terça-feira, 29 de outubro de 2013
UM CONTO POR MÊS
A Luísa Ducla Soares começou a publicar um conto por mês no sítio da Oficina Canto das Cores. E quem o grava sou eu. O primeiro é "A BRUXA"
Se quiserem ver a gravação e ouvir o texto é aqui em baixo.
http://www.cantodascores.com/#!historia/c1enf
domingo, 27 de outubro de 2013
ASSIM NÃO
Poeta experimental, inquieto, interrogador de certezas, ligado ao desenvolvimento em Portugal da poesia visual.
E. M. DE MELO E CASTRO (1932)
AFIRMAÇÕES
ou sim / ou não
mas assim, não
nem sim / nem não
mas assim, não
pelo sim / pelo não
mas assim, não
do sim / ao não
mas assim, não
sim, sim / não, não
mas assim, não
se sim / se não
mas assim, não
não não / não não
mas assim, não.
E. M. DE MELO E CASTRO (1932)
AFIRMAÇÕES
ou sim / ou não
mas assim, não
nem sim / nem não
mas assim, não
pelo sim / pelo não
mas assim, não
do sim / ao não
mas assim, não
sim, sim / não, não
mas assim, não
se sim / se não
mas assim, não
não não / não não
mas assim, não.
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
DESCALÇA VAI PARA A FONTE
Poeta, ensaísta, daramaturgo, António Cabral desdobrou-se em vários géneros. Transmontano dos sete costados, foi fundador de várias revistas de carácter cultural e literário. Colaborou em inúmeros jornais nacionais e estrangeiros. Professor da Universidade de Trás-os-Montes.
Este poema ouvi-o pela primeira vez na voz do meu amigo Francisco Fanhais. E sempre que ele o canta, ouço-o comovido.
ANTÓNIO CABRAL (1931-2007)
DESCALÇA VAI PARA A FONTE
I
Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura:
vai formosa e não segura.
II
Se tivesse umas chinelas
iria melhor..., mas não:
c’o dinheiro das chinelas
compra um pouco mais de pão.
Virá o dia em que os pés
não sintam a terra dura?
Leonor sonha de mais:
vai formosa e não segura.
Formosa! Não vale a pena
ter nos olhos uma aurora
quando na vida – que vida! –
o sol já se foi embora.
Se os filhos se alimentassem
com a sua formosura...
Leonor pensa de mais:
vai formosa e não segura.
Há verdura pelos prados,
há verdura no caminho;
no olmo de ao pé da fonte
cantas, livre, um passarinho.
Mas ela não canta, não,
que a voz perdeu a doçura.
Leonor sofre de mais:
vai formosa e não segura.
Porque sofre? Nunca soube
nem saberá a razão.
Vai encher a talha de água,
só não enche o coração.
Virá um dia... virá...
Os olhos voam na altura.
Leonor não anda: sonha.
Vai formosa e não segura.
Este poema ouvi-o pela primeira vez na voz do meu amigo Francisco Fanhais. E sempre que ele o canta, ouço-o comovido.
ANTÓNIO CABRAL (1931-2007)
DESCALÇA VAI PARA A FONTE
I
Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura:
vai formosa e não segura.
II
Se tivesse umas chinelas
iria melhor..., mas não:
c’o dinheiro das chinelas
compra um pouco mais de pão.
Virá o dia em que os pés
não sintam a terra dura?
Leonor sonha de mais:
vai formosa e não segura.
Formosa! Não vale a pena
ter nos olhos uma aurora
quando na vida – que vida! –
o sol já se foi embora.
Se os filhos se alimentassem
com a sua formosura...
Leonor pensa de mais:
vai formosa e não segura.
Há verdura pelos prados,
há verdura no caminho;
no olmo de ao pé da fonte
cantas, livre, um passarinho.
Mas ela não canta, não,
que a voz perdeu a doçura.
Leonor sofre de mais:
vai formosa e não segura.
Porque sofre? Nunca soube
nem saberá a razão.
Vai encher a talha de água,
só não enche o coração.
Virá um dia... virá...
Os olhos voam na altura.
Leonor não anda: sonha.
Vai formosa e não segura.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
ISTO VAI
João Rui de Sousa é um poeta discreto e de grande qualidade. Nasceu em 1928. Continua a publicar. O seu último livro é "Quarteto para as próximas chuvas", ed D. Quixote. Iniciou a publicação de poesia na revista CASSIOPEIA que fundou com António Ramos Rosa e José Bento.
ÇA IRA
Isto vai, caro amigo.
Não como nós queremos, é certo,
mas isto vai.
Por noites de insónia e alcatrão
por laranjas e lábios ressequidos
por desespero na voz e escuridão
isto vai, caro amigo.
Por mágoas acesas e relógios
pelo sabor dos braços na alegria
pelo odor das plantas venenosas
isto vai, caro amigo.
Pelo cabo axial que liga a nossa esperança
pela luz dos cabelos, pelo sal
pela palavra remo, pela palavra ódio
isto vai, caro amigo.
