domingo, 3 de maio de 2009

MUSEU DA CHAPELARIA



Em S. João da Madeira está um dos museus mais deliciosos que conheci: o MUSEU DA CHAPELARIA.

Era uma fábrica. A mais importante fábrica de chapéus do mundo. Foi magnificamente transformada em Museu e é dirigido com brilho pela drª Suzana Meneses.

O sr. Méssio é o guia que nos leva de máquina em máquina e de memória e memória. Trabalhou ali desde os 10 anos de idade. Só podia receber salário a partir dos 12. Mas foi trabalhar sem salário para garantir o lugar. O trabalho fazia falta e um operário chapeleiro era alguém nesse tempo.

O sr. Méssio tem agora à volta de 80. Foi ele o último a fechar a porta da fábrica. Foi o primeiro a entrar no Museu.

A sua humanidade, a ternura e graça com que conta as suas histórias fazem-nos emocionar quando, por exemplo, nos mostra a máquina de lixas de pele de tubarão que alisava o feltro dos chapéus e cortava dedos a muitos operários.

Mas o sr. que trabalhou 40 anos com essa máquina e nunca ficou sem dedos. Tinha um truque, diz ele. De manhã dizia bom dia à máquina e ao fim do dia agradecia-lhe poder voltar a casa com os dedos inteiros.

O Museu ainda tem deliciosa colecção de chapéus, um excelente serviço educativo com oficinas diversas, e um restaurante sofisticado,onde se come muito bem.

S. João da Madeira é a terra dos sapatos e dos chapéus. E sabe preservar o passado dessas importantes indústrias e da vida dos seus operários.

Caros amigos,

o que é que querem mais?

Quando passarem por ali vão lá visitá-lo. Garanto que vale a pena. E já agora, dêem cumprimentos meus ao sr. Méssio.

2 comentários:

  1. O Museu da Chapelaria tem um interesse especial em ser aberto e visitado, uma iniciativa e uma postura democráticas e actuais com que bate muitos outros museus portugueses...

    Conheci duas técnicas desse museu há cerca de um ano num encontro sobre acessibilidade de museus a cidadãos portadores de deficiência. Interessadíssimas, precisamente porque se deparam com algumas dificuldades, não se esconderam e estiveram atentas, participativas e dialogantes durante todo o encontro. Nada sabiam do que poderiam fazer para abrir as suas portas a TODOS os visitantes, mas procuraram (procurar como perguntar, procurar como vontade de saber).

    Na realidade sabiam tudo: não trabalhamos só para alguns, não reconhecemos só os idênticos, enriquecemos quando alargamos a nossa identificação com o outro.

    Raro no meio dos museus. Falta minha que ainda não o visitei.

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  2. Já lá fui e foi-me dito que existe actualmente uma fábrica em São João da Madeira que fabrica os filtros para todo o mundo, para as melhores marcas de chapéus do mundo. Disseram-me que os chapéus de Clint Eastwood foram fabricados em São João da Madeira, os do Bush também, mas eu não acredito muito, se viesse de São João da Madeira alguma coisa tinha mudado naquela cabeça oca.
    http://geometricasnet.wordpress.com/2008/11/30/museu-da-chapelaria/

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