terça-feira, 30 de junho de 2009

LÍNGUA



(pintura de João Vieira)


LÍNGUA

(Sobre uma pintura de João Vieira)

Em que língua de barro falarei às uvas
e às calandras
nas manhãs de Primavera?

Em que língua de líquen falarei à pedra?

Em que música
que cor
que pigmento
darei nome ao coração sempre à beira
de tocar uma outra transparência?

Em que luz
que lua
que evidência
falarei dos recônditos mistérios
que nos chegam
cavalgando brumas seculares?

Em que silêncio de neve
ou discurso de giesta
falarei do meu amor
quando o seu sorriso adormecer
e todas as palavras se tornarem
em pegadas apagadas pelo vento?

José Fanha (inédito do livro a publicar: "Marinheiro de outras luas")

2 comentários:

Isabel Preto disse...

Simplesmente, maravilhoso!
Como sempre, esse jeito de escrever, de fazer dançar as palavras...está dentro do escritor talentoso.

Licínia Quitério disse...

Faz-me bem ler um poema assim.

Beijo.