quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
PARA SABER COMO É QUE ACABA A HISTÓRIA
Acabo de ler “O ANJO LITERÁRIO” do guatemalteco Eduardo Halfon, ed. Cavalo de Ferro.
É um livro muito divertido, um acumulado de pequenas histórias, contos, reflexões, entrevistas a escritores, um caos que nos agarra e através do qual o autor procura descobrir o que é que lna vida de um homem ou de yuma mulher o leva alguém à criação literária, onde é que está o clique? Em que idade acontece? Em circunstâncias.
Eduardo Halfon não consegue dar resposta a essa pergunta inicial e o leitor diverte-se mas também fica sem saber o que é que nos leva a começaer a escrever?
A propósito, lembro-me de uma frase de um dos escritores cujos livros visito com frequência: António Muñoz Molina. Numa entrevista a um jornal português há uns anos atrás, à pergunta tonta e ronceira “Escreve para quê?”, Muñoz Molina responde:
“ESCREVO PARA SABER COMO É QUE ACABA A HISTÓRIA”
É um livro muito divertido, um acumulado de pequenas histórias, contos, reflexões, entrevistas a escritores, um caos que nos agarra e através do qual o autor procura descobrir o que é que lna vida de um homem ou de yuma mulher o leva alguém à criação literária, onde é que está o clique? Em que idade acontece? Em circunstâncias.
Eduardo Halfon não consegue dar resposta a essa pergunta inicial e o leitor diverte-se mas também fica sem saber o que é que nos leva a começaer a escrever?
A propósito, lembro-me de uma frase de um dos escritores cujos livros visito com frequência: António Muñoz Molina. Numa entrevista a um jornal português há uns anos atrás, à pergunta tonta e ronceira “Escreve para quê?”, Muñoz Molina responde:
“ESCREVO PARA SABER COMO É QUE ACABA A HISTÓRIA”
sábado, 23 de fevereiro de 2008
À BEIRA DO MAR DE ESPINHO
À BEIRA DO MAR DE ESPINHO
(Com especial ternura para a Isabel e a Alexandra da Biblioteca Municipal de Espinho e para os alunos da Univérsidade Senior de Espinho)
São verdes azuis e cinzentas as palavras
que este mar me atira.
Dizem-me uma e outra e outra vez:
eu sou o mar
o teu profundo pai
e não te podes libertar da minha onda.
Estarei sempre
repetidamente
ao pé de ti
à frente atrás
ao lado
e mais além
por dentro do teu sangue.
Eu sou a fronteira que leva
mais longe o teu destino.
(Com especial ternura para a Isabel e a Alexandra da Biblioteca Municipal de Espinho e para os alunos da Univérsidade Senior de Espinho)
São verdes azuis e cinzentas as palavras
que este mar me atira.
Dizem-me uma e outra e outra vez:
eu sou o mar
o teu profundo pai
e não te podes libertar da minha onda.
Estarei sempre
repetidamente
ao pé de ti
à frente atrás
ao lado
e mais além
por dentro do teu sangue.
Eu sou a fronteira que leva
mais longe o teu destino.
O ESPELHO DA ALMA
O ESPELHO DA ALMA
(Pequenas deambulações)
---
Aos sábados, a "Babelia", magnífico suplemento cultural do jornal "El País", publica "Ida y vuelta" uma crónica do escritor António Munñoz Molina.
A de dia 16 intitulava-se "Novela de una cara" e tecia interessantes considerações sobre um retrato e sobre o misterioso romance que se lhe pode adivinhar por trás.
Reproduzia um quadro de Romaine Brooks. Falava, de seguida, sobre o mistério que podemos adivinhar por trás de um retrato, "... a promessa de uma história que estamos impacientes por saber."
Uma frase de Muñoz Molina ficou-me:
"A CARA É UM ESPELHO DA ALMA, MAS DA ALMA DE QUEM O ESTÁ A VER."
Molina cita a seguir Oscar Wilde que afirmava haver quem tire o rosto para mostrar a máscara que esconde por baixo.
Lembrei-me de uma outra afirmação de Ocar Wilde:
"QUALQUER RETRATO PINTADO COM SENTIMENTO É UM RETRATO DO ARTISTA, NÃO DO MODELO."
(Pequenas deambulações)
---
Aos sábados, a "Babelia", magnífico suplemento cultural do jornal "El País", publica "Ida y vuelta" uma crónica do escritor António Munñoz Molina.
A de dia 16 intitulava-se "Novela de una cara" e tecia interessantes considerações sobre um retrato e sobre o misterioso romance que se lhe pode adivinhar por trás.
Reproduzia um quadro de Romaine Brooks. Falava, de seguida, sobre o mistério que podemos adivinhar por trás de um retrato, "... a promessa de uma história que estamos impacientes por saber."
Uma frase de Muñoz Molina ficou-me:
"A CARA É UM ESPELHO DA ALMA, MAS DA ALMA DE QUEM O ESTÁ A VER."
Molina cita a seguir Oscar Wilde que afirmava haver quem tire o rosto para mostrar a máscara que esconde por baixo.
Lembrei-me de uma outra afirmação de Ocar Wilde:
"QUALQUER RETRATO PINTADO COM SENTIMENTO É UM RETRATO DO ARTISTA, NÃO DO MODELO."
"Á BEIRA DO MAR"
domingo, 17 de fevereiro de 2008
sábado, 16 de fevereiro de 2008
LEGENDAS
Ensinar a ver cinema pode ser uma actividade importante no sentido de promover formas de consumo cultural que fujam ao pronto a mastigar e deitar fora.
Ganhar o gosto pela leitura completa-se e existe num conjunto de prátcas de leitura que incluem ver cinema, ouvir música, visitar arquitecturas, apreciar obras de artes plásticas, confrontar-se com o teatro, voar na dança, etc, etc.
Cinema, proponho-o aos meus alunos sempre que posso.
Esta aconteceu comigo.
Um aluno do 8º ano a ver a comédia "Vigaristas de Bairro" de Woody Allen:
“Ó setôr… O que é que ele vai a fazer agora?”
“Não estás a ler as legendas?”
“Não tenho paciência!”
Fiquei na dúvida... Será que o aluno não tinha paciência ou não tinha competência para ler rapidamente as legendas? Ou uma das coisas era resultado da outra?
Parece-me que também por aqui anda a iliteracia escondida com rabo de fora.
Ganhar o gosto pela leitura completa-se e existe num conjunto de prátcas de leitura que incluem ver cinema, ouvir música, visitar arquitecturas, apreciar obras de artes plásticas, confrontar-se com o teatro, voar na dança, etc, etc.
Cinema, proponho-o aos meus alunos sempre que posso.
Esta aconteceu comigo.
Um aluno do 8º ano a ver a comédia "Vigaristas de Bairro" de Woody Allen:
“Ó setôr… O que é que ele vai a fazer agora?”
“Não estás a ler as legendas?”
“Não tenho paciência!”
Fiquei na dúvida... Será que o aluno não tinha paciência ou não tinha competência para ler rapidamente as legendas? Ou uma das coisas era resultado da outra?
Parece-me que também por aqui anda a iliteracia escondida com rabo de fora.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
OS RESUMOS DA LITERATURA
Cada vez mais a literatura é reduzida a resumos.
Chega-se ao fim do 12º ano, por vezes, sem ter lido um livro inteiro. Apenas resumos.
Pergunto-me se alguns professores terão lido mais que resumos das obras que trabalham com os seus alunos.
No último número do “Magazine Littéraire”, num artigo intitulado “Como ensinar a literatura”, afirma o seu autor que o ensino de literatura no liceu, cada vez mais técnico, está a negligenciar a especificidade e a beleza das obras. Eu diria que ngligencia o cheiro, o tacto, o som, a alma das obras
O jornal “O Sol” e o jornal “El País” estão publicar resumos de grandes obras da literatura com o desejo (por certo louvável da parte de alguns dos envolvidos) de que as crianças se familiarizem com os Grandes Romances da Literatura.
Mas tenho dúvidas. Muitas dúvidas. Pergunto-me se, em nome da vulgarização de certos livros, não se estará a afastar o futuro leitor do prazer maior, sumptuoso, fantástico da sua leitura.
E pergunto-me ainda se todos falamos da mesma coisa quando estamos a falar de “LER”. Que tipo de leitura pretendemos que os nossos jovens conquistem?
Disse-me um amigo que via as pessoas a ler mais nos transportes públicos. Lêem o “Destak”, o “Metro”… Será que isso significa ler mais em geral ou apenas ler mais esse tipo de leitura?
Perguntei-me o que fazemos quando nos dedicamos à leitura e fiz uma lista de respostas que poderia continuar muito para além deste espaço.
Lemos por entretenimento. Lemos á superfície. Lemos no fundo. Lemos de lado. Lemos de frente.
Lemos à procura de emoções. Lemos para aprender, para viajar, para ser, para sobreviver, para, para rir, para chorar.
Lemos para nos conhecermos a nós próprios, para nos ficcionarmos, para nos descobrirmos.
Lemos para nos descentrarmos. Lemos para nos entendermos com o outro, com o diferente. e para descobrirmos que fazemos parte de um mundo muito mais vasto do que a nossa rua.
Será que tudo isto, ou mesmo parte, uma pequena parte de tudo isto, cabe num resumo?
Chega-se ao fim do 12º ano, por vezes, sem ter lido um livro inteiro. Apenas resumos.
Pergunto-me se alguns professores terão lido mais que resumos das obras que trabalham com os seus alunos.
No último número do “Magazine Littéraire”, num artigo intitulado “Como ensinar a literatura”, afirma o seu autor que o ensino de literatura no liceu, cada vez mais técnico, está a negligenciar a especificidade e a beleza das obras. Eu diria que ngligencia o cheiro, o tacto, o som, a alma das obras
O jornal “O Sol” e o jornal “El País” estão publicar resumos de grandes obras da literatura com o desejo (por certo louvável da parte de alguns dos envolvidos) de que as crianças se familiarizem com os Grandes Romances da Literatura.
Mas tenho dúvidas. Muitas dúvidas. Pergunto-me se, em nome da vulgarização de certos livros, não se estará a afastar o futuro leitor do prazer maior, sumptuoso, fantástico da sua leitura.
E pergunto-me ainda se todos falamos da mesma coisa quando estamos a falar de “LER”. Que tipo de leitura pretendemos que os nossos jovens conquistem?
Disse-me um amigo que via as pessoas a ler mais nos transportes públicos. Lêem o “Destak”, o “Metro”… Será que isso significa ler mais em geral ou apenas ler mais esse tipo de leitura?
Perguntei-me o que fazemos quando nos dedicamos à leitura e fiz uma lista de respostas que poderia continuar muito para além deste espaço.
Lemos por entretenimento. Lemos á superfície. Lemos no fundo. Lemos de lado. Lemos de frente.
Lemos à procura de emoções. Lemos para aprender, para viajar, para ser, para sobreviver, para, para rir, para chorar.
Lemos para nos conhecermos a nós próprios, para nos ficcionarmos, para nos descobrirmos.
Lemos para nos descentrarmos. Lemos para nos entendermos com o outro, com o diferente. e para descobrirmos que fazemos parte de um mundo muito mais vasto do que a nossa rua.
Será que tudo isto, ou mesmo parte, uma pequena parte de tudo isto, cabe num resumo?
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
GLOBALIZAÇÃO E ESPERANÇA
Um artigo assinado por Luís Francisco no jornal “Sexta” de hoje afirma que das quase sete mil línguas vivas no planeta muitas desaparecerão até ao fim do século.
Este é o anúncio de uma terível catástrofe ecológica e cultural.
Cada língua relaciona-se com o mundo dos objectos, das imagens e dos sentimentos de uma forma absolutamente única.
O género humano constitui-se biologicamente uno e culturalmente, linguísticamente, diverso. E essa diferença sempre constituiu um factor de enriquecimento.
“Com a desaparição de uma língua nós perdemos para sempre certas negociações com a esperança.”
GEORGES STEINER
(Magazine Littéraire, Junho 2006-08-10, entrevista conduzida por François L’yvonnet)
Este é o anúncio de uma terível catástrofe ecológica e cultural.
Cada língua relaciona-se com o mundo dos objectos, das imagens e dos sentimentos de uma forma absolutamente única.
O género humano constitui-se biologicamente uno e culturalmente, linguísticamente, diverso. E essa diferença sempre constituiu um factor de enriquecimento.
“Com a desaparição de uma língua nós perdemos para sempre certas negociações com a esperança.”
GEORGES STEINER
(Magazine Littéraire, Junho 2006-08-10, entrevista conduzida por François L’yvonnet)
domingo, 3 de fevereiro de 2008
TEATRO COM URGÊNCIA
1969 - Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico
(Creio que era presidente da Associação o Zé Mariano Gago)
O A.P. Braga queria revitalizar o Grupo de Teatro da Associação. Pensou fazer um espectáculo de poesia sobre o racismo, tema quente que na altura puxava pela Guerra Colonial e pela guerra do Vietname à cabeça. E por muitas outras coisas. A luta pelos direitos cívicos nos EUA, a memória ainda muito viva memória da guerra da Argélia, os emigrantes portugueses em França, etc, etc.
Éramos 5 ou 6 no início. As coisas cresceram inesperadamente. No final éramos trinta e tal. Tínhamos escrito e encenado em conjunto um espectáculo teatral muito incisivo e moderno onde valiam todas as técnicas inclusivamente algumas que fomos buscar a grupos que estavam na berra como o Living Theatre.
O "Racismo" era feito com urgência, com raiva, com tripas, com amor, também com medo , mas com uma alegria difícil de repetir.
Tornou-se num êxito representado durante meses e foi possível porque à data ainda prevalecia a prática implícita da autonomia da Universidade que impedia teoricamente a PIDE e a Censura de intervirem dentro das Associações de Estudantes.
Não podíamos levar o espectáculo para fora da Associação, mas chegou a haver camionetas alugadas a trazer gente de fora de Lisboa para assistir ali.
É claro que tínhamos a PIDE à porta e que provocações houve mais que muitas. E quando um ano depois se quis estrear, o segundo espectáculo já foi mesmo proibido.
Alguns nomes dos envolvidos: Amadeu, António Mil-Homens, A P. Braga, Carlos Braga (Braguinha), Carlos Lopes, Joaquim Gil Nave, Joaquim Vieira, este que se assina José Fanha... E outros a quem peço desculpa pela falta de memória.
(Creio que era presidente da Associação o Zé Mariano Gago)
O A.P. Braga queria revitalizar o Grupo de Teatro da Associação. Pensou fazer um espectáculo de poesia sobre o racismo, tema quente que na altura puxava pela Guerra Colonial e pela guerra do Vietname à cabeça. E por muitas outras coisas. A luta pelos direitos cívicos nos EUA, a memória ainda muito viva memória da guerra da Argélia, os emigrantes portugueses em França, etc, etc.
Éramos 5 ou 6 no início. As coisas cresceram inesperadamente. No final éramos trinta e tal. Tínhamos escrito e encenado em conjunto um espectáculo teatral muito incisivo e moderno onde valiam todas as técnicas inclusivamente algumas que fomos buscar a grupos que estavam na berra como o Living Theatre.
O "Racismo" era feito com urgência, com raiva, com tripas, com amor, também com medo , mas com uma alegria difícil de repetir.
Tornou-se num êxito representado durante meses e foi possível porque à data ainda prevalecia a prática implícita da autonomia da Universidade que impedia teoricamente a PIDE e a Censura de intervirem dentro das Associações de Estudantes.
Não podíamos levar o espectáculo para fora da Associação, mas chegou a haver camionetas alugadas a trazer gente de fora de Lisboa para assistir ali.
É claro que tínhamos a PIDE à porta e que provocações houve mais que muitas. E quando um ano depois se quis estrear, o segundo espectáculo já foi mesmo proibido.
Alguns nomes dos envolvidos: Amadeu, António Mil-Homens, A P. Braga, Carlos Braga (Braguinha), Carlos Lopes, Joaquim Gil Nave, Joaquim Vieira, este que se assina José Fanha... E outros a quem peço desculpa pela falta de memória.
sábado, 2 de fevereiro de 2008
PREVISÕES DE UMA VIDENTE EM 1992
"GIRAS E PIROSAS"
Foi o único trabalho que fiz para a SIC. Era uma sitcom passada num cabeleireiro. Tinha começado coxo pela pena de um homem que percebia mal o humor protuguês e fez uma coisa um tanto à deriva.
Calhou-me escrever a partir do 4º episódio e tentar pôr o barco a navegar. Dei muita força á personagem de uma vidente que fazia grandes previsões políticas para o futuro.
Esta de que se fala aqui em baixo, da privatização do governo, era na época um delírio. Mas hoje... Quem se admiraria de ver o Ministério da Agricultura vendido a uma empresa de pesticidas ou o Ministério da Saúde entregue a uma empresa de salsichas, apenas com o intuito de os tornar saudavelmente rentáveis?
Foi o único trabalho que fiz para a SIC. Era uma sitcom passada num cabeleireiro. Tinha começado coxo pela pena de um homem que percebia mal o humor protuguês e fez uma coisa um tanto à deriva.
Calhou-me escrever a partir do 4º episódio e tentar pôr o barco a navegar. Dei muita força á personagem de uma vidente que fazia grandes previsões políticas para o futuro.
Esta de que se fala aqui em baixo, da privatização do governo, era na época um delírio. Mas hoje... Quem se admiraria de ver o Ministério da Agricultura vendido a uma empresa de pesticidas ou o Ministério da Saúde entregue a uma empresa de salsichas, apenas com o intuito de os tornar saudavelmente rentáveis?
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
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