domingo, 31 de janeiro de 2010

O HOMEM É SAGRADO

A música e a cultura são a única porta que podemos ainda utilizar (para o diálogo entre homens e culturas); todas as outras - políticas, sociais, violentas - foram um fracasso.



Quando se desenvolve apenas a capacidade de desfrutar da parte estética, termina-se em Aushwitz. O comandante nazi que desfrutava a ouvir tocar Mozart aos seus prisioneiros fruía muito da parte estética da música. Mas a sua dimensão espiritual estava a zero, tal como a sua sensibilidade e o seu humanismo. É muito importante não separar nunca o desfrute da beleza da parte estética de uma obra, da sua dimensão espiritual que é o que dá sentido a tudo. O sentido do sacro - que não significa necessariamente religioso - é que o homem é sagrado, as palavras são sagradas, porque são algo essencial que não podemos perverter. Se utilizamos apenas a beleza estamos a perverter, a utilizar algo somente exterior e superficial. Esse é o princípio da decadência.

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(Entrevista de Jordi Savall no "Y", Público, 29/01/10)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

HISTÓRIAS, HISTÓRIAS, HISTÓRIAS



Gosto de pessoas que se multiplicam e fazem muitas coisas ao mesmo tempo e arriscam novas aventuras, novas formas de expressão, novos caminhos para se relacionarem com o mundo e com os outros.

É o caso da Isabel Stilwelll com quem tive o prazer de conversar demoradamente num jantar da Tertúlia Sintrense.

Jornalista, actualmente directora do "Destak", com presença em programas de televisão, parceira do dr. Eduardo Sá no belíssimo programa "Os dias do avesso" na Antena 1, romancista de sucesso e, também, escritora de histórias para crianças.

Não conhecia estas histórias. Mea culpa. São três livros com o mesmo tírulo: "Histórias para contar em minuto e meio". Escritas em conjunto com os filhos Madalena e Francisco.

Resultaram da imensa vontade, necessidade até, que a Iabel tem de contar histórias e de ouvir contar histórias, até porque os filhos lhe devolvem esse prazer onde se forjam os grandes laços do imaginário e do mais belo e sólido afecto.

Há mulheres assim, que têm uma actividade profissional intensa (e de sucesso) sem se despirem da ternura, do sorriso, da família.

E é às famílias que estas histórias se destinam. Histórias para os pais contarem aos filhos e para os filhos contarem aos pais. Histórias para várias ocasiões. Histórias muito divertidas e que já comecei a contar às minhas filhas que já vão entrando na adolescência mas também fazem das palavras uma paixão partilhada.

Caros amigos, peguem nestes livros e contem-nas aos filhos, aos pais, ou seja a quem for. Garanto que vão divertir-se.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

EB23 JOÃO AFONSO DE AVEIRO



Há escolas especiais. E esta é uma delas. Um ambiente fantástico onde fui recebuido com uma ternura sem par pela Isabel Ribeiro e pelo Tiago Carvalho, meu aluno em Loures na Escola Secundária José Afonso, há uns vinte anos e mais qualquer coisita, e que agora é web designer e professor de Educação Visual.

Não há palavras para falar do acolhimento que tive. Pela organização, pelo entusiasmo, pelas duas horas(duas horas sem arredar pé!) em que disse poesia, contei histórias e conversei com meninos do 5º e 6º ano.



E houve música magnífica por alunos do Conservvatorio de Aveiro. E um jantar com professores onda a poesia se sentou à mesa e se alimentou de sorrisos e boa disposição até à meia noite.

domingo, 24 de janeiro de 2010

EU SOU PORTUGUÊS AQUI... EM MACAU



O meu amigo Fernando Vitória enviou-me esta foto do poema "EU SOU PORTUGUÊS AQUI" afixado à porta de uma escola em Macau, suponho que por altura das comemorações do 25 de Abril de 2009.

Assim, já posso dizer: "Eu sou português aqui... Em Macau".

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O LIVRO NEGRO DAS CORES



"Todas as páginas são negras, como as vê o Tomás, o texto está na página esquerda encimado por braille. Na página direita, as ilustrações, em negro e com simples imagens em relevo para os olhos dos que vêem ou para quem o lê de olhos fechados.
Uma obra repleta de beleza, delicadeza e ternura, premiada na Feira de Bolonha em 2007."

Nicolás Santoveña, Revista Peonza

(Enviado pela minha querida amiga Jacqueline Duarte. Obrigado.)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

EB23 DE EIRZ, PAÇOS DE FERREIRA



Tenho de me penitenciar perante a professora Diamantina e os alunos da EB23 de Eiriz, Paços de Ferreira. Publiquei uma fotografia a dizer que era EB23 de Penafiel.

Os alunos de Eiriz ficaram tristes. E com razão. Aqui fica a correcção e mais uma fotografia tirada pela própria professora Diamantina.

Beijos e abraços para todos. E muitas, muitas, muitas leituras.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

NA E23 de PENAFIEL nº 2 COM A LIVRARIA GRIFFUS



Ando atrasado com a publicação de registos da peregrinação que vou fazendação por escolas e bibliotecas.

