Natércia Freire é um casos Professora, colabora com a Emissora Nacional e dirige as Artes e Letras do Diário de Notícias até 74.
Amiga de poetas como Carlos Queiroz, David Mourão-Ferreira ou Egito Gonçalves, começou a publicar a sua poesia num tempo em que a mulher era aconselhada pelo Estado Novo a guardar as suas ambições de ser apenas dona de casa e mãe de família.
Diz-se que nos anos a seguir a 74 terá sido ostracizada, o que terá sido injusto pela qualidade da sua obra e pela dimensão humana que sempre revelou. No início do século foi publicada a sua obra que merec muito ser revisitada.
NATÉRCIA FREIRE (1920-2004)
ASSIM
Assim por muito mais e muito menos
Assim por heroísmo e cobardia.
Assim a tarde a noite no momento.
Assim pensar em mim quando vivias.
Assim os dedos longos nos cabelos
Dos mortos abraçados e cativos.
Assim esta miséria de estar viva
E não saber estar viva quando vivo.
Assim nas brancas árvores o tempo
Assim ter acabado o meu destino
E ler-me noutros versos, noutros nomes,
Assim desconhecer aonde habito.
Assim por muito mais e muito menos
Se acaba, em vida, a vida ao suicida.
Assim por ser a hora mais cinzenta,
O desamparo assim da minha vida.
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