Pela ternura e pela confiança
pela vontade e força, as nossas casas
pelo fervor com que inventamos (e depois calamos)
isto vai, caro amigo.
Pelos carris do medo, pelas árvores
pela inocência e fome, pelos perigos
pelos sinais fraternos, pelas lágrimas
isto vai, caro amigo.
Pela rudeza do espaço
e em jardins falsíssimos
isto vai, caro amigo.
sábado, 19 de outubro de 2013
OS QUE NOS MATAM DE ROSAS
A minha muito querida amiga Luísa Ducla Soares é uma consagrada autora de literatura para a infância. Coisa menos conhecida, escreve poesia desde jovem estudante.
O poema que aqui vem abaixo foi publicado numa Antologia de Poesia Universitária em 1963.
Ela pertence a uma geração de notáveis poetas, que começaram a fazer ouvir as suas vozes no início dos anos 60 e de que poderia relembrar Maria Teresa Horta, Gastão Cruz, Fiama, António Torrado, Casimiro de Brito, Luísa Neto Jorge, Rui Namorado.
Diz-me a Luisinha ue continua a escrever. Mas tem tudo guardado lá em casa Tenho um dia destes de meter os pés a caminho e ir ter com ela para que nos mostre o que anda pelas gavetas.
LUÍSA DUCLA SOARES (1939)
ESSES
O que trazem a tarde
a estrebuchar rosas,
pela trela,
como um cão,
e põem rosa nas janelas,
nos sorrisos que nos dão.
Os que amassam flores
no pão dos pobres
Os que mascaram de rosas
o não
Os que aos Domingos
dão às crianças
um tostão
Os que têm ninhos
de andorinhas
nos beirais
e chicotes
nos dedos,
sub-reptícias gestapos caiadas
do livor
dos degredos
Os que roubam estrelas
aos olhos da gente
para vendê-las
à socapa
Os que instalam
alto-falantes de riso
na mágoa salina
das costas curvada,
no grito preciso
das raivas sangradas
Os que nos matam de rosas
às punhaladas.
O poema que aqui vem abaixo foi publicado numa Antologia de Poesia Universitária em 1963.
Ela pertence a uma geração de notáveis poetas, que começaram a fazer ouvir as suas vozes no início dos anos 60 e de que poderia relembrar Maria Teresa Horta, Gastão Cruz, Fiama, António Torrado, Casimiro de Brito, Luísa Neto Jorge, Rui Namorado.
Diz-me a Luisinha ue continua a escrever. Mas tem tudo guardado lá em casa Tenho um dia destes de meter os pés a caminho e ir ter com ela para que nos mostre o que anda pelas gavetas.
LUÍSA DUCLA SOARES (1939)
ESSES
O que trazem a tarde
a estrebuchar rosas,
pela trela,
como um cão,
e põem rosa nas janelas,
nos sorrisos que nos dão.
Os que amassam flores
no pão dos pobres
Os que mascaram de rosas
o não
Os que aos Domingos
dão às crianças
um tostão
Os que têm ninhos
de andorinhas
nos beirais
e chicotes
nos dedos,
sub-reptícias gestapos caiadas
do livor
dos degredos
Os que roubam estrelas
aos olhos da gente
para vendê-las
à socapa
Os que instalam
alto-falantes de riso
na mágoa salina
das costas curvada,
no grito preciso
das raivas sangradas
Os que nos matam de rosas
às punhaladas.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
AINDA NÃO
Poeta ligado ao Movmento Surrealista e ao grupo do Café Gelo.
Foi funcionário das Bibliotecas Itinerantes da Fundação Gulbenkian.Andava com as carrinhos a distribuir palavras e emoções pelo país fora.
Um dia, em 1969, suponho, um padre, julgo que armado, tentou impedi-lo pela força de entrar numa aldeia lá pelas Terras do Bouro. Livros eram as portas do conhecimento, do live pensamento, do diabo!
Fez um requerimento (já o li) à Administração da Fundação a pedir o destacamento de uma força da GNR que o acompanhasse e o defendesse do padre para que pudesse cumprir a sua missão de fazer chegar os livros à população.
Não sei se o requerimento terá sido atendido. Mas era giro. Na época teria sido muito giro.
ANTÓNIO JOSÉ FORTE (1931-1988)
AINDA NÃO
Ainda não
não há dinheiro para partir de vez
não há espaço de mais para ficar
ainda não se pode abrir uma veia
e morrer antes de alguém chegar
ainda não há uma flor na boca
para os poetas que estão aqui de passagem
e outra escarlate na alma
para os postos à margem
ainda não há nada no pulmão direito
ainda não se respira como devia ser
ainda não é por isso que choramos às vezes
e que outras somos heróis a valer
ainda não é a pátria que é uma maçada
nem estar deste lado que custa a cabeça
ainda não há uma escada e outra escada depois
para descer à frente de quem quer que desça
ainda não há camas para pesadelos
ainda não se ama só no chão
ainda não há uma granada
ainda não há um coração
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
PROCURAR A RAZÃO
Pedro Tamen será talvez mais conhecido como tradutor, magnífico tradutor entre outras obras dos 10 volutes de "Em busca do tempo perdido" de marcel proust.
