1969 - Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico
(Creio que era presidente da Associação o Zé Mariano Gago)
O A.P. Braga queria revitalizar o Grupo de Teatro da Associação. Pensou fazer um espectáculo de poesia sobre o racismo, tema quente que na altura puxava pela Guerra Colonial e pela guerra do Vietname à cabeça. E por muitas outras coisas. A luta pelos direitos cívicos nos EUA, a memória ainda muito viva memória da guerra da Argélia, os emigrantes portugueses em França, etc, etc.
Éramos 5 ou 6 no início. As coisas cresceram inesperadamente. No final éramos trinta e tal. Tínhamos escrito e encenado em conjunto um espectáculo teatral muito incisivo e moderno onde valiam todas as técnicas inclusivamente algumas que fomos buscar a grupos que estavam na berra como o Living Theatre.
O "Racismo" era feito com urgência, com raiva, com tripas, com amor, também com medo , mas com uma alegria difícil de repetir.
Tornou-se num êxito representado durante meses e foi possível porque à data ainda prevalecia a prática implícita da autonomia da Universidade que impedia teoricamente a PIDE e a Censura de intervirem dentro das Associações de Estudantes.
Não podíamos levar o espectáculo para fora da Associação, mas chegou a haver camionetas alugadas a trazer gente de fora de Lisboa para assistir ali.
É claro que tínhamos a PIDE à porta e que provocações houve mais que muitas. E quando um ano depois se quis estrear, o segundo espectáculo já foi mesmo proibido.
Alguns nomes dos envolvidos: Amadeu, António Mil-Homens, A P. Braga, Carlos Braga (Braguinha), Carlos Lopes, Joaquim Gil Nave, Joaquim Vieira, este que se assina José Fanha... E outros a quem peço desculpa pela falta de memória.
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