quarta-feira, 24 de setembro de 2008

NA ESTRANHA CASA DE UM OUTRO



POEMAS DO ELÉCTRICO
´
PARAGEM II

A cidade é imóvel e o eléctrico
avança alheio
pela preguiça amarela que o sustenta

Mas se chove,
cola-se-lhe o peso da cidade ao corpo
partilha velada de um movimento baço.

Idênticos a cidade e o eléctrico
no mesmo lento vagar molhado:

a água arrasta a calçada pelo carril
folhas e pombos pingam dos fios
e há sempre uma estátua ou outra
a escorrer no vidro


Rita Taborda Duarte