FIM DE TARDE
Não agites o silêncio
não toques a limalha
da matéria luminosa
não ofendas essa longa
etérea rosa
que tacteia
o linho da toalha
ao fim do dia.
Exausta de alegria
a criança vem
derramando mil pedrinhas
borboletas
pétalas marinhas
sobre as pálpebras da mãe.
Não desvendes o mistério
desse redondo hemisfério
não inventes outro céu.
No novelo aconchegado
do centro do seu império
a criança adormeceu.
José Fanha
(in, "Breve tratado das coisas da arte e do amor")
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6 comentários:
Uma única palavra: BELO!
Que bom ler este belo poema ao fim de tarde e tirar uma boa soneca!
Felizmente, há coisas assim...
Abraço
Já não vinha aqui há algum tempo...
É sempre bom qundo voltamos :)))
Sobretudo, quando encontro poesia assim, que me embala e faz sonhar!
Bem haja.
Beijos,
Um dos seus poemas, meu preferido pela emoção frágil e intensa que transporta.
Rita
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