sexta-feira, 24 de setembro de 2010

APRESENTAÇÃO DE "ERA UMA VEZ A REPÚBLICA"


Queridos amigos,


Vou fazer o lançamento deste livro que me é muito importante. Será muito apropriadamente nos Paços do Concelho já que se trata de um livro sobre a República e não deve haver melhor lugar do que aquele em que a República foi proclamada.


"ERA UMA VEZ A REPÚBLICA" é um livro de que estou muito orgulhoso pelo cuidado que a editora nele pôs e +pela grande qualidade gráfica. Destina-se especialmente aos jovens dos 10 aos 15 anos. Mas creio que será bonito e útil a pessoas de qualquer idade.


Tenho o orgulho de poder anunciar que a apresentação será feiet pela dra. Maria Barroso e que contaremos ainda com uma intervenção do José Jorge Letria e do tenor Carlos Miguel que vai apresentar 2 ou 3 canções que se cantavam por altura da implantação do República.


Gostava muito de vos ver por lá. É no dia 28 de Setembro pelas 18h30.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

3 ANOS DE QUERIDAS BIBLIOTECAS

Faz hoje 3 anos que comecei esta aventura de me abalançar a fazer um blog. O resultado foi para mim inesperado porque passados estes três anos continua a aumentar o número dos visitantes e, neste momento, chegámos à média de quase 70 visitas por dia.

É um blog pessoal que não vive à volta do umbigo mas procura tornar-se um espaço de partilha de ideias, experiências, emoções e memórias. É um espaço de liberdade e de valores éticos e morais. É um espaço de indignação e de festa também.

A Licínia, a Maria, a Teresa Queirós, o Mar Arável (Eufrázio Filipe), o Samuel, o Júlio Pego, o Tiago Carvalho, são apenas alguns dos companheiros queridos que me animam com os seus comentários e ajudam assim a criar uma corrente fraterna que existe com mais ou menos visibilidade, uma rede que vai mantendo vivos este espaço de liberdade de pensamento.



(Foto Sílvia Alves)

E como é de amigos e com amigos que falo aproveito para trazer para aqui uma nova amiga. Chama-se Fanny Abramovich, escritora brasileira deliciosa pela sua ironia, pela sua alegria, pela sua irreverência e pela sua escrita na ária da literatura para a infância e a juventude. Conhecemo-nos neste fim de semana em Beja nas Palavras Andarilhas, e trarei aqui alguns exemplos da sua deliciosa escrita.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A MISTERIOSA HISTÓRIA DE UM LONGO EQUÍVOCO

Faço aqui uma declaração solene: para minha grande tristeza sou desafinado, não sei música, não sei tocar nenhum instrumento musical, nunca cantei em público.

Apesar que acima reza e que é absolutamente verdade, sou perseguido há muitos anos pela fama de ser cantor. Há escolas onde sou recebido com uma viola para cantar, há pessoas que me pedem para cantar uma daquelas minhas cantiguinhas, várias foram as pessoas que juram já me ter visto cantar.

Inúmeras vezes senti que algumas pessoas ficam desconfiadas a pensar que estou a gozar com elas quando lhes digo que não sei cantar. Mas é verdade. Verdade pura e crua! Verdade indesmentível!

Desconfio que depois do último livro que publiquei,este equívoco ameaça agravar-se mercê desta página:



Creio que sei de onde vem este equívoco. Acompanhei muitas vezes alguns cantores e ainda o faço com alguma frequência. Eles cantam, eu digo poesia. Começou com o Zeca Afonso em 1969, com o Adriano Correia de Oliveira, o Carlos Alberto Moniz, o Manuel Freire, o Xico Fanhais, o Fernando Tordo, o Carlos Mendes, a Amélia Muge... E até com os filhos de alguns deles, o Francisco Mendes, por exemplo, com quem faço às vezes sessões de canções e poesia.

Fiz muitas letras de canções, um poema meu ganhou o Festival RTP da canção com música do Pedro Osório, cantado pela Lúcia Moniz.

Mas nunca cantei. Juro. E mesmo quando chega àquelas canções que todos cantam em coro (como a Grândola e outras), para não estragar o canto com a minha desafinação, abro e fecho a boca a fingir que estou a cantar.

Julgo que tenho um certo sentido ritmíco. Esse é um instrumento fundamental da poesia. Talvez< consiga dominar alguma música das palavras o escrever. Mas nunca cantei! Não sei música e tenho muita pena.

