São os cães da infância os cães dementes
ladrando-me às canelas do passado
cães mordendo-me a vida com os dentes
ferrados no meu sexo atormentado.
Paguei cada minuto do presente
com vergões de amor próprio vergastado
porém só fala quem se não consente
vencido temeroso ou amarrado.
Contra os cães uivo. Não me fico assim.
Não tenho pai nem mãe. Nasci de mim
macho e fêmea gerando o desespero.
Lutar é tudo quanto sou capaz.
Não me pari para viver em paz.
Tudo o que sou é menos do que eu quero.
José Carlos Ary dos Santos
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2 comentários:
Como eu me revejo neste soneto...
Obrigada, José Fanha.
Um beijo
"- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia !
Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado, não!"
Um dos maiores problemas de Portugal, é cada vez existirem mais portugueses castrados…
Continue José Fanha, vale sempre a pena visitá-lo!
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