Não creio que seja um acto de narcisismo. Também será. mas não muito grave. Trata-se muito mais de um fio que tenta improvavelmente fazer perdurar momentos de emoção que me uniram a meninos, jovens e professores a quem eventualmente ajudei a acreditar na festa que pode ser a leitura e a partilha da leitura de histórias e poesia.

É fantástico ver a alegria de muitos dos professores que trabalham nas Bibliotecas Escolares como é o caso da Diamantina aqui em Penafiel. São estes professores que nos fazem acreditar que para além (e talvez apesar) de todos os planos, e reformas e acordos e avaliações, a leitura é uma batalha que pode ser ganha.

Aqui, em Penafiel e Paredes, fui acompanhado pela Livraria GRIFFUS de Paredes, uma linda aventura da Susana e do Vasco, e uma forma de resistência que rouba o livro à esfera das vendas anónimas de supermercado para o tornar num meio de relação entre pessoas que gostavam de ser pessoas e voar pelas palavras como foi prometido ao ser humano.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

UMA QUESTÃO DE CABELO...?

Dos 10 aos 17 anos cresci no Colégio Militar com algumas desvantagens e muitas vantagens.

Uma das desvantagens foi o cabelo sempre cortadinho rente. A farda era até um orgulho. Mas o cabelo... Uns milímetros apenas. Coisa que a partir dos 12/13 anos começou a incomodar-me a mim e a muitos dos meus companheiros.

É que lá fora começava a moda dos cabelos compridos. Beatles, Stones, Dylan, os hippies, os estudantes do Maio de Paris...



(O poeta beat americano Allen Guinsberg)

Nós carequinhas e, nos outros países (França, Inglaterra, Irália, Alemanha, States), o pessoal todo feliz com o cabelo pelos ombros e flores no cabelo, e make love not war e... Tudo aquilo era uma grande festa do amor, da liberdade de irreverência, de revolta, de poesia, de pura e fantástica juventude.

Mal saí do Colégio e entrei para as Belas Artes para estudar arquitectura, o cabelo começou a despedir-se da tesoura do barbeiro e pocurei seguir o exemplo de vários dos cantores pop e rock da época.

O exemplo mais forte foi o de Léo Ferré, magnífico poeta, músico e cabeludo de grande gabarito. Vi-o no Coliseu em Lisboa mais tarde num espectáculo absolutamente excepcional nos anos 80 (84 talvez) e continua hoje a ser hoje para mim uma fonte de inspiração em város aspectos... E no cabelo.



(O poeta, músico e cantor francês Léo Ferré)

Cabelo comprido sempre me pareceu que era uma expressão de fuga às convenções, de poesia, de rebeldia. Não esqueço nunca aquela fotografia do Che, ícon incontornável, a que ao olhar que atravessa o mundo carregado de melancolia se junta o cabelo solto a esvoaçar ao vento.



Por isso, devo dizer que nunca gostei de ver gente de cabeça rapada (só abro a excepção para a lindíssima cabeça luzidia como uma bola de bilhar do meu amigo Luís Pedro Fonseca, que é no fundo um cabeludo ao contrário). De resto, a cabeça rapada ou com o cabelo muito curto, é-me desagradável, intimada-me de alguma forma, provoca-me desconfiança e afastamento.

Há poucos anos atrás, aqui em Portugal, a moda do cabelo muito rente generalizou-se numa geração que terá agora os seus trinta e tal anos. Um horror. Digo eu.

A minha amiga Bárbara, alemã e tradutora de muita literatura lusófona, numa visita a Liboa perguntou-me no seu português cantante: "José, porque é que os portugueses gostam tanto de parecer nazis?"

É claro que lhe expliquei que não era nada disso. Não tinha nada a ver com nazis nem com skin-heads. Era uma moda que, como quase todas as modas, fez tábua rasa de simbologias do passado e só pretendia dar expressão a um estilo bom para anunciar after-shaves e coisas assim por fora da alma.

Sei que a alma não vive no cabelo. Conheço gente linda de cabelo curto e verdadeiros estudores de cabelo comprido. Além disso já estou a ficar careca. O cabelo comprido não vai ficar assim para sempre. Mas a alma, essa, desconfio que não tem cura...

domingo, 3 de janeiro de 2010

20 ANOS DO TRABALHO DE UM MESTRE




Não é a primeira vez que falo de João Abel Manta. E não será a ultima. Para sublinhar sempre a excelência do trabalho de um mestre que deveria brilhar muito alto num país onde se dá tanta publicidade à mediocridade de alguns fabricantes "da faca sem lâmina a que lhe falta o cabo" (como dizia Alexandre O'Neill).

Grande senhor da cultura e da arte, João Abel Manta vive retirado dos holofotes, dos jornais e das miudezas sociais. Desenhador, ilustrador e cartoonista, João Abel Manta dá agora a conhecer parte do seu excepcional trabalho como pintor.

Não é um pós-moderno. Não faz malabarismos. Está preocupado com a matéria da arte e com o seu sentido.

Está no Palácio Galveias em Lisboa, ao Campo pequeno. Guarde-se um bom par de horas para o apreciar porque é de uma imensa coerência, densidade e extensão. Imperdível.


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