segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O REGRESSO AOS MERCADOS


E se for assim já não é mau.

Esta já andou bastante aí pela net. Mas está bem achada. Vale a pena relembrar.

sábado, 17 de novembro de 2012

O MÁGICO PODER DO LEITOR



ALBERTO MANGUEL- A invenção da escrita, há cinco mil anos, comporta uma mudança neurológica muito importante. Muda a nossa noção de tempo e de espaço. (...) O tempo como um presente absoluto e o espaço como o lugar que habitamos ou que podemos percorrer, converte-se em algo ilimitado. Porque, dado que eu posso pôr por escrito algo que tu podes ler, isso pode ser lido dentro de cem anos e pode ser lido do outro lado do mundo.



ALBERTO MANGUEL - Na civilização mesopotâmica a existência do escriba é essencial porque o escriba não é só quem escreve leis mas também quem as decifra, É ele que pode dizer ao rei: "o teu avô, quando reinava, disse que a terra x pertence a y."

Então, já que o leitor é aquele que decifra, esse poder que ele tem provoca medo dentro da sociedade.

Esse temor ao poder do leitor é algo que permaneceu ao longo da História. O temor (àqueles) que têm o poder de escrever e ler: bruxas, magos e alquimistas. É o medo a quem pratica uma actividade secreta.



(Da entrevista conduzida por Carlos Vaz marques na Revista LER de Novembro 2012)

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

LEMBRAM-SE?



(Nikias Skapinakis)

Um amigo meu, Capitão de Abril, dos que andaram na linha da frente dizia-me há dias:

"Ó Fanha, a gente pode ajudar, mas agora é a malta nova que tem de dar a volta a isto."

Cá por mim, se for preciso ajudar, contem comigo.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

OS "RANKINGS" DAS ESCOLAS




Por Maria Filomena Mónica

OS JORNAIS publicaram recentemente as listas de rankings, ou seja, a ordenação das escolas segundo as notas obtidas pelos estudantes. À cabeça, surgem as privadas, o que nos pode levar a pensar que os seus docentes são melhores do que os das públicas. Erro: o êxito académico não depende apenas do que se passa dentro das instituições, mas de uma multiplicidade de factores, de que a origem social, associada à localização, é um dos mais importantes. Basta lembrar que, por hora, os filhos dos ricos são expostos a mais 1.500 palavras do que os dos pobres, o que leva a que, aos 4 anos, exista já uma diferença, a favor dos primeiros, de cerca de 32 milhões de palavras.
Uma vez que as públicas têm de cobrir o território nacional, as do interior exibem elevadas taxas de insucesso. A secundária de Portalegre não conseguiu uma única média positiva; na da Guarda, três das cinco melhores escolas não conseguiram atingir os 10 valores; na freguesia de Rabo de Peixe, na ilha de S. Miguel, verificaram-se, no exame do 9.º ano, as piores classificações do país. O Presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares lembrava que, em vez de se concentrarem no lugar nos rankings, os docentes se deviam preocupar antes com «a mais valia» que as escolas traziam aos alunos, após o que, com razão, salientava que nada é uma fatalidade, ou seja, que mesmo os alunos desfavorecidos podiam alcançar bons resultados. Era esse o caso das Escola Básicas de Rio Caldo (Braga), Dr. Manuel Magro Machado (Portalegre) e Couço (Santarém) que, nos exames de Matemática e de Português do 9ª ano tinham subido mais de mil lugares.
Felizmente, as leis sociológicas não são férreas. Não foi em Lisboa que as melhores notas foram obtidas. No universo das públicas, destacaram-se a B+S de Vila Cova (Barcelos), com a média mais alta do país em Matemática A (142,55) e a Secundária da Gadanha da Nazaré, com a mais elevada nota em Geometria Descritiva (178,25). Curiosamente, provando que as pessoas são mais importantes do que os edifícios, o Liceu Passos Manuel cujo restauro, no âmbito da Parque Escolar, exigiu ao Estado 26 milhões de euros, ficou em 481.º lugar, com uma média de 7,8 valores, o que o coloca entre os dez piores. É sabido que o grupo social que mais importância dá à educação é a classe média. Não me espanta assim que a melhor escola secundária de Lisboa tenha sido a José Gomes Ferreira, em Benfica, cujos pais têm uma participação nas reuniões na ordem dos 70 a 80 %.
Portugal teve de fazer um grande esforço depois de 1974. Nem tudo correu bem, mas o país conseguiu escolarizar a maior parte dos jovens, facto que levou a que as escolas sejam hoje muito diferentes das que existiam na minha adolescência, quando, ao terminar a primária, apenas 2 em cada 10 alunos continuava a estudar. Para muitos, a escola contemporânea representa um mundo radicalmente novo. É por isso que o difícil não é ensinar filhos de privilegiados mas sim jovens que, em casa, nunca viram os pais abrir um livro.

«Expresso» de 27 Out 12