Não sei mais o que fazer para desfazer este equívoco! Peço apenas a todos os meus amigos que espoalhem por toda a parte com muito engenho e arte que o Fanha faz muitas coisas, coisas até relacionadas com a música e a canção, mas não sabe e nunca soube cantar!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

HOJE EM BEJA



Começam hoje em Beja as Andarilhas, essa festa da liratura e sobretudo da oratura, como diz o António Torrado. A arte de contar histórias e de crescer contando e ouvindo contar histórias.

E a este maravilhoso acontecimento que teimosamente continua de pé há um nome que tem de estar sempre ligado, o da Cristina Taquelim.

Parabéns Cristna, a tua/nossa festa vai ser, já é linda.

domingo, 12 de setembro de 2010

GORDINHAS E BARRIGUDAS



A Texto Editora, na pessoa da Susana Borges, fez-me o desafio de escrever um livro para a excelente colecção Gramofone com textos, lenga-lengas e histórias que abordassem a brincar a acentuação das palavras na língua portuguesa.

Aí está o livro com ilustrações deliciosas do Afonso Cruz.

Deixo ficar

ROMANCE DAS CATATUAS DE LISBOA


Teodora catatua
era tia de uma linda
Teolinda
também ela catatua.

Catua e catatia
uma sopra outra assobia
Catatia e catatua
mais parecem capicuas
seja noite ou seja dia
seja chuva ou ventania
seja sol ou seja lua
vão andando pela rua
com seus dotes palavrantes
num chorrilho bem falante
de coisas ditas à toa.

Catatia e Catatua
uma aperta outra abotoa
vieram de muito longe
de Mombaça ou de Quiloa
de Damão ou Calcutá
das terras do patuá
e o seu falar atrevido
dá um ar mais colorido
às ruelas de Lisboa

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O MEU AMIGO PINTO

O meu amigo Pinto abriu em 1972 o seu estabelecimento de cabeleireiro de homens em Lisboa na cave do então chamado drugstore Apolo 70 e ainda lá está. Ganhou vários prémios nacionais e internacionais. E pode contar por amigos com a maior parte dos seus clientes.

E os seu clientes, alto lá com ele!, vão desde vários Presidentes da Répública, a muitos políticos de todas as cores, escritores, músicos, actores, gente da televisão, do cinema, médicos, professores universitários, eu sei lá que mais. O Pinto é uma figura fundamental da nossa Lisboa.

Eu cá já lá corto o cabelo desde finais dos anos 70. É verdade que, com esta mania do cabelo comprido, não lhe dou muito dinheiro a ganhar.

Mas é sempre um prazer sentar-me na sua cadeira de barbeiro e deixar correr a conversa, até porque bom barbeiro tem de ser bom conversador e o o meu amigo Pinto é mestre na arte da tesoura e na da palavra.



Um dia, o Pinto falou-me de um conhecido comum. Diabético como eu, mas com muito poucos cuidados com a doença. Estava em casa. Muito triste. Tinham-lhe cortado uma perna. O Pinto tinha lá ido cortar-lhe o cabelo. "É que eu, quando os clientes ficam doentes, faço questão de ir lá a casa tratar deles. E não levo dinheiro. Na minha casa levo. Mas na casa dos clientes, nem pensar!"

Ah! Grande Pinto, pensei eu! Mantém uma ética do ofício que hoje já está tão desaparecida.

Os ofícios praticamente também já desapareceram. E é pena. Cresci em Alcântara. Conheci vários artistas. Quer dizer, mestres de ofício. Gente que trabalhava com mestria a madeira, o ferro, a lata, a fresa, a tesoura, a plaina... Com a mão. E a mão trazia consigo a ética, os valores morais e os sociais. Lisboa foi até aos anos 60/70 uma cidade de ofícios.

Meses depois voltei à cadeira do Pinto e, relembrando a história comovente da forma como ele tinha ido tratar do cabelo ao meu amigo diabético, fiz-lhe um elogio cá dos meus porque merecia isso e muito mais.

Com o seu sorriso caloroso e humilde, o Pinto acrescentou que também, quando um cliente falecia, fazia questão de ser ele a ir fazer-lhe a última barba.

O que é que eu posso dizer mais? Ainda há gente como o PInto. E eu tenho muito orgulho de ser amigo dele.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

ZECA TUM-TUM



Divertiu-me muito escrever este livro que acaba de sair e que fala da pluriculturalidade.

