Os ais de todos os dias
os ais de todas as noites
ais do fado e do folclore
o ai do ó ai ó linda
Os ais que vêm do peito
ai pobre dele coitado
que tão cedo se finou
Os ais que vêm da alma
ais d’amor e de comédia
ai pobre da rapariga
que se deixou enganar
ai a dor daquela mãe
Os ais que vêm do sexo
os ais do prazer na cama
os ais da pobre senhora
agarrada ao travesseiro
ai que saudades saudades
os ais tão cheios de luto
da viúva inconsolável
Ai pobre daquele velhinho
ai que saudades menina
ai a velhice é tão triste
Os ais do rico e do pobre
ai o espinho da rosa
os ais do António Nobre
ais do peito e da poesia
e os ais doutras coisas mais
ai a dor que tenho aqui
ai o gajo também é
ai a vida que tu levas
ai tu não faças asneiras
ai mulher és o demónio
ai que terrível tragédia
ai a culpa é do antónio
Ai os ais de tanta gente
ai que já é dia oito
ai o que vai ser de nós
E os ais dos liriquistas
a chorar compreensão
Ai que vontade de rir
E os ais do D.Dinis
ai Deus e u é
Triste de quem der um ai
sem achar eco em ninguém
Os ais da vida e da morte
ai os ais deste país
Mendes de Carvalho
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2 comentários:
José Fanha
Nã recordo o poema, mais ai, que uma pérola!
Daniel
"Ai D. Leonor!
dor tão fina, tão santa, tão concórdia..."
Porque carga de água é que me fui lembrar deste maluco?
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