Como poeta nunca andou nas bocas do mundo nem nas parangonas. Discreto, primou sempre por umas escrita de exigente artesania, sensível, contidamente emocional.
Não está na moda. Não é de modas. Talvez por isso seja dos poetas que acompanho ardentemente.
PEDRO TAMEN (1934)
NOÉ
Pronto, pronto, eu faço. Dá um trabalhão
mas faço. Corto madeira, arranjo pregos,
gasto o martelo. E o pior também:
correr o mundo a recolher os bichos
coisas de nada como formigas magras,
e os outros, os grandes, os que mordem
e rugem. E sei lá quantos são!
Em que assados me pões. Tu
gastaste seis dias, e eu nunca mais acabo.
Andar por esse mundo, a pé enxuto ainda,
e escolher os melhores, os de melhor saúde,
que o mundo que tu queres não há-de nascer torto.
Um por um, e por uma, é claro, é aos pares
- o espaço que isso ocupa.
Mas não é ser carpinteiro,
não é ser caminheiro,
não é ser marinheiro o que mais me inquieta.
Nem é poder esquecer
a pulga, o ornitorrinco.
O que mais me inquieta, Senhor,
é não ter a certeza de não valer a pena
é partir já vencido para outro mundo igual.
Iremos procurar a razão da giesta
a razão do amarelo
iremos procurar a razão
iremos procurar
e os olhos tomarão todas as cores
as cores de tudo
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
O DIA DAS SURPRESAS
De tão cantado o grande romancista que foi José Saramago, esquecemo-nos muitas vezes do excelente poeta que José Saramago também foi.
A obra poética é pequena mas muito forte e cuidada. este poema foi musicado e cantado por Manuel Freire e gravado no seu primeiro disco ou num dos seus primeiros discos.
OUVINDO BEETHOVEN
Venham leis e homens de balanças,
Mandamentos daquém e dalém mundo,
Venham ordens, decretos e vinganças,
Desça o juiz em nós até ao fundo.
Nos cruzamentos todos da cidade,
Brilhe, vermelha, a luz inquisidora,
Risquem no chão os dentes da vaidade
E mandem que os lavemos a vassoura.
A quantas mãos existam, peçam dedos,
Para sujar nas fichas dos arquivos,
Não respeitem mistérios nem segredos,
Que é natural nos homens serem esquivos.
Ponham livros de ponto em toda a parte,
Relógios a marcar a hora exacta,
Não aceitem nem votem noutra arte
Que a prosa de registo, o verso data.
Mas quando nos julgarem bem seguros,
Cercados de bastões e fortalezas,
Hão-de cair em estrondo os altos muros
E chegará o dia das surpresas.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
NOTÍCIAS DO BLOQUEIO
Ter voz e liberdade de falar é fundamental É mesmo uma questão sagrada. Mas às vezes, pode-se falar mas não temos quem nos ouça. A nossa voz é abafada E voltamos a ter que enviar notícias do bloqueio por caminhos transviados como fazia o meu muito querido amigo, grande poeta, divulgador e tradutor de poesia, Egito Gonçalves
Este poema é dos anos 50 quando a polícia vigiava o bloqueio.
Hoje vivemos numa ilha cercada de economistas e banqueirtos e financeiros por todos os lados.
Podemos falar. Por isso, caros amigos, falemos! Para que a nossa voz se ouça para lá do bloqueio
EGITO GONÇALVES (1922-2001)
NOTÍCIAS DO BLOQUEIO
Aproveito a tua neutralidade,
o teu rosto oval, a tua beleza clara,
para enviar notícias do bloqueio
aos que no continente esperam ansiosos.
Tu lhes dirás do coração o que sofremos
os dias que embranquecem os cabelos...
tu lhes dirás a comoção e as palavras
que prendemos – contrabando – aos teus cabelos.
Tu lhes dirás o nosso ódio construído,
sustentando a defesa à nossa volta
- único acolchoado para a noite
florescida de fome e de tristezas.
Tua neutralidade passará
por sobre a barreira alfandegária
e a tua mala levará fotografias,
um mapa, duas cartas, uma lágrima...
Dirás como trabalhamos em silêncio,
como comemos silêncio, bebemos
silêncio, nadamos e morremos
feridos de silêncio duro e violento.
Vai pois e noticia como um archote
aos que encontrares de fora das muralhas
o mundo em que nos vemos, poesia
massacrada e medos à ilharga.
Vai pois e conta nos jornais diários
ou escreve com ácido nas paredes
o que viste, o que sabes, o que eu disse
entre dois bombardeamentos já esperados.
Mas diz-lhes que se mantém indevassável
o segredo das torres que nos erguem,
e suspensa delas uma flor em lume
grita o seu nome incandescente e puro.
