segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

PALAVRAS DE NATAL

Escrever é uma festa, uma aventura, um mergulho, uma viagem.

Escrever é uma cana de pesca que lançamos para dentro e para fora de nós. O anzol vai por ali abaixo e na volta vêm emoções, afectos, dores, sonhos, ilusões, utopias.

Quando escrevemos, estamos a abrir novos espaços, galáxias, continentes, oceanos fantásticos que só existem através das palavras.

Quando escrevemos tudo é possível. Podemos inventar o mundo e inventarmo-nos a nós próprios. Podemos chamar alguém que está longe ou já partiu para regressar ao nosso convívio no canto da saudade e da memória.

Por tudo isto, em certas épocas, desatamos a escrever a quem amamos. Às vezes nem temos tempo para parar um pouco a dar espessura e verdade às palavras que enviamos. Ou falha-nos a imaginação no meio da lufa-lufa da vida. Ou tornamo-nos presas do mecanismo mais ou menos perverso que envolve o mecanismo das comemorações. Socorremo-nos então de frases feitas, cartões, e-mais enviados e reenviados.

O Natal é assim. Tornou-se assim? Ou foi sempre assim? Não sei.

Sei que para mim, repito, escrever é uma festa. E com esta festa comemoro a outra, a do Natal. Nascem palavras. Nascem ideias. Nasce e renasce a vida. Uma festa para viver por dentro do coração.

E nesta festa, em volta das palavras, relembro-vos a todos, amigas e amigos queridos, mais antigos ou mais recentes, gente com quem marchei braço a braço para conquistar a liberdade, para sonhar, para partilhar o novelo dos afectos e o fogo das paixões, amigos ao lado de quem mergulho nos mistérios da vida, com quem partilho o deslumbre, a inquietação ou a desobediência.

A todos gostava de juntar num grande abraço e lembrar um poema do David Mourão-Ferreira, dos mais singelos que conheço.

4 comentários:

A Menina da Lua disse...

Gostei muito destas suas "palavrinhas" :)

Um doce Natal para si!
Um abraço da

Filomena

Artur Coelho disse...

Um abraço!

artur

Alexandra Sousa disse...

A forma como escrevemos, revela sempre a nossa alma... e a tua é transparente!!

Beijocas

Cá te esperamos no Carnaval!

EQBE disse...

Ao ler o seu texto lembrei-me de palavras que retiro do Segredo da Terra do Manuel Rivas:
"As palavras têm cor e sabor. Cheiram.
E, como é evidente, ressoam".
Fico com as vibrações das suas.
Parabéns pela ideia do blogue e pela sua actividade cívica e literária que aprecio.