta sempre a Beja, porque sem Alentejo é que um homem destes não pode viver.

Estava eu de férias no Alvito e ele apareceu por lá, montou um pequeno estúdio para fazer de mim e das minhas filhas Sara e Matilde um trio de modelos encalorados numa tarde de 40º.

Grande abraço compadre de coração grande e obrigadinho pelos bonecos.

domingo, 7 de novembro de 2010

MICROBAND



Trata-se de um duo italiano de músicos cómicos.

Assisti a um espectáculo deles na Praia da Vitória e foi das sessões mais divertidas a que assisti nos últimos anos.

Deles se poderá dizer que são qualquer coisa verdadeiramente diferente.

Quando aparecerem por aí vão vê-los. Vale mesmo a pena.

sábado, 6 de novembro de 2010

E AGORA QUALQUER COISA DIFERENTE 5



(Ferreira Gullar, poeta brasileiro que recebeu recentemente o Prémio Camões)

“Eu não quero ter razão. Eu quero ser feliz.”

Ferreira Gullar, O Público. 19.09.2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

E AGORA QUALQUER COISA DIFERENTE 4




(Escritor norte-americano. Vencedor do prémio Nobel em 1949)

Sobre ao que é preciso para ser escritor:

- Noventa e nove por cento de talento... Noventa e nove por cento de disciplina... Noventa e nove por cento de trabalho. Nunca nos podemos dar por satisfeitos com aquilo que fazemos. Nunca nada é tão bom como aquilo de que somos capazes."

William Faulkner, “Entrevistas da Paris Review”

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

AS CANÇÕES A QUE VOLTAMOS



Como os livros, há canções que cheiram a novas e outras que cheiram a usadas. Talvez as mais usadas sejam as melhores. Há canções que usamos muito ao longo da vida. É nelas também que encontramos pedaços da nossa raiz, do nosso afecto, da nossa asa.

Esta, "Tom Trautber's blues" é daquelas a que volto, volta e meia. Está muito usada mas que bem que me sabe ainda ouvi-la...