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Vieira da Silva
2012
Bora emigrar para dentro em 2012. Para dentro do país, para dentro da poesia, para dentro da decência, muito para dentro desta querida Pátria que se chama Portugal.
Bora fazer um ano do caneco e deixar financeiros, políticos, economistas e respectivas primas reduzidos à sua cassete miserável, à sua razão vergonhosa, à sua incompetência provada.
Bora trazer kilos de cultura para a rua e dar o braço uns aos outros, e dar uma ajuda a quem precisa e fazer ouvir a nossa voz de cristal.
Bora contar a história de um país feliz. Era uma vez, no País das Fadas, dos dragões, dos marinheiros, dos reis e das princesas... Deve haver algum país assim. Tem de haver um país assim. Quem o conseguir apanhar com uma rede de apanhar felicidades avise rapidamente!
Bora ser gente e mostrá-lo a quem não anda com a cegueira da crise metida na alma.
Bora sermos muitos.
Bora não choramingar.
Bora mostrar que nós, os da cultura, das palavras, das histórias, do teatro, nós a quem bastam 3 tostões de poesia para almoçar, nós bailarinos, saxofonistas, pianistas e poetas, palhaços e fazedores de prodígios diversos, nós nós nós, NÓS TRABALHOS! E GOSTAMOS DE TRABALHAR! E TRABALHAMOS PARA O BEM COMUM!
Nós fazemos o país enriquecer maravilhosamente todos os dias!
A miserável teoria da crise em que nos mergulharam toca o estômago. É verdade. Mas não faz mirrar a viagem das nossas cabeças, o mar da nossa música, a cor dos nossos telas, o riso dos nossos rostos, a magia das nossas palavras, o produto bruto da nossa criatividade!
Por isso, e em nome de toda esta gente venho dizer-vos a quase todos:
Bom Ano de 2012!