Diz-lhes que se resiste na cidade
desfigurada por feridas de granadas
e enquanto a água e os víveres escasseiam
aumenta a raiva
e a esperança reproduz-se.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
ESTACIONAMENTO PROIBIDO
António Rebordão Navarro, poeta do Porto, homem amável e doce. Fomos companheiros numa direcção da SPA nos anos 90. Dava gosto a coversa com ele. Prometi visitá-lo um dia na Foz. Estou em falta. Mea Culpa.
António Rebordão Navarro pertence à geração que começou a escrever e dar a conhecer a sua poesia nos anos 50. Participou nesses tempos numa notável revista de poesia com o nome óbvio de "Notícias do bloqueio".
Pertence àqueles poetas que é bom recordar ou descobrir.
Este "Estacionamento proibido" é mais um caso de um poema escrito há 60 anos mais coisa menos coisa e que está tão actualizado...
ESTACIONAMENTO PROIBIDO
Circulem, senhores, circulem.
Não parem junto aos mortos,
não estacionem no silêncio,
não se detenham ante o sangue.
Circulem, senhores, circulem.
Não interrompam o tráfico,
não deixem de cumprir ordens,
não deixem de ser neutros
e desapiedados.
Circulem, senhores, circulem.
Há muita gente que tem horas,
há muita gente que tem pressa,
há muita gente que deve esquecer.
Circulem, senhores, circulem.
Façam de conta,
fechem os olhos,
tapem os ouvidos.
Circulem, senhores, circulem.
Deviam já estar habituados,
deviam não ter lágrimas,
nem espanto, nem irmãos.
Circulem, senhores, circulem.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
ESTA GENTE
Ana Hatterly é um bela senhora, poeta e artista plástica de grande prestígio num círculo relativamente restrito.
Merece muito ser mais conhecida
Este poema foi escrito em pleno Estado Novo. Lá para os anos 60, penso eu. Sabemos que, apesar dos pesares, nós estamos em democracia. Mas vão-se acumulando tanto as parecenças que o poema até poderia ter sido escrito ontem.
(poema gráfico de AH)
ANA HATHERLY (1929)
ESTA GENTE / ESSA GENTE
O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente
Gente que não seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente
Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente
Gente que enterre o dente
que fira de unha e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente
O que é preciso é gente
Que atire fora com essa gente
ESSA GENTE / ESSA GENTE
Essa gente dominada por essa gente
nem sente como a gente
não quer
ser dominada por gente
NENHUMA !
a gente
só é dominada por gente
quando não sabe que é gente
domingo, 29 de setembro de 2013
QUEM NÃO CANTA
MIGUEL TORGA (1907 - 1995)
Miguel Torga não era muito dado a ligeirezas. Mas às vezes saía-lhe um poema em forma de sorriso. Mas sempre um sorriso com volta na ponta como convém a todos os sorrisos.
A formiga desta fábula é como a quase totalidade dos nossos políticos. Para eles não existe canto, não existe poesia, quer dizer, não existe cultura.
Netas autárquicas quantos candidatos terão falado de cultura? Quantos irão morrer de fartura?
FÁBULA DA FÁBULA
Era uma vez
Uma fábula famosa,
Alimentícia
E moralizadora,
Que, em verso e prosa,
Toda a gente
Inteligente,
Prudente
E sabedora
Repetia
Aos filhos,
Aos netos
E aos bisnetos.
À base duns insectos,
De que não vale a pena fixar o nome,
A fábula garantia
Que quem cantava
Morria
De fome.
E, realmente...
Simplesmente,
Enquanto a fábula contava,
Um demónio secreto segredava
Ao ouvido secreto
De cada criatura
Que quem não cantava
Morria de fartura.
(Retrato de Miguel Torga por Artur Bual)
Miguel Torga não era muito dado a ligeirezas. Mas às vezes saía-lhe um poema em forma de sorriso. Mas sempre um sorriso com volta na ponta como convém a todos os sorrisos.
A formiga desta fábula é como a quase totalidade dos nossos políticos. Para eles não existe canto, não existe poesia, quer dizer, não existe cultura.
Netas autárquicas quantos candidatos terão falado de cultura? Quantos irão morrer de fartura?
FÁBULA DA FÁBULA
Era uma vez
Uma fábula famosa,
Alimentícia
E moralizadora,
Que, em verso e prosa,
Toda a gente
Inteligente,
Prudente
E sabedora
Repetia
Aos filhos,
Aos netos
E aos bisnetos.
À base duns insectos,
De que não vale a pena fixar o nome,
A fábula garantia
Que quem cantava
Morria
De fome.
E, realmente...
Simplesmente,
Enquanto a fábula contava,
Um demónio secreto segredava
Ao ouvido secreto
De cada criatura
Que quem não cantava
Morria de fartura.
