quinta-feira, 16 de julho de 2009

ARMÉNIO VIEIRA (Cabo Verde)



ARMÉNIO VIEIRA (1941)

Quiproquó



Há uma torneira sempre a dar horas
há um relógio a pingar no lavabos
há um candelabro que morde na isca
há um descalabro de peixe no tecto

Há um boticário pronto para a guerra
há um soldado vendendo remédios
há um veneno (tão mau) que não mata
há um antídoto para o suicído de um poeta

Senhor, Senhor, que digo eu (?)
que ando vestido pelo avesso
e furto chapéu e roubo sapatos
e sigo descalço e vou descoberto.

O poeta recebeu o Prémio Camões 2009.

1 comentário:

BC disse...

Sou fã da sua poesia há muito tempo.
Descobri por acaso o seu blogue e ainda bem.
A relação poética consigo leva-me a Peniche, não sei se lhe diz alguma coisa????
Uma relação ainda familiar que não sei explicar a 1oo%, isso seria com o meu pai também ele poeta, e assim deixo-lhe um abraço
Isabel Calado Cabral