sábado, 14 de março de 2009

A PORTA



As perguntas dos meninos nas escolas que visito repetem-se com muita frequência. Serão talvez o óbvio que faz os meninos perguntarem:

"Quando começou a escrever?", "Qual foi o primeiro livro que escreveu?", "Quantos livros já escreveu?", "Em que sítio gosta de escrever?", "Onde é que vai buscar inspiração?"

Devo confessar que fico por vezes um pouco cansado da monotonia que julgo resultar também de alguma falta de reflexão por parte dos professores que preparam estas perguntas com os meninos quend vão ser isitados por um escritor.

Já arranjei algumas respostas preparadas que me permitem fugir a esse rame-rame desinteressante e voar noutras direcções. Porque todos os caminhos vão dar a Roma e todas as perguntas permitem uma variedade muito grande de respostas. Aprendi á minha custa que, mesmo que as perguntas possam possam ser muito desmotivantes, as respostas é que não têm o direito de o ser.

Sempre que me perguntam: "Qual o livro que mais gostou de escrever?", eu respondo sempre que foi "A Porta". E leio duas ou três páginas deste livrinho que foi e continua a ser aquele que mais prazer me deu escrever al longo dos anos que levo de escritor.

"A Porta" foi escrita há 20 anos em circunstâncias muito particulares da minha vida pessoal. Um tempo em que não tinha uma casa e em que a minha casa foi a escrita deste livro.

"A Porta" é narrada por um menino que fala do dia em que o pai e a Mãe se mudaram para a casa nova e quando lá chegaram não havia paredes, nem tecto, nem casa. Apenas uma porta.

O livro foi editado pela Quetzal através do empenho e da ternura da Maria da Piedade Ferreira. As ilustrações, brilhantes, eram do meu amigo José Paulo Ferro, o livro era um mimo, um luxo, uma beleza. Está esgotado há alguns anos. Mas vai voltar!

3 comentários:

Licínia Quitério disse...

E que tenha uma feliz segunda vida.

Beijinho.

Caçadora de Emoções disse...

José Fanha,
Espero bem que volte...
Vou ficar à espera, atenta.
Felicidades!

Mil beijos e um sorriso :)

Teresa Martinho Marques disse...

Daqui fala uma professora escritora (aprendiz) muito pequenininha, mas com uma imensa paixão pela educação, pela Matemática e pelos livros (em particular a poesia). Como amanhã estarei numa escola (na qualidade de "escritora" com um único livrito indicado no PNL) cuja Biblioteca tem o seu nome... vim à sua procura. E encontrei bem mais do que esperava... Foi um imenso prazer e passará a ser uma das teias cúmplices da minha, nestes recantos tecidos pela blogosfera!
Como falo pelos cotovelos (que têm boca embora pareça que não)... fujo às questões todas e deambulo até com canções que ensino aos meninos... daquelas feitas por mim em que junto melodias inventadas a poemas não menos inventados, explico como criar borboletas, que são poemas às cores, até ensino como a Matemática pode ser uma poesia de versos inesperados... Nunca uma sessão é igual à outra... Se as perguntas podem ser as mesmas (a mim perguntam sempre como é que uma professora de Matemática gosta de escrever poemas)... as respostas podem voar para onde desejarmos... :)
Tudo de bom!
Abraço