16 DE MARÇO 1967.
NA UNIVERSIDADE DE NANTERRE OS ESTUDANTES RESIDENTES ACABAM COM A PROIBIÇÃO DE LIVRE CIRCULAÇÃO PELOS QUARTOS DAS RAPARIGAS.
ALGUNS MESES MAIS TARDE A PÍLULA É AUTORISADA LEGALMENTE.
A REvOLUÇÃO SEXUAL ESTÁ EM MARCHA.
AS MULHERES PARTEM À DESCOBERTA DO SEU CORPO E DOS SEUS DIREITOS.
JUNHO de 1967
SAI O ÁLBUM DOS BEATLES SGT. PEPPER'S LONELY HEARTS CLUB BAND
OUTUBRO DE 1967
CHE GUEVARA É ASSASSINADO NA BOLÍVIA
OUTUBRO DE 1967
O ESCRITOR GUATEMALTECO MIGUEL ANGEL ASTURIAS GANHA O PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA
1967
HERBERT MARCUSE PUBLICA "O FIM DA UTOPIA"
1968
A GUERRA DO VIETNAME INTENSIFICA-SE
4 DE ABRIL DE 1968
É ASSASSINADO MARTIN LTHER KING EM MEMPHIS
30 DE ABRIL DE 1968
OS ESTUDANTES AMERICANOS OCUPAM A UNIVERSIDADE COLUMBIA DE NOVA YORK PARA PROTESTAR CONTRA A SEGREGAÇÃO RACIAL.
SALAZAR ESTÁ QUASE A CAIR DE UMA CADEIRA ABAIXO
quarta-feira, 30 de abril de 2008
terça-feira, 29 de abril de 2008
LITTLE BOXES
Pete Seeger parece ter feito com as suas LITTLE BOXES uma espécie de hino irónico aos nossos queridos gestores. Será assim que vamos todos acabar?
MAIO - SEJAMOS REALISTAS EXIJAMOS O IMPOSSÍVEL - 68
Não se teve impunemente 17 anos em Maio de 1968. Eu e muitas companheiras e companheiros tínhamos a cabeça a ferver e o coração a rebentar. E o Maio de 68 foi um espanto.
Faz 40 anos agora. E ainda não consigo arrumar-me. Acordo inquieto. Não consigo deixar de ser igual aos que precisam da minha igualdade.
Fiz da poesia a minha forma de ser rebelde.
Continuo a creditar que É PRECISO SER REALISTA E EXIGIR O IMPOSSÍVEL.
Os que se lembram desse tempo sabem como no nosso peito se misturavam uma imenso desejo de partilha e solidariedade e ainda muitas canções, imagens e poemas. Vinham de França, de Inglaterra, da América, de Cuba, da Bolívia, de todo o mundo onde houvesse alguém a sofrer ou a sonhar.
Portugal era cinzento, ,militaresco, triste, medíocre, repressivo, pequenino, miserável.
Por dentro de nós, no entanto, os corpos explodiam de ansiedade e tudo era possível.
Lá longe, muito para lá de Vilar Formoso, havia o Vietname, o Che Guevara, o Make Love not War, o Brassens, o Ferré, o Brel, a Colette Magny, os Beatles e os Stones, o Living Theatre, o Paco Ibañez, o Patxi Andion, o Pi de la Serra,o Vítor Jara,o Chico Buarque, Alan Guinsberg, o Bob Dylan, o Pete Seeger, o desejo de saber mais e mais, a inquietude a rebentar por todos os cantos, a desobediência, a certeza de que as ditaduras iriam cair e que a felicidade estava ali quase á mão de semear.
Não sei se sabia então aonde queria chegar. Sei que não era a este mundo ultra-liberal corrupto e descartável que cheguei, que chegámos.
Comemorar estes 40 anos é também reavivar a sede, a inquietação, a rebeldia, com a forma que elas possam ter nos dias que correm.
Vou trazer para aqui as minhas memórias desses meus 17 anos no nosso mês de Maio de 68.