(Retrato de Miguel Torga por Artur Bual)
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
A HISTÓRIA DA MORAL
Pela eficácia da sua verrina, pelo notável talento, pela ternura disfarçada mas sempre à vista, pela oficina brilhante Alexandre O'Neill é seguramente um dos grandes poetas portugueses de sempre.
Este poema falava dos mandantes dos anos 50, talvez 60 E o azar é que se aplica tão bem aos mandantes de hoje..
A HISTÓRIA DA MORAL
Você tem-me cavalgado,
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
DAS CANÇÕES À POESIA
A comunicação anda a correr. Há poucos anos, um blog era uma forma nova de falar com os amigos mais próximos, os mais distantes e outros até quenm conhecemos e que por isto ou por aquilo vêm meter o nariz naquilo que resolvemos atirar ao mundo.
Apareceram depois os facebooks, Tweeters, etc. São formas de comunicação mais rapida e imediata, mais boca a boca, próprias para mnsagens cada vez mais curtas e menos elaboradas.
Tudo bem. O mundo muda e nós vamos procurando não perder os comboios diversos, os desafios mais inesperados trazidos pelas novas tecnologias.
Alguns vão tentando usar estas novidades para falar, ouvir, comunicar, estar com os outros. Alguns fazem-no das formas mais desinteressantes e superficiais. Outros tentam usar estas tecnologias para não se perderem de si próprios, nem das suas ideias, nem dos seus amigos e dos seus amores, sejam eles quais forem.
Através deste blog tenho-me sentido na obrigação de dar à estampa algumas coisas, imagens, música, ideias, notícias do mundo visto do lado deste poeta e contador de histórias do saltapocinhas que sou. Gosto de pensar que é uma partilha que me deixa mais próximo de amigos que conheço e outras que não mas que não dixam de ser amigos.
Há dias as QUERIDASBIBLIOTECAS fizeram 6 anos!
Durante coisa de mês e meio trouxe para aqui algumas das canções do rock/pop que fizeram parte do melhor da banda sonora da minha vida. Qualququer dia atiro-me às francesas, às espanholas,às brasileiras. Porque foi também através das canções e da sua poesia que eu e a minha geração construímos uma forma de estar, de sonhar, de pensar, de rir e de dançar.
Eu sou eu mais as canções que ouvi e que cantei, e os livros que li, e os filmes e as peças de teatro que que vi.
Vou passar a outra fase, de momento. ca canção para o poema vou partilhar poetas e poemas portugueses e não só Às vezes traduzo poesia. É um exercício de paixão que muito prezo. Também para aqui virão esses poemas de que me aproprio para os recriar na nossa língua.
E aqui fica uma frase do maravilhoso poeta brasileiro Manoel de Barros. Mas que não abre a porta a nenhum pessimismo mas a uma foma notável de mostrar como a poesia nos transporta para outros domínios do entendimento da vida. Aliás já a Luísa Neto Jorge dizia que "O poema ensina a cair"
Apareceram depois os facebooks, Tweeters, etc. São formas de comunicação mais rapida e imediata, mais boca a boca, próprias para mnsagens cada vez mais curtas e menos elaboradas.
Tudo bem. O mundo muda e nós vamos procurando não perder os comboios diversos, os desafios mais inesperados trazidos pelas novas tecnologias.
Alguns vão tentando usar estas novidades para falar, ouvir, comunicar, estar com os outros. Alguns fazem-no das formas mais desinteressantes e superficiais. Outros tentam usar estas tecnologias para não se perderem de si próprios, nem das suas ideias, nem dos seus amigos e dos seus amores, sejam eles quais forem.
Através deste blog tenho-me sentido na obrigação de dar à estampa algumas coisas, imagens, música, ideias, notícias do mundo visto do lado deste poeta e contador de histórias do saltapocinhas que sou. Gosto de pensar que é uma partilha que me deixa mais próximo de amigos que conheço e outras que não mas que não dixam de ser amigos.
Há dias as QUERIDASBIBLIOTECAS fizeram 6 anos!
Durante coisa de mês e meio trouxe para aqui algumas das canções do rock/pop que fizeram parte do melhor da banda sonora da minha vida. Qualququer dia atiro-me às francesas, às espanholas,às brasileiras. Porque foi também através das canções e da sua poesia que eu e a minha geração construímos uma forma de estar, de sonhar, de pensar, de rir e de dançar.
Eu sou eu mais as canções que ouvi e que cantei, e os livros que li, e os filmes e as peças de teatro que que vi.
Vou passar a outra fase, de momento. ca canção para o poema vou partilhar poetas e poemas portugueses e não só Às vezes traduzo poesia. É um exercício de paixão que muito prezo. Também para aqui virão esses poemas de que me aproprio para os recriar na nossa língua.