Conta as histórias que acontecem numa turma do 5º ano em que convivem o Zeca Tum-Tum, caboverdeano, a Maria Sarabandovitch, bielorussa,o Tiago Ping-Pong, chinês, o Piarapora, brasileiro, mais outros, um alentejano, um minhoto, um sintrense, e o narrador que é apenas... gordo.

"Entre mim e o meu amigo Zeca Tum-Tum as coisas começaram muito mal. Se calhar todas as grandes amizades começam assim. A nossa começou por um grande entalão.

Foi logo no primeiro dia de aulas, na entrada para a sala de EV. Vínhamos os dois a correr, quisemos entrar ao mesmo tempo e pumba! Chocámos um com o outro, demos uma grande cabeçada e ficámos entalados na porta.

Cada um de nós queria ser o primeiro a entrar na sala. O Zeca disse logo: “Sai daí ó gordo e deixa-me passar!”, “Quem é que é gordo, quem é que é gordo?”, reagi eu todo eriçado embora, naquele tempo, fosse mesmo um bocadinho gordo.. Mas uma coisa era ser gordo e outra era deixar que me chamassem gordo.

“Está bem, até podes não ser gordo…”, Concedeu-me o Zeca, “Mas quem chegou primeiro fui eu!”

Ele achava que tinha sido o primeiro., eu também achava que tinha sido o primeiro e ali ficámos, entra não entra, empurra não empurra, até que o professor Silvério abriu-nos muito os olhos e nós baixámos a cabeça e entrámos os dois ao mesmo tempo sem mais confusão.

Cada um foi para seu canto na sala e ficámos o tempo todo a atirar um ao outro uns olhares atravessados daqueles que estão mesmo a prometer que ia haver molho lá fora mal tocasse para o intervalo."

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

ERA UMA VEZ A REPÚBLICA



Acaba de sair. Levou tempo mas aí está. Ainda quente.

Foi dos desafios a que mais gosto me deu responder. Tratava-se de fazer um livro sobre a República que embora não se destinasse a uma idade específica, procurasse ser um livro agradável e útil para meninos e jovens desde os 8 anos até ao 3º Ciclo.

Procurei contar a História como se conta uma estória. Por isso tive de começar por dizer: ERA UMA VEZ A REPÚBLICA".

Quando comecei perguntei a mim mesmo se todos sabemos o que é uma República? Qual é a diferença entre a República e a Monarquia? E o MAPA COR-DE-ROSA, quem o desenhou? Como é que nasceu o hino nacional? Como é que se escolheu a nova bandeira portuguesa? Quem é que era eleito para o Parlamento? O que é a Maçonaria? E a Carbonária? Porque é que assassinaram o Rei D. Carlos? Quem foi Afonso Costa? Porque é que chamavam o Presidente-rei a Sidónio Pais?

São muitas as perguntas que nos vêm a boca quando falamos do 5 de Outubro de 1910. E foi à procura de respostas simples e claras a essas perguntas que meti mãos à obra e comecei a escrevi este livro.

O pai da ideia foi o PEDRO REISINHO, editor da Gailivro. As ilustrações são do ALEX GOZBLAU e a concepção gráfica e design do JORGE SILVA.

O resultado é um mimo. Espero que seja agradável e instrutivo. Um bom instrumento para todos conhecermos melhor o que foi esse momento tão importante da nossa História recente.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

SEXO?



Depois de uns dias confusentos e tristes. em que a morte não desistiu de andar à minha volta...

(Diz o Zé Jorge Letria que com o andar dos anos vamos apanhando cada vez mais funerais...)

Mas dizia eu que, depois de um tempo confusento, chegou o recomeço (e porquê recomeço?) do ano.

Neste caso é a estreia no próximo dia 8 no Casino do Estoril do espectáculo da minha querida amiga Guida Maria. Chama-se "SEXO? SIM, MAS COM ORGASMO". Os autores são a Franca Rame,o Dario Fo, Nobel da Literatura, e o filho de ambos, Jacobbo Fo.

Eu cá fiz a adapção do texto. Quer dizer, tentei pô-lo num protuguês corrente, claro e tão divertido como o original.

Devo dizer-vos que o espectáculo é forte, muitíssimo divertido e sério. Quer dizer, foi escrito por gente que faz do riso um acto de inteligência e de reflexão.

A Guida faz um trabalho excelente e esgotante. Vale mesmo a pena ver. E aplaudi-la. E rir. E pensar. Porque isto do sexo... Não é assim tão linear como nos querem vender.