segunda-feira, 22 de setembro de 2008

BALANÇO PROVISÓRIO

Estamos mais gordos mais magros
talvez mais denso
ou mais pesado o nosso olhar
temos pressa de ternura
angústias de vez em quando
e umas contas de telefone atrasadas
para pagar.

Temos falta de cabelo
três ou quatro cicatrizes
sofremos de inquietação.
Muitas vezes nos disseram
como é rápido o deslize
mesmo assim nunca deixámos
de dar corda ao coração.

Daqueles que já partiram
guardamos silêncio e nome
e uma improvável mistura
de amargura e rebeldia
nas palavras desordeiras
que dizem redizem cantam
relembrando dia a dia
como é feita de azinheiras
a capital da alegria.

Muitas ondas já morreram
outras tantas vão nascer
muitos rios já se cansaram de correr até á foz
águas claras que se foram
outras águas se turvaram
e agora restamos nós.

Somos muitos somos poucos
calmamente radicais
sabemos vozes antigas
trazemos a lua ao peito
amamos sempre demais.

Neste caminho tomado
fomos traídos trocados
vendidos ao deus dará.
Nem por isso desistimos
e assim nos vamos achando
perdidos de andar às voltas
nas voltas que a vida dá.

Somos uns bichos teimosos
peixes loucos aves rindo
plantas poetas palhaços
e portanto resumindo
somos mais do que nos querem
estamos vivos
somos lindos!


José Fanha

6 comentários:

  1. Permite-me sugerir aos teus visitantes que te (re)vejam em

    http://br.youtube.com/watch?v=ABVsuwViLgE

    É uma prendinha de anos :))

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  2. José Fanha,
    Adorei revê-lo a si e também este Poema, no link que a Licínia teve a gentileza de nos deixar. Lindo!..
    Obrigada a ambos.
    Bom início de semana.

    Beijo grande,

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  3. É um dos poemas que não me canso de ler...
    Obrigada!

    Beijos

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  4. belo poema, este e outros...
    quero também acreditar, que Somos lindos... sim.
    e, ainda assim, muitos rios não se cansam de correr até à foz!

    um sorriso :)

    mariam

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  5. Que saudades,Amigo,da tua Poesia!Da tua "maneira" de dizer!Dos cambiantes(chamar assim ñ faz mal!)
    da tua voz.
    Beijo grande.
    Isabel C. ( da Esc.de Loures)

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  6. Obrigada por traduzir tão bem os "balanços" de alma que todos fazemos depois de uma fracção de caminho percorrido.
    É sempre um prazer ler os seus poemas...

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