E aqui fica uma frase do maravilhoso poeta brasileiro Manoel de Barros. Mas que não abre a porta a nenhum pessimismo mas a uma foma notável de mostrar como a poesia nos transporta para outros domínios do entendimento da vida. Aliás já a Luísa Neto Jorge dizia que "O poema ensina a cair"
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
ANTÓNIO RAMOS ROSA
Tinha 89 anos. Hoje mudou de lugar. A vida foi complicada e enorme a obsessão pela poesia. Creio que foi em tempos candidato ao Prémio Nobel. Nunca pertenceu a capelinhas. Perante a ditadura mostrou uma dignidade invulgar mostrando que também escrevendo se resiste. Deixa uma obra imensa. Fica aqui um dos seus poemas mais antigos e também dos mais emblemáticos.
POEMA DUM FUNCIONÁRIO CANSADO
A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal
em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Porque não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu
dever?
Porque me sinto irremediavelmete perdido no meu cansaço?
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isso todas as noites do mundo uma noite só comprida
num quarto só
POEMA DUM FUNCIONÁRIO CANSADO
A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal
em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Porque não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu
dever?
Porque me sinto irremediavelmete perdido no meu cansaço?
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isso todas as noites do mundo uma noite só comprida
num quarto só
sábado, 21 de setembro de 2013
6 ANOS DE QUERIDASBIBLIOTECAS
Faz hoje 6 anos que iniciei as QUERIDASBIBLIOTECAS. E cá continuo. Não se trata de comunicação de massas. Mas já recebeu quase 160.000 visitas. Gente de bem, estou certo. Gente que partilha valores, paixões, e a grande importância que damos à leitura e à escrita.
Publico aqui mais abaixo o texto do primeiro dia há 6 anos. Está razoavelmente actualizado Eram 3 bibliotecas José Fanha que havia à data. Agora já são 8. Vários livros dei entretanto à estampa.
É claro que os anos foram dando sinal nas dobradiças do corpo. Mas, apesar das indispensáveis desilusões, as convicções, as paixões, a entrega à vida e à palavra dita e escrita, essas continuam com toda a força.
A todos os que por aqui passaram, um grande abraço, muita ternura e vão aparecendo mesmo em silêncio andamos à volta uns dos outros. E isso é muito bom
Cada vez mais as Bibliotecas fazem parte da minha vida.
Gosto de livros. Melhor, gosto de ler. Gosto tanto de ler que não sou capaz de passar um dia sem ler pelo menos uma história, uma página de um romance, um poema, qualquer coisa.
Gosto muito de ler para mim em silêncio e de ler em voz alta. De ler para os outros e de partilhar com todos as viagens, as aventuras, as emoções que a leitura me traz.
Gosto de passear pelas bibliotecas e reencontrar esses velhos amigos que são os livros já lidos. Olha “Os Três Mosqueteiros”! E “O velho que lia romances de amor”! E “O Principezinho”! E “As aventuras de João Sem Medo”!
Também gosto de conhecer novos livros. Deixam água a boca e uma vontade enorme de pegar neles e desatar a lê-los.
Adoro as Bibliotecas. Mas não é só por causa dos livros. É também pelas pessoas que lá trabalham. E as que entram para ler. E as que saem com os livros emprestados debaixo do braço. E as que lá vão contar histórias. E as que escrevem essas histórias.
Também eu gosto de escrever histórias e poemas. Por isso é que vou a muitas escolas e Bibliotecas para ler os meus livros e conhecer os meus leitores. É como se fossemos todos da mesma família. Uma família que encontra um bom bocado de felicidade em volta das palavras, dos livros e das leituras.
Por tudo isto é que, cada vez mais, as Bibliotecas fazem parte da minha vida.
E agora há ainda mais uma razão para estar tão ligado às Bibliotecas. Vai inaugurar-se a terceira Biblioteca com o meu nome! Primeiro foi o Centro de Recursos da Escola EB 23 da Venda do Pinheiro, depois a Biblioteca da EB 1 nº3 do Cacém e, finalmente, inaugura-se no dia 26 de Setembro a Biblioteca José Fanha da Escola EB 1, JI do Olival Basto
Imagine-se! Três Bibliotecas! É um mundo! Não sei se mereço tanto carinho. Não sei se consigo acrescentar-lhes alguma coisa ao muito que já fazem.
Por isso criei este blog para todos, alunos e professores destas e de todas as escolas e de todas as Bibliotecas. Para partilhar as histórias e poemas que vou escrevendo, coisas malucas que ás vezes me acontecem como acontecem a toda a gente, livros e filmes de que gosto muito especialmente, e mais as memórias antigas, algumas fotografias, enfim, bocados grandes e pequenos do que tem sido a minha vida à volta de palavras e livros e leituras.
Publico aqui mais abaixo o texto do primeiro dia há 6 anos. Está razoavelmente actualizado Eram 3 bibliotecas José Fanha que havia à data. Agora já são 8. Vários livros dei entretanto à estampa.
É claro que os anos foram dando sinal nas dobradiças do corpo. Mas, apesar das indispensáveis desilusões, as convicções, as paixões, a entrega à vida e à palavra dita e escrita, essas continuam com toda a força.