Faz 40 anos agora. E ainda não consigo arrumar-me. Acordo inquieto. Não consigo deixar de ser igual aos que precisam da minha igualdade.
Fiz da poesia a minha forma de ser rebelde.
Continuo a creditar que É PRECISO SER REALISTA E EXIGIR O IMPOSSÍVEL.
Os que se lembram desse tempo sabem como no nosso peito se misturavam uma imenso desejo de partilha e solidariedade e ainda muitas canções, imagens e poemas. Vinham de França, de Inglaterra, da América, de Cuba, da Bolívia, de todo o mundo onde houvesse alguém a sofrer ou a sonhar.
Portugal era cinzento, ,militaresco, triste, medíocre, repressivo, pequenino, miserável.
Por dentro de nós, no entanto, os corpos explodiam de ansiedade e tudo era possível.
Lá longe, muito para lá de Vilar Formoso, havia o Vietname, o Che Guevara, o Make Love not War, o Brassens, o Ferré, o Brel, a Colette Magny, os Beatles e os Stones, o Living Theatre, o Paco Ibañez, o Patxi Andion, o Pi de la Serra,o Vítor Jara,o Chico Buarque, Alan Guinsberg, o Bob Dylan, o Pete Seeger, o desejo de saber mais e mais, a inquietude a rebentar por todos os cantos, a desobediência, a certeza de que as ditaduras iriam cair e que a felicidade estava ali quase á mão de semear.
Não sei se sabia então aonde queria chegar. Sei que não era a este mundo ultra-liberal corrupto e descartável que cheguei, que chegámos.
Comemorar estes 40 anos é também reavivar a sede, a inquietação, a rebeldia, com a forma que elas possam ter nos dias que correm.
Vou trazer para aqui as minhas memórias desses meus 17 anos no nosso mês de Maio de 68.
domingo, 27 de abril de 2008
PALABRAS PARA JULIA
Tú no puedes volver atrás
porque la vida ya te empuja
como un aullido interminable
interminable.
Te sentirás acorralada
te sentirás perdida o sola
tal vez querrás no haber nacido
no haber nacido.
Pero tú siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti pensando en ti
como ahora pienso.
La vida es bella, ya verás
como a pesar de los pesares
tendrás amigos, tendrás amor
tendrás amigos.
Un hombre solo, una mujer
así tomados, de uno en uno
son como polvo, no son nada
no son nada.
Entonces siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti pensando en ti
como ahora pienso.
Nunca te entregues ni te apartes
junto al camino, nunca digas
y aqui me quedo no puedo más
y aquí me quedo.
La vida es bella, ya verás
como a pesar de los pesares
tendrás amigos, tendrás amor
tendrás amigos.
Y siempre siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti como ahora pienso
como ahora pienso.
De José Agustín Goytisolo com arranjo de Paco Ibañez
porque la vida ya te empuja
como un aullido interminable
interminable.
Te sentirás acorralada
te sentirás perdida o sola
tal vez querrás no haber nacido
no haber nacido.
Pero tú siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti pensando en ti
como ahora pienso.
La vida es bella, ya verás
como a pesar de los pesares
tendrás amigos, tendrás amor
tendrás amigos.
Un hombre solo, una mujer
así tomados, de uno en uno
son como polvo, no son nada
no son nada.
Entonces siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti pensando en ti
como ahora pienso.
Nunca te entregues ni te apartes
junto al camino, nunca digas
y aqui me quedo no puedo más
y aquí me quedo.
La vida es bella, ya verás
como a pesar de los pesares
tendrás amigos, tendrás amor
tendrás amigos.
Y siempre siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti como ahora pienso
como ahora pienso.
De José Agustín Goytisolo com arranjo de Paco Ibañez
sábado, 26 de abril de 2008
ROCHA VIEIRA
Vivemos tempos de crise. São tempos de máscaras e aparências, em que se esquece o valor do serviço e o respeito pela realidade. São tempos que ignoram o passado da independência e anunciam um futuro sem liberdade.
