segunda-feira, 28 de março de 2011
POEMAS DO TEMPO BREVE
A minha amiga Licínia Quitério encontrou-se com a poesia na curva da idade madura. A poesia escrita e a poesia dita, e que bem ela diz poesia. E leva esse prazer e partilha-o com os alunos da Universidade Sénior de Mafra. É muito doce o seu trabalho.
Publicou 3 livros. Este é o último. Estive na sua apresentação em Mafra, mais o Joaquim Pessoa e a Cristina Carvalho. E todos nós estávamos encantados porque a Licínia, que não anda nas bocas do mundo, atingiu discretamente uma contenção e uma consistência invulgares no seu labor poético.
Garanto-vos que vale a pena ler e reler. A edição é de autor. Pode ser obtido através do seu mail ou do seu blogue: http://sitiopoema.blogspot.com/
Não hesitem. Passem por lá. Vejam só este poema por ela publicado ontem
Com tuas mãos falantes é que me anunciavas
a fala das andorinhas e dizias o desenho
do relógio de sol. Como se eu entendesse
as tuas viagens nos passos em redor da sala.
Foi preciso ver as asas saindo dos teus dedos
e a sombra da haste no declínio do dia.
Nessa hora os teus passos fecharam a viagem.
As tuas mãos perfeitas se fizeram arco
e eu pude divisar a rua que viveste
com cuidados maternos a afagar as ervas.
Para lá do arco, disseram os teus olhos,
eu havia de ter a minha luz e as pedras
brilhariam a iluminar esquinas e veredas
e a amplidão dos mares e a solidão dos versos
e sempre e sempre as andorinhas haviam de voltar
porque é nas tuas mãos que começam as aves.
É, de facto, um livro muito bonito.
ResponderEliminarBeijo.