domingo, 15 de junho de 2008

FIM DE TARDE

FIM DE TARDE

Não agites o silêncio
não toques a limalha
da matéria luminosa
não ofendas essa longa
etérea rosa
que tacteia
o linho da toalha
ao fim do dia.

Exausta de alegria
a criança vem
derramando mil pedrinhas
borboletas
pétalas marinhas
sobre as pálpebras da mãe.

Não desvendes o mistério
desse redondo hemisfério
não inventes outro céu.

No novelo aconchegado
do centro do seu império
a criança adormeceu.


José Fanha

(in, "Breve tratado das coisas da arte e do amor")

6 comentários:

  1. Que bom ler este belo poema ao fim de tarde e tirar uma boa soneca!

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  2. Felizmente, há coisas assim...

    Abraço

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  3. Já não vinha aqui há algum tempo...
    É sempre bom qundo voltamos :)))
    Sobretudo, quando encontro poesia assim, que me embala e faz sonhar!

    Bem haja.
    Beijos,

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  4. Um dos seus poemas, meu preferido pela emoção frágil e intensa que transporta.

    Rita

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