Entre os poetas surrealistas, às vezes tão mal conhecidos, podemos encontrar momentos verdadeiramente gloriosos em que a escrita pões a vida ao contrário, ou seja, como ela devia ser.
ANTÓNIO JOSÉ FORTE (1931-1988)
A PULGUINHA DANÇARINA
Uma menina tinha um cão que tinha
uma pulga no focinho.
O nome da menina era Gisela.
O cão chamava-se Piloto.
Só a pulguinha
não tinha
um nome
que fosse pequenino como ela.
Quando a menina cantava
e o cão Piloto ladrava
a pulguinha
que havia de fazer ela?
Como não cantava nem ladrava
a pulguinha
dava pulos e dançava
apesar de pequenina
lhe puseram
o nome de dançarina.
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