Na cidade de Palagüin
o dinheiro corrente eram olhos de crianças.
Em todas as ruas havia um bordel
e uma multidão de prostitutas
frequentava aos grupos casas de chá.
Havia dramas e histórias de era uma vez
havia hospitais repletos:
o pus escorria da pora para as valetas.
Havia janelas nunca abertas
e prisões descomunais sem portas.
Havia gente de bem a vagabundear
com a barba crescida.
Havia cães enormes e famélicos
a devorar mortos insepultos e voantes.
Havia três agências funerárias
em todos os locais de turismo da cidade.
Havia gente a beber sofregamente
a água dos esgotos e das poças.
Havia um corpo de bombeiros
que lançava nas chamas gasolina.
Na cidade de Palagüin
havia crianças sem braços e desnudas
brincando em parques de pântanos e abismos.
Havia ardinas a anunciar
a falência do jornal que vendiam;
havia cinemas: o preço de entrada
era o sexo de um adolescente
(as mães cortavam o sexo dos filhos
para verem cinema).
Havia um trust bem organizado
Para a exploração do homossexualismo.
Havia leiteiros que ao alvorecer
distribuíam sangue quente ao domicíio.
Havia pobres a aceitar como esmola
Sacos de ouro de trezentos e dois quilos.
E havia ricos pelos passeios
implorando misericórdia e chicotadas.
Na cidade de Palagüin
havia bêbados emborcando ácidos
retorcendo-se em espasmos na valeta.
Havia gatos sedentos
a sugar leite nos seios das virgens.
Havia uma banda de música
que dava concertos com metralhadoras;
havia velhas suicidas
que se lançavam das paredes para o meio da multidão.
Havia balneários públicos
Com duches de vitríolo – quente e frio
- a população banhava-se frequentes vezes.
Na cidade de Palagüin
havia Havia HAVIA ...
Três vezes nove um milhão.
Carlos Eurico da Costa
Não conhecia este poema.
ResponderEliminarSaio daqui com uma dor no peito....
Obrigada pela partilha
Um beijo
Cara amiga,
ResponderEliminareste comentário e outros que deixou, fazem-me sentir que esta viagem pelos poetas fora de moda é útil a alguém
Obrigado e continue a aparecer.
JFanha
Fanha
ResponderEliminarÉ util a muita gente, eu fiquei com qualquer coisa parecida com uma dor no peito. Este poema é muito forte.