domingo, 8 de abril de 2012
MALEFÍCIOS DA LEITURA
Este país às vezes irrita. A maior parte dos dias irrita muito.
É raro abrir a televisão. Procuro não saber as notícias. E sobretudo, as des-notícias. Mas é difícil. Há televisões em toda a parte a dar-nos cabo do juízo. Nos hospitais, nas repartições, nos cafés, nos restaurantes. A publicidade. A repetição até ao vómito de anúncios do que vai acontecer daqui a 10 minutos, pastilhas desinformativas, lixo, barulho.
Estamos presos em malhas terríveis. A liberdade que a net prometia torna-se cada vez mais numa prisão. O ruído é enorme.Imenso. As pessoas viajam no metro ou no comboio de auscultadores nos ouvidos e telemóveis na mão. Com notícias...? Com música...??? Ruído.Toda uma panóplia assustadora que nos liga a tudo e nos deixa na mais dramática solidão, que nos afasta da real realidade ou/e da palavra que nos pode transportar para uma dimensão diferente dessa mesma realidade e da verdade de cada um de nós próprios.
Que saudades do tempo em que os jornalistas falavam. E informavam. E faziam entrevistas que apetecia ler (Grande abraço ao BB, quem se lembra das entrevistas dele? E já agora um grande abraço ao Carlos Vaz Marques e à Anabela Mota Ribeiro e alguns poucos mais herdeiros excelentes dessa velha tradição, ou ainda à Alexandra Lucas Coelho pelas suas excelentes crónicas.) Mas queixo-me mais das notícias. Que saudades do tempo em que havia notícias verdadeiras e em que os opinistas só davam opiniões em casa deles.
Em Portugal faltam elites, sobretudo gente que não tenha andado nas diversas jotas a fazer carreira desde os 15 anos ou menos ainda. Gente que queira entender o mundo. E servir os outros. Gente que leia. Que queira ser grande.
Quem nos governa, quem dirige as empresas, quem manda na televisão e muita imprensa, além de não fazer muitas outras coisas, não lê. E se lê, não pensa. E é para isso que serve ler. Para voar. Para nos ligar à terra (no sentido estrito da palavra), ao riso das aves, ao canto dos peixes, à palavra dos filósofos gregos,à música dos poetas.
Por isso eu acho que ler é também resistir a este macmundo premastigado e dirigido por um grupo significativo de ignorantes enfatuados e globalmente analfabetos.
Muito bem, José Fanha.
ResponderEliminarCompletamente de acordo!
Trau!!! :-)
ResponderEliminarVerdade, verdadinha, Zé!
ResponderEliminarNão é só em Portugal, mas por essa Europa fora ... É um verdadeiro desconsolo! É por isso que estamos fartos, enjoados de tanta mediocridade, os jotas procuram o "tacho" do amanhã. Apenas se preocupam com o bem-estar material!Ideias vazias, ocas que não servem para voar ...
Muito bem dito!
ResponderEliminarHá por aí um certo poder que se gaba de não ler...nada!É tudo intuitivo, «ou se nasce ou não se nasce para a coisa».
Sempre a seguir este blogue,
EAlmeida
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarGente horrível esta que tenta enegrecer-nos os dias. Analfabetos e presunçosos. Vamos ler, sim, Fanha. Por nós, contra eles.
ResponderEliminarBeijinho.
Apesar de estar a opinar numa casa que não é a minha. Não resisti!
ResponderEliminarPeço desculpa mas aqui está mais uma” opinante”, (como se diz aqui no Porto).
Gostei do que li no que escreveu.
E da última imagem do post. Sugere vastas leituras!
Certamente que aqueles de que fala nunca se fixariam nela!
Ah! Tenho de confessar, que sou dessas que anda no metro e no comboio de auscultadores!
Gosto de escolher a minha música e preservo-me das conversas insipientes, das gargalhadas estridentes, do ruído…
É que nem sempre tenho paciência para ouvir falar da crise, da falta de chuva…
Beijinhos!
Cada vez mais há interesse em derrubar quem lê, quem pensa, quem questiona... quem tem uma opinião diferente!
ResponderEliminarBjs
Vamos lê, para tornar nosso mundo, com mais educação...
ResponderEliminarVamos lê, para tornar nosso mundo, com mais educação...
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