A todos os que por aqui passaram, um grande abraço, muita ternura e vão aparecendo mesmo em silêncio andamos à volta uns dos outros. E isso é muito bom
Cada vez mais as Bibliotecas fazem parte da minha vida.
Gosto de livros. Melhor, gosto de ler. Gosto tanto de ler que não sou capaz de passar um dia sem ler pelo menos uma história, uma página de um romance, um poema, qualquer coisa.
Gosto muito de ler para mim em silêncio e de ler em voz alta. De ler para os outros e de partilhar com todos as viagens, as aventuras, as emoções que a leitura me traz.
Gosto de passear pelas bibliotecas e reencontrar esses velhos amigos que são os livros já lidos. Olha “Os Três Mosqueteiros”! E “O velho que lia romances de amor”! E “O Principezinho”! E “As aventuras de João Sem Medo”!
Também gosto de conhecer novos livros. Deixam água a boca e uma vontade enorme de pegar neles e desatar a lê-los.
Adoro as Bibliotecas. Mas não é só por causa dos livros. É também pelas pessoas que lá trabalham. E as que entram para ler. E as que saem com os livros emprestados debaixo do braço. E as que lá vão contar histórias. E as que escrevem essas histórias.
Também eu gosto de escrever histórias e poemas. Por isso é que vou a muitas escolas e Bibliotecas para ler os meus livros e conhecer os meus leitores. É como se fossemos todos da mesma família. Uma família que encontra um bom bocado de felicidade em volta das palavras, dos livros e das leituras.
Por tudo isto é que, cada vez mais, as Bibliotecas fazem parte da minha vida.
E agora há ainda mais uma razão para estar tão ligado às Bibliotecas. Vai inaugurar-se a terceira Biblioteca com o meu nome! Primeiro foi o Centro de Recursos da Escola EB 23 da Venda do Pinheiro, depois a Biblioteca da EB 1 nº3 do Cacém e, finalmente, inaugura-se no dia 26 de Setembro a Biblioteca José Fanha da Escola EB 1, JI do Olival Basto
Imagine-se! Três Bibliotecas! É um mundo! Não sei se mereço tanto carinho. Não sei se consigo acrescentar-lhes alguma coisa ao muito que já fazem.
Por isso criei este blog para todos, alunos e professores destas e de todas as escolas e de todas as Bibliotecas. Para partilhar as histórias e poemas que vou escrevendo, coisas malucas que ás vezes me acontecem como acontecem a toda a gente, livros e filmes de que gosto muito especialmente, e mais as memórias antigas, algumas fotografias, enfim, bocados grandes e pequenos do que tem sido a minha vida à volta de palavras e livros e leituras.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
A BANDA SONORA DA MINHA JUVENTUDE - 20
Guardei para última canção desta viagem pelos anos 60, "ALL YOU NEED" dos Beatles.
Creio que ouvi-la foi um momento único na minha vida, um momento em que voei a uma altura incomensurável.
A Wikipédia diz sobre esta canção:
"Em 1967, a equipe do canal londrino BBC convidou os Beatles a participarem do primeiro evento transmitido mundialmente via-satélite, ao vivo simultaneamente para 26 países: o programa Our World. Esse trabalho envolveu redes de TV das Américas, Europa, Escandinávia, África, Austrália e Japão.
Foi então solicitado que o grupo escrevesse uma música cuja mensagem pudesse ser entendida por todos os povos do planeta. John Lennon e Paul McCartney começaram a trabalhar separadamente em diferentes letras, até que Lennon acabou escrevendo esse clássico que se encaixou perfeitamente ao objetivo proposto, pois a mensagem de amor contida na canção poderia ser facilmente interpretada ao redor do mundo.
Os Beatles foram transmitidos ao vivo diretamente do Abbey Road Studios em 25 de junho de 1967. A canção foi gravada durante a apresentação, embora eles tivessem preparado antecipadamente – num período de cinco dias – as gravações e a mixagem antes da transmissão. A letra trazia uma mensagem de paz nos tempos da Guerra do Vietnã. Os Beatles convidaram vários amigos para participarem do evento, cantando o coro da canção, entre eles Mick Jagger, Eric Clapton, Marianne Faithfull, Keith Moon e Graham Nash. O programa foi visto por cerca de 350 milhões de pessoas e foi responsável por eternizar ainda mais o nome dos Beatles na História da Humanidade. A gravação desta apresentação pode ser encontrada no álbum Yellow Submarine."
A minha memória atraiçoa-me. Recordo-me de ver esta canção em directo na RTP, sim, mas associava-a à passagem de ano de 67 para 68. Ou Julho ou Dezembro, era 67, o ano de todos os sonhos. Foi para mim um momento de quase indiascritível emoção, um rasgão da negra comunicação no tristíssimo Portugal de então. Chorei a ouvi-la. Era uma cação de paz, de paz, DE PAZ! E nós, é bom que se lembre, estávamos em guerra.
