domingo, 21 de setembro de 2014

FELICIDADE

Há poemas a que não se deve acrescentar nem um suspiro. É o caso deste de Jorge de Sena.




FELICIDADE


A felicidade sentava-se todos os dias no peitoril da janela.

Tinha feições de menino inconsolável.
Um menino impúbere
ainda sem amor para ninguém,
gostando apenas de demorar as mãos
ou de roçar lentamente o cabelo pelas faces humanas.

E, como menino que era,
achava um grande mistério no seu próprio nome.

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