segunda-feira, 5 de outubro de 2009

AQUELA MANHÃ CHUVOSA DE SETEMBRO

Luís Sepúlveda é um escritor carregado de melancolia, de amabilidade, de dignidade em cada palavra que nos oferece.

Li tudo o que dele foi publicado em português. Quase sempre entursiasmado. Alguns dos seus livros fazem parte da lista dos imprescindíveis quando dirijo Comunidades de Leitores.

Estou a ler o seu último livro. Parei emocionada numa página em que Sepúlveda fala do golpe de Pinochet de 11 de Setembro. E não fui capaz de não a trazer para aqui porque é sempre urgente partilhar palavras como estas.



“… até ter chegado aquela manhã chuvosa de Setembro e a partir do meio-dia os relógios começaram a marcar horas desconhecidas, horas de desconfiança, horas em que as amizades se desvaneciam, desapareciam, e delas não restava senão o pranto aterrorizado das viúvas ou das mães. Á vida encheu-se de buracos negros que surgiam em qualquer parte: alguém entrava numa estação de metro e nunca mais saía, alguém entrava num táxi e não chegava a casa, alguém dizia luz e era engolido pelas sombras.”

3 comentários:

Interessada disse...

Acho que é importante falarmos dos factos históricos para que permaneçam na memória.
Mas porque se fala tanto da crueldade de Pinochet e tão pouco do amor imenso de Salvador Allende?

Anónimo disse...

- Porque falar da crueldade é lembrar o amor. É quando estão ausentes que as coisas boas se tornam mais desejáveis...mais necessárias...

Mar Arável disse...

Boa memória

Abraço