THE BEATLES - ALL YOU NEED IS LOVE
Creio que ouvi-la foi um momento único na minha vida, um momento em que voei a uma altura incomensurável.
A Wikipédia diz sobre esta canção:
"Em 1967, a equipe do canal londrino BBC convidou os Beatles a participarem do primeiro evento transmitido mundialmente via-satélite, ao vivo simultaneamente para 26 países: o programa Our World. Esse trabalho envolveu redes de TV das Américas, Europa, Escandinávia, África, Austrália e Japão.
Foi então solicitado que o grupo escrevesse uma música cuja mensagem pudesse ser entendida por todos os povos do planeta. John Lennon e Paul McCartney começaram a trabalhar separadamente em diferentes letras, até que Lennon acabou escrevendo esse clássico que se encaixou perfeitamente ao objetivo proposto, pois a mensagem de amor contida na canção poderia ser facilmente interpretada ao redor do mundo.
Os Beatles foram transmitidos ao vivo diretamente do Abbey Road Studios em 25 de junho de 1967. A canção foi gravada durante a apresentação, embora eles tivessem preparado antecipadamente – num período de cinco dias – as gravações e a mixagem antes da transmissão. A letra trazia uma mensagem de paz nos tempos da Guerra do Vietnã. Os Beatles convidaram vários amigos para participarem do evento, cantando o coro da canção, entre eles Mick Jagger, Eric Clapton, Marianne Faithfull, Keith Moon e Graham Nash. O programa foi visto por cerca de 350 milhões de pessoas e foi responsável por eternizar ainda mais o nome dos Beatles na História da Humanidade. A gravação desta apresentação pode ser encontrada no álbum Yellow Submarine."
A minha memória atraiçoa-me. Recordo-me de ver esta canção em directo na RTP, sim, mas associava-a à passagem de ano de 67 para 68. Ou Julho ou Dezembro, era 67, o ano de todos os sonhos. Foi para mim um momento de quase indiascritível emoção, um rasgão da negra comunicação no tristíssimo Portugal de então. Chorei a ouvi-la. Era uma cação de paz, de paz, DE PAZ! E nós, é bom que se lembre, estávamos em guerra.
THE BEATLES - ALL YOU NEED IS LOVE
domingo, 15 de setembro de 2013
A BANDA SONORA DA MINHA JUVENTUDE - 19
Paul Simon é um extraordinário compositor e poeta que tem sabido atravessar vários tempos mantendo públicos que atravessam décadas e gerações.
Com Art garfunkel constituiam uma harmonia cara na forma como conjugavam as vozes. Separaram-se e Paul partiu para outras e não menos entusiasmantes aventuras musicais.
As histórias que canta fazem parte da minha vida. E há nas suas canções qualquer coisa que me faz orgulhar-me de pertencer à raça humana e de desconfiar que ainda um dia esta raça vai viver em paz
PAUL AND SIMON - THE BOXER
Com Art garfunkel constituiam uma harmonia cara na forma como conjugavam as vozes. Separaram-se e Paul partiu para outras e não menos entusiasmantes aventuras musicais.
As histórias que canta fazem parte da minha vida. E há nas suas canções qualquer coisa que me faz orgulhar-me de pertencer à raça humana e de desconfiar que ainda um dia esta raça vai viver em paz
PAUL AND SIMON - THE BOXER
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
A BANDA SONORA DA MINHA JUVENTUDE - 18
Duas violas, 3 vozes, excelentes canções, era a recita imbatível deste grupo.
"If I Had a Hammer" é uma canção de música folk composta por Pete Seeger e Lee Hays em 1949. Foi gravada por diversos artistas e tornou-se, na década de 1960, num símbolo na luta do movimento pelos direitos civis
OETER PAUL AND MARY
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
A BANDA SONORA DA MINHA JUVENTUDE - 17
Donovan foi nos seus inícios a versão inglesa de Bob Dylan. Próximo dos Beatles, desenvolveu um estilo eclético e bem-sucedido, que incorporava folk, jazz, pop, psicodelismo e world music, tendo composto e gravado algumas canções qu forem também grandes sucessos de vendas.
A sua música e poesia transmitia valores de paz, amor e amizade e, por isso, foi muito criticado e excluído dos circuitos musicais na altura do punk, tendo regressado em finais dos anos 90 para voltar a lançar várias canções notáveis.
Pessoalmente adoro "Unsleeping city" incluída no extraordinário álbum "POETAS EN NUEVA YORK" em que músicos de várias línguas cantam poemas de Garcia Lorca.
DONOVAN - ATLANTIS
A sua música e poesia transmitia valores de paz, amor e amizade e, por isso, foi muito criticado e excluído dos circuitos musicais na altura do punk, tendo regressado em finais dos anos 90 para voltar a lançar várias canções notáveis.
Pessoalmente adoro "Unsleeping city" incluída no extraordinário álbum "POETAS EN NUEVA YORK" em que músicos de várias línguas cantam poemas de Garcia Lorca.
DONOVAN - ATLANTIS
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