domingo, 20 de abril de 2008

BALANÇO PROVISÓRIO

Estamos mais gordos mais magros
talvez mais denso
ou mais pesado o nosso olhar
temos pressa de ternura
angústias de vez em quando
e umas contas de telefone atrasadas
para pagar.

Temos falta de cabelo
três ou quatro cicatrizes
sofremos de inquietação.
Muitas vezes nos disseram
como é rápido o deslize
mesmo assim nunca deixámos
de dar corda ao coração.

Daqueles que já partiram
guardamos silêncio e nome
e uma improvável mistura
de amargura e rebeldia
nas palavras desordeiras
que dizem redizem cantam
relembrando dia a dia
como é feita de azinheiras
a capital da alegria.

Muitas ondas já morreram
outras tantas vão nascer
muitos rios já se cansaram de correr até á foz
águas claras que se foram
outras águas se turvaram
e agora restamos nós.

Somos muitos somos poucos
calmamente radicais
sabemos vozes antigas
trazemos a lua ao peito
amamos sempre demais.

Neste caminho tomado
fomos traídos trocados
vendidos ao deus dará.
Nem por isso desistimos
e assim nos vamos achando
perdidos de andar às voltas
nas voltas que a vida dá.

Somos uns bichos teimosos
peixes loucos aves rindo
plantas poetas palhaços
e portanto resumindo
somos mais do que nos querem
estamos vivos
somos lindos.

José Fanha

6 comentários:

Maria disse...

Somos tudo isso, mas lindo, lindo, é o teu poema...
Obrigada.

Um abraço

Caçadora de Emoções disse...

Zé Fanha,
Adorei o poema...
Parabéns!

Um abraço,
Paula

Unknown disse...

Tudo isso! Lindo. Obrigada, José Fanha.

Unknown disse...

Tudo isso! Lindo. Obrigada, José Fanha.

Unknown disse...

Tudo isso! Lindo. Obrigada, José Fanha.

manelostar disse...

Irei declamar te. MANELOSTAR