Estamos mais gordos mais magros
talvez mais denso
ou mais pesado o nosso olhar
temos pressa de ternura
angústias de vez em quando
e umas contas de telefone atrasadas
para pagar.
Temos falta de cabelo
três ou quatro cicatrizes
sofremos de inquietação.
Muitas vezes nos disseram
como é rápido o deslize
mesmo assim nunca deixámos
de dar corda ao coração.
Daqueles que já partiram
guardamos silêncio e nome
e uma improvável mistura
de amargura e rebeldia
nas palavras desordeiras
que dizem redizem cantam
relembrando dia a dia
como é feita de azinheiras
a capital da alegria.
Muitas ondas já morreram
outras tantas vão nascer
muitos rios já se cansaram de correr até á foz
águas claras que se foram
outras águas se turvaram
e agora restamos nós.
Somos muitos somos poucos
calmamente radicais
sabemos vozes antigas
trazemos a lua ao peito
amamos sempre demais.
Neste caminho tomado
fomos traídos trocados
vendidos ao deus dará.
Nem por isso desistimos
e assim nos vamos achando
perdidos de andar às voltas
nas voltas que a vida dá.
Somos uns bichos teimosos
peixes loucos aves rindo
plantas poetas palhaços
e portanto resumindo
somos mais do que nos querem
estamos vivos
somos lindos!
José Fanha
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6 comentários:
Permite-me sugerir aos teus visitantes que te (re)vejam em
http://br.youtube.com/watch?v=ABVsuwViLgE
É uma prendinha de anos :))
José Fanha,
Adorei revê-lo a si e também este Poema, no link que a Licínia teve a gentileza de nos deixar. Lindo!..
Obrigada a ambos.
Bom início de semana.
Beijo grande,
É um dos poemas que não me canso de ler...
Obrigada!
Beijos
belo poema, este e outros...
quero também acreditar, que Somos lindos... sim.
e, ainda assim, muitos rios não se cansam de correr até à foz!
um sorriso :)
mariam
Que saudades,Amigo,da tua Poesia!Da tua "maneira" de dizer!Dos cambiantes(chamar assim ñ faz mal!)
da tua voz.
Beijo grande.
Isabel C. ( da Esc.de Loures)
Obrigada por traduzir tão bem os "balanços" de alma que todos fazemos depois de uma fracção de caminho percorrido.
É sempre um prazer ler os seus poemas...
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