quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Lacoonte, rimas várias, andamentos graves



como a sentir a tua cara rente

como a sentir a tua cara rente
à minha e as tuas mãos nas minhas, ou
como se a dança amarguradamente
nos desse nesta noite ainda um slow

levado a medo, apenas a ternura
a conduzir de leve os nossos passos
e o corpo estremecendo-te à procura
do seu lugar na grade dos meus braços,

e a luz, fina película de vidros
por entre a frialdade de Janeiro,
a trespassar os corações partidos
estranhamente, e o meu sendo o primeiro,

como se não desse o que doía
na própria dor tingida de alegria.

Vasco Graça Moura

2 comentários:

Licínia Quitério disse...

Uma doce tristeza de antigas sedas.

Um "biscuit".

Atrevimento o meu ;)

Beijinho.

Rita Carrapato disse...

Um retrato inquieto de muitas vidas.
Belíssimo!

Obrigada mais uma vez por momentos destes.

Beijo

Rita