Antoni Tapiés, pintura.
segunda-feira, 31 de março de 2008
ANTONI TAPIÉS
Deus existe
e dança no seu gesto largo
ao largo da penúria
dos metais unívocos.
Deus sorri
contente
mergulhando as mãos no barro.
Tu serás de terra e ocre
tu de fogo
tu de cinzas e silêncio
tu raiz ou mel ou ave.
Deus te deu a porta e a laranja.
Abrirás a porta.
Teu será o fruto
a curva
o sumo.
Correrás o labirinto.
Tomarás para ti a lama
os trapos
e as paixões.
Seguirás em busca
da turfa do poema.
José Fanha, "Elogio dos peixes, das pedras e dos simples"
e dança no seu gesto largo
ao largo da penúria
dos metais unívocos.
Deus sorri
contente
mergulhando as mãos no barro.
Tu serás de terra e ocre
tu de fogo
tu de cinzas e silêncio
tu raiz ou mel ou ave.
Deus te deu a porta e a laranja.
Abrirás a porta.
Teu será o fruto
a curva
o sumo.
Correrás o labirinto.
Tomarás para ti a lama
os trapos
e as paixões.
Seguirás em busca
da turfa do poema.
José Fanha, "Elogio dos peixes, das pedras e dos simples"
domingo, 30 de março de 2008
O JAZZ DE MATISSE
O jazz sopra
e a tesoura do olhar
recorta
bailarinas.
O jazz
arrasta as luzes
da cidade
engole espadas
beija
brevemente
o voo
dos trapezistas.
O jazz deita-se
na cama
do pintor
empresta-lhe uma asa
inspira-lhe o olhar
das águias
convida-o
à paz
redonda
de dois seios
de mulher.
O jazz instala-se
nos dedos
desarruma
a alma
coloca
na mais urgente
ordem do dia
toda a gama dos azuis.
José Fanha, "Elogio dos peixes, das pedras e dos simples"
e a tesoura do olhar
recorta
bailarinas.
O jazz
arrasta as luzes
da cidade
engole espadas
beija
brevemente
o voo
dos trapezistas.
O jazz deita-se
na cama
do pintor
empresta-lhe uma asa
inspira-lhe o olhar
das águias
convida-o
à paz
redonda
de dois seios
de mulher.
O jazz instala-se
nos dedos
desarruma
a alma
coloca
na mais urgente
ordem do dia
toda a gama dos azuis.
José Fanha, "Elogio dos peixes, das pedras