O lenço com que me acena
Tudo o que está para trás,
É coisa já tão pequena
Que me faz chorar a pena
E rir de espanto me faz.
Vejo-o ao longe, a se perder,
A se apagar, a sumir,
Mas não sei, a bem-dizer,
Se ele é que vai a morrer,
Se eu é que vou a fugir.
E o lenço, com que a distância
Me diz adeus lá do seio
Do mar, rasga abismos de ânsia
Entre mim e a minha infância,
Sem deixar nada no meio.
Cabral do Nascimento
sábado, 23 de agosto de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Mais um livro que irei procurar.
Obrigada...
Vou publicar este poema no meu blog para homenagear o poeta cuja efeméride do nascimento ocorre hoje dia 22 de Março. Encontrei esse poema no livro de que é co-autor "Cem Poemas Portugueses sobre a Infância" (aliás, tenho mais três livros da mesma colecção Cem Poemas Portugueses no Feminino, Cem Poemas Portugueses do Adeus e da Saudade ....); mal sabia que buscando o poema na net viria parar ao seu blog. Muitos parabéns pela selecção dos poemas e uma boa semana cheia de sorrisos e ...poesia.
Enviar um comentário