Rocha Vieira
O Público, 25 de Abril de 2008
Rocha Vieira
O Público, 25 de Abril de 2008
VASCO LOURENÇO
Acredito nos que defendem acima de tudo a liberdade e na sua capacidade para se baterem por ela. (...) [Mas] lembremo-nos de Brecht, não fiquemos alheios, até que, ao chegar a nossa vez, concluamos que já é tarde.
Vasco Lourenço
O Público, 25 de Abril de 2008
Vasco Lourenço
O Público, 25 de Abril de 2008
OS QUE PARTIRAM
Lembro alguns dos companheiros que partiram e que merecem ser lembrados em Abril.
ZECA, ADRIANO, PAREDES, ARY DOS SANTOS, MÁRIO VIEGAS, DENIS CINTRA, TÓ MACEDO, SERGINHO MESTRE, CARLOS GIL.
Para todos eles um cravo.
Para todos nós também!
ZECA, ADRIANO, PAREDES, ARY DOS SANTOS, MÁRIO VIEGAS, DENIS CINTRA, TÓ MACEDO, SERGINHO MESTRE, CARLOS GIL.
Para todos eles um cravo.
Para todos nós também!
CANTA CANTA AMIGO CANTA
(Quem se lembra desta canção do Tó Macedo que nos fazia cantar e parecia tornar-nos tão mais próximos uns dos outros?)
Canta canta amigo canta
vem cantar a nossa canção
tu sozinho não és nada
juntos temos o mundo na mão
Erguer a voz e cantar
é força de quem é novo
viver sempre a esperar
fraqueza de quem é povo
Viver em casa de tábuas
à espera dum novo dia
enquanto a terra engole
a tua antiga alegria
Canta canta amigo canta
vem cantar a nossa canção
tu sozinho não és nada
juntos temos o mundo na mão
O teu corpo é um barco
que não tem leme nem velas
a tua vida é uma casa
sem portas e sem janelas
Não vás ao sabor do vento
aprende a canção da esperança
vem semear tempestades
se queres colher a bonança
Canta canta amigo canta
vem cantar a nossa canção
tu sozinho não és nada
juntos temos o mundo na mão
Letra e música de TÓ MACEDO
Canta canta amigo canta
vem cantar a nossa canção
tu sozinho não és nada
juntos temos o mundo na mão
Erguer a voz e cantar
é força de quem é novo
viver sempre a esperar
fraqueza de quem é povo
Viver em casa de tábuas
à espera dum novo dia
enquanto a terra engole
a tua antiga alegria
Canta canta amigo canta
vem cantar a nossa canção
tu sozinho não és nada
juntos temos o mundo na mão
O teu corpo é um barco
que não tem leme nem velas
a tua vida é uma casa
sem portas e sem janelas
Não vás ao sabor do vento
aprende a canção da esperança
vem semear tempestades
se queres colher a bonança
Canta canta amigo canta
vem cantar a nossa canção
tu sozinho não és nada
juntos temos o mundo na mão
Letra e música de TÓ MACEDO
quinta-feira, 24 de abril de 2008
JOSÉ AFONSO
GRÂNDOLA, VILA MORENA
Grândola vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti ó cidade
Dentro de ti ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra de uma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra de uma azinheira
Que já não sabia a idade.
Grândola vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti ó cidade
Dentro de ti ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra de uma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra de uma azinheira
Que já não sabia a idade.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
JOSÉ GOMES FERREIRA
MAIO - ABRIL
XXXIII
(Vou terminar com o símbolo, já tão gasto, da criança: justamente aquele que joga o berlinde no canteiro diante da minha janela. Canta, canta, Poeta, a alegria falhada da tua Revolução verdadeira)
No recanto do jardim
neste dia nevoento forrado de olhos cegos,
o menino pôs-se a escavar a terra
e, de repente, parou ao sentir a mão a arder
com manchas de sol puro
enterrado pela morte dos deuses
que lá deixaram
a esperança doce
da pele dos dedos.
