quinta-feira, 21 de abril de 2016

POETAS DE ABRIL EM ABBRIL: DE NOVO MANUEL ALEGRE


Um belíssimo sonetoque juntam a guerra, o trabalho e a luta pela liberdade


AS MÃOS

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

2 comentários:

Júlio Pêgo disse...

Excelente soneto onde a mão está representada no cérebro num diálogo profícuo e intenso, laboratório de descoberta e caminho.

Majo disse...

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B E L Í S S I M O !
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