quarta-feira, 16 de março de 2011

HÁBITOS CULTURAIS DOS JOVENS COM 21 ANOS

Há alguns dias o suplemento Ypsílon de O Público publicava um artigo sobre hábitos de consumo cultural em jovens de 21 anos.

Os inquéritos a alguns jovens sobre esse tema bem como as considerações do investigador Vítor Sérgio Ferreira e do sociólogo Jorge Veira são bastante interessantes.

Sei que nesta geração (a tal geração à rasca)nascida com o telemóvel, o dvd, a net, as redes sociais, se desenvolvem competências diferentes de gerações anteriores. Sei ou vou-me apercebendo que esta geração tem leituras transversais e produtivas da comunicação artística, do diálogo inter-cultural, e constrói musaicos de entendimento do mundo tão individualizados quanto tribais.

Gosto deles. Dá para conversar. Nos teatros vê-se muita gente desta idade. E sabemos bem como o teatro é um espaço previlegiado da cidadania. A própria manifestação de dia 12 mostrou-nos uma geração tranquila, segura, com níveis académicos altos e atitudes culturais muito interessantes.

Afinal, quando se receava que o tempo da net fosse o da solidão, parece que não é bem assim Os jovens juntam-se, trocam, partilham, informam, comunicam. Estão juntos. Protestam. Fazem ouvir a sua voz.

Apetece estar com eles.



Gostei destas páginas do Ypsílon que, apesar de abordar o tema pela rama (e é esse o espaço possível de um jornal), abre uma janela que nos permite pensar e olhar à volta com mais esperança e curiosidade.

Só me preocupou o testemunho de um jovem estudante de economia e gestão que terminava constatando que: "Só lê de vez de vez em quando. Não lê (romances) portugueses, nunca foi ao teatro, e também não vê espectáculos de dança e ópera. Nem frequenta museus nem monumentos."

No mínimo deixa que pensar. Estudante de economia e gestão...? Faz suspeitar de que é desta massa que se fazem muitos dos gestores que dirigem (e mal, digo eu) os bancos e as empresas, o a prática política do nosso país.

1 comentário:

Tiago Carvalho disse...

Claro que muitos gestores (e médicos, e juízes, e advogados, e professores) que se julgam apenas simples técnicos e como tal, como robôs, tomam as suas decisões de acordo com as normas e os protocolos estipulados e não são críticos, não utilizam a sua criatividade, não lêem um livro, não vão ao teatro, não se emocionam, etc. Isso já existe há muito tempo, sabes disso, pode ser que agora sejam mais a ler, a escrever, a criar e que o mundo fique melhor. Pode ser.