Ah!, deixa, deixa ardê-la bem,
a mão,
o pulso,
o braço
archote da Labareda Inocente
com que um dia criarás
um mundo diferente
com outro peso branco nas sombras, até dos assassinos.
Um mundo de fábricas de justiça delicadas
onde, em vez de folhas,
cresçam nas árvores
vento de cabelos femininos.
E em cada pedra, em cada fruto, em cada lago, em cada pétala,
em cada vulcão,
ouviremos todos bater
no centro do planeta
o teu coração com ritmo de pólen
- menino das mãos a arder.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
MANUEL ALEGRE
ABRIL DE SIM ABRIL DE NÃO
Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.
Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.
Vi o Abril que ganha Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.
Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.
Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.
Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.
Vi o Abril que ganha Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.
Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.
domingo, 20 de abril de 2008
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
REVOLUÇÃO
Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta
Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício
Como a voz do mar
Interior de um povo
Como página em branco
Onde o poema emerge
Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação
Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta
Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício
Como a voz do mar
Interior de um povo
Como página em branco
Onde o poema emerge
Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação
UM ABRIL EM ODEMIRA
BALANÇO PROVISÓRIO
Estamos mais gordos mais magros
talvez mais denso
ou mais pesado o nosso olhar
temos pressa de ternura
angústias de vez em quando
e umas contas de telefone atrasadas
para pagar.
Temos falta de cabelo
três ou quatro cicatrizes
sofremos de inquietação.
Muitas vezes nos disseram
como é rápido o deslize
mesmo assim nunca deixámos
de dar corda ao coração.
Daqueles que já partiram
guardamos silêncio e nome
e uma improvável mistura
de amargura e rebeldia
nas palavras desordeiras
que dizem redizem cantam
relembrando dia a dia
como é feita de azinheiras
a capital da alegria.
Muitas ondas já morreram
outras tantas vão nascer
muitos rios já se cansaram de correr até á foz
águas claras que se foram
outras águas se turvaram
e agora restamos nós.
Somos muitos somos poucos
calmamente radicais
sabemos vozes antigas
trazemos a lua ao peito
amamos sempre demais.
Neste caminho tomado
fomos traídos trocados
vendidos ao deus dará.
Nem por isso desistimos
e assim nos vamos achando
perdidos de andar às voltas
nas voltas que a vida dá.
Somos uns bichos teimosos
peixes loucos aves rindo
plantas poetas palhaços
e portanto resumindo
somos mais do que nos querem
estamos vivos
somos lindos.
José Fanha
talvez mais denso
ou mais pesado o nosso olhar
temos pressa de ternura
angústias de vez em quando
e umas contas de telefone atrasadas
para pagar.
Temos falta de cabelo
três ou quatro cicatrizes
sofremos de inquietação.
Muitas vezes nos disseram
como é rápido o deslize
mesmo assim nunca deixámos
de dar corda ao coração.
Daqueles que já partiram
guardamos silêncio e nome
e uma improvável mistura
de amargura e rebeldia
nas palavras desordeiras
que dizem redizem cantam
relembrando dia a dia
como é feita de azinheiras
a capital da alegria.
Muitas ondas já morreram
outras tantas vão nascer
muitos rios já se cansaram de correr até á foz
águas claras que se foram
outras águas se turvaram
e agora restamos nós.
Somos muitos somos poucos
calmamente radicais
sabemos vozes antigas
trazemos a lua ao peito
amamos sempre demais.
Neste caminho tomado
fomos traídos trocados
vendidos ao deus dará.
Nem por isso desistimos
e assim nos vamos achando
perdidos de andar às voltas
nas voltas que a vida dá.
Somos uns bichos teimosos
peixes loucos aves rindo
plantas poetas palhaços
e portanto resumindo
somos mais do que nos querem
estamos vivos
somos lindos.
José Fanha
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Subscrever:
Mensagens (Atom)