sexta-feira, 19 de abril de 2013

LER TEATRO




Quando herdei o quarto do meu irmão mais velho que se foi para Moçambique, herdei também alguns dos seus livros que por lá ficaram.

Era menino de 7 anos ou por aí. Um pouco mais tarde pus-me a escafandrar nessa herança de papel e a ler aqueles livros que por lá ficaram. E entre eles havia muitas peças de teatro. Recordo Jean Anouilh, Ionesco, Pirandello, Brecht e outros. Lia-se teatro nesse tempo. Penso que a censura proibia a representação de muitos textos mas não a sua edição em livro. Fiquei com esse hábito: ler teatro. Imaginar teatro a partir do texto.

E depois, passei a ver teatro. E depois ainda a escrever teatro.

Li este texto delicioso do meu querido amigo António Torrado. Fala daquela velha suspeita de o enfezado filho de D. Henrique possa ter sido trocado por outro menino, forte e saudável que viria a ser o nosso D. Afonso Henriques.
Hoje não é hábito ler teatro. As editoras viraram-lhe as costas com a excepção da Cotovia que tem uma belíssima colecção de textos tetrais contemporâneos.

O meu amigo Adelino Cardoso da Lápis de Memórias que não anda atrás de best sellers mas de livros para ler e mastigar editou a peça do António Torrado. E ainda bem

O texto é uma delícia e a representação pelo grupo de teatro Jangada de Lousada, que também tive a possibilidade de ver, é outra delícia. E para todas as idades.

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