O jazz sopra
e a tesoura do olhar
recorta
bailarinas.
O jazz
arrasta as luzes
da cidade
engole espadas
beija
brevemente
o voo
dos trapezistas.
O jazz deita-se
na cama
do pintor
empresta-lhe uma asa
inspira-lhe o olhar
das águias
convida-o
à paz
redonda
de dois seios
de mulher.
O jazz instala-se
nos dedos
desarruma
a alma
coloca
na mais urgente
ordem do dia
toda a gama dos azuis.
José Fanha, "Elogio dos peixes, das pedras e dos simples"
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