“NUNCA PENSEI VIVER…”
Nunca pensei viver para ver isto;
a liberdade – (e as promessas de liberdade)
restauradas. Não, na verdade, eu não pensava
- no negro desespero sem esperança viva –
que isto acontecesse realmente. Aconteceu.
E agora, meu general?
Todos morreram de opressão ou de amargura,
tantos se exilaram ou foram exilados,
tantos viveram um dia-a-dia cínico e magoado,
tantos se calaram, tantos deixaram de escrever,
tantos desaprenderam que a liberdade existe –
E agora, povo português?
Essas promessas – há que fazer depressa
que o povo as entenda, creia mais em si mesmo
do que nelas, porque elas só nele se realizam
e por ele. Há que, por todos os meios,
abrir as portas e as janelas cerradas quase cinquenta anos –
E agora, meu general?
E tu povo, em nome de quem sempre se falou,
ouvir-se-á a tua voz firme por sobre os clamores
com que saúdas as promessas de liberdade?
Tomarás nas tuas mãos, com serenidade e coragem,
aquilo que, numa hora única, te prometem?
E agora, povo português?
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1 comentário:
Ora aqui está o poeta inesquecível dos concursos...
Desculpa, amigo, mas ficaste na minha memória para sempre, com aquele "Doutor, dói-me o peito"...
A pista deixada por uma amiga querida trouxe-me aqui.
Passarei mais vezes, José Fanha, até porque a recordação do tal poema é longínqua e sei que continuas a escrever e "fazer cultura".
Abraço
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