sábado, 4 de abril de 2009
ALÍPIO DE FREITAS
Ouvi falar do Alípio através de uma canção do Zeca Afonso. Nascido em Bragança, padre no Brasil, juntou-se à luta revolucionária dos camponeses sem terra. Esteve preso 10 anos. 5 de tortura diária.
Em Portugal, a partir do 25 de Abril, participei em inúmeras sessões de apoio aos preseos políticos brasileiros e, especialmente, exigindo a libertação de Alípio de Freitas.
O Alípio para mim era um mito. Com a democracia, voltou a Portugal, foi jornalista e professor universitário. Encontrei-o e tornámo-nos amigos do fundo do coração. A sua generosidade, a sua clarividência tranquila, e a dignidade discreta, e a bondade natural, e o seu sentido de solidariedade são exemplos de vida para qualquer um. E em primeiro lugar para mim.
Fez 80 anos há cerca de um mês. Juntei-me a muitos outros amigos para comemorar com ele. Com orgulho no grande abraço que lhe demos.
Viva Alipio!
A letra da canção do Zeca fica aqui:
Baía de Guanabara
Santa Cruz na fortaleza
Está preso Alípio de Freitas
Homem de grande firmeza
Em Maio de mil setenta
Numa casa clandestina
Com campanheira e a filha
Caiu nas garras da CIA
Diz Alípio à nossa gente:
"Quero que saibam aí
Que no Brasil já morreram
Na tortura mais de mil
Ao lado dos explorados
No combate à opressão
Não me importa que me matem
Outros amigos virão"
Lá no sertão nordestino
Terra de tanta pobreza
Com Francisco Julião
Forma as ligas camponesas
Na prisão de Tiradentes
Depois da greve da fome
Em mais de cinco masmorras
Não há tortura que o dome
Fascistas da mesma igualha
(Ao tempo Carlos Lacerda)
Sabei que o povo não falha
Seja aqui ou outra terra
Em Santa Cruz há um monstro
(Só não vê quem não tem vista
Deu sete voltas à terra
Chamaram-lhe imperialista
Baía da Guanabara
Santa Cruz na fortaleza
Está preso Alípio de Freitas
Homem de grande firmeza
José Afonso
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1 comentário:
Noutros tempos, tive a sorte de o conhecer.
Como o defines bem:
"a sua clarividência tranquila, e a dignidade discreta..."
Um beijo.
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