- Quando aqui estou, estou no Céu!
Ela dizia.
E eu ficava melancólico a pensar
como seria
aquele céu, tão simples,
aonde não chegava
o meu sonho mais alto de alegria!
Como seria?
Nesse tempo de tão calmo
sem um começo nem um fim,
seus belos olhos tristes,
quando olhavam para mim
fugiam logo.
Que envergonhados e descidos,
eram bem um adeus
lá do remoto paraíso
cuja plena felicidade
miravam, adormecidos...
Como eu seguia ausente
e cada vez mais distante
da vida,
até chegar subtilmente
ao instante
em que já era um véu de morte
a presença daquela despedida!
O ar então,
pelo terraço,
fechava-se doirado, como num salão,
e ela adormecia...
Dum recanto do Azul
um raio de luz descia
até à luz do seu sorriso
ainda de donzela.
Atraídas,
chegavam borboletas,
coloridas,
que tombavam tontas e inocentes
por sobre ela.
E numa janela
que ali se desenhava,
que breve se fechava
sem rumor,
vinha por fim roçar a asa
um corvo branco anunciador!
Ela dormia a sono solto,
sob a minha vigília,
que para Ela, a enamorada,
seria
a vigília temerosa do seu Deus.
Dormia,
os olhos bem cerrados
no mais cerrado adeus.
E a sua boca de morta-viva,
saudosa das palavras sonhadoras,
sorria sempre, sorria.
- Quando aqui estou, estou no Céu!
Era agora o sorriso que dizia...
Edmundo Bettencourt
domingo, 27 de julho de 2008
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1 comentário:
Belíssimas palavras.
Obrigada, mais uma vez.
Um beijo
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