terça-feira, 6 de janeiro de 2009

LEITURA COM TODOS



Ler implica um conjunto de rituais, de objectos auxiliares e de escolha de espaços.

Há quem leia na cama, na cozinha, na sala, no chão, no velho cadeirão já feito ao corpo, na paragem do autocarro, no banco do Metro, no jardim, na sala de espera do dentista, na fila para o balcão dos CTT...

O corpo também lê. Ou melhor, o corpo também se predispõe ao acto de degustar a leitura, embora haja quem leia de qualquer maneira e em qualquer altura porque a urgência é muita.

Tudo depende também do autor, do assunto, da forma como se "mastiga" cada texto.

Não se lê da mesma maneira um livro de poesia, um romance policial, um ensaio ou um grande romance. A nossa atitude, a nossa relação com o livro, a forma como namoramos o livro é diferente.



Seja como for, ler é sempre um acto mágico que nos abre portas para nós próprios e para o mundo.

Eu sou quem sou com tudo o que li, o que escrevi, o que pensei. E com os amores em que ardi e os filhos que amo. Com os livros que desejei, sonhei ler, os que abandonei a meio, os que reli uma e outra e outra vez.

Vai ficar mais pequenino, com certeza, quem não for capaz de se abandonar á leitura de um romance de Simenon, de García Marquez, Steinbeck, Dickens, aos contos de Giovanni Papini ou de Flannery O'Connors, á prosa única de Eça ou de Cardoso Pires, aos poemas de Rilke, Pessoa, O'Neill, Ruy Belo, Prévert, Walt Whitman ou Lorca (e tantos, tantos mais).

Quem não se perder nestes encantos vai morrer sem percorrer alguns dos mais fantásticos caminhos do Homem.

2 comentários:

dona tela disse...

Eu venho aqui muitas vezes, mas o que é que vou dizer? Só há muito pouco tempo é que comecei a ler uns livritos. O que eu acho muito engraçado é o senhor escrever livros juntamente com outros senhores. Isso deve ser cá uma confusão.
Desculpe estes desabafos, senhor Fanha.

Respeitosos cumprimentos.

Jaime A. disse...

Eu fico com a "angústia" de Almada Negreiros: nem uma vida inteira dará para ler uma pequena parte destes livros...

O tempo vai passando e eu vou descobrindo um prazer renovado: a leitura (sou um leitor lento e desorganizado, mas já aprendi a viver com isso) e a publicação tímida no meu blogue. Assim, leio (aprendendo sempre algo com os outros) e escrevinho (com o prazer redobrado dalgum "feed-back").

E quantos já lhe disseram isto (não impota, sou mais um...): bem-haja pelo que tem dado à palavra-canção nestes (já) muitos anos. É que isto de ajudar os outros a pensar por si próprios é tarefa difícil!!

Peço desulpa por me ter alongado tanto (se chegou até aqui, foi uma pessoa paciente e bondosa ;)

Um grande abraço.

Joaquim Sobral Gil