sábado, 4 de outubro de 2008

AS FÁBULAS




DA TERRA

Amar o mar completa a minha vida
com o tacto de um amor imenso.
Amar ateia a margem
arrebata-me de júbilo e paixão.
Mas veio o vento e, por momentos,
amargurou o meu corpo, a oscilar.
E está o sol aqui, depois de uns dias
de jardim obscurecido, a beber sombra.
E sei que os átomos zumbem
e dançam como insectos
ébrios em redor do pólen.


DO SILÊNCIO

O pão do espírito chama pelos olhos
o pão da terra chama pela boca.
Mas quantas vezes o cego vê o Céu,
quantas vezes o farto engana a boca.

pois só o silencio visível aquieta
ao mesmo tempo os olhos e a boca.



Fiama Hasse Pais Brandão

3 comentários:

Madalena S. disse...

Caro José Fanha,
muito obrigada pelo seu simpático comentário na minha Gaveta da Escrita a propósito da descoberta do Padura. Fico contente e desejosa de saber a sua opinião quando por lá for passando.
De qualquer modo, o que lhe queria aqui deixar neste Queridas Bibliotecas era uma nota a propósito desta sua opção editorial de divulgar o que por aí vai aparecendo de novo ou o que até parece já ter barbas mas se arrisca a sair dos trilhos da nossa memória porque não é best seller, não é editado (ou editável), não é, antes de mais, rentável.
É o caso da Fiama. Que bom lê-la. Assim, de repente, surgida do nada. Só porque alguém se lembrou, ou melhor, ainda bem que alguém se lembrou.
É por isso que gosto de cirandar aqui pelos seus blogues - este e o 7 leitores. Porque, de vez em quando, dou de caras com um poema assim. Ou com uma prosa assado. Tanto faz.
Já agora, deixo um pedido: gostava de ler um texto do Dinis Machado escolhido por si. Só cá por coisas. Para ver se gostamos dos mesmos abecedários.
E também porque considero que o Dinis Machado merece uma referência no Queridas Bibliotecas.
Um abraço

Madalena S.

dona tela disse...

E se falássemos de coisas divertidas?

Um beijinho da Tela.

o escriba disse...

José Fanha

Tal como lhe disse esta tarde, aqui deixo a referência do meu blog

http://somadeletras.blogspot.com

Lindos estes poemas da Fiama.Falam da terra, do mar e do espírito, alimento da poesia.

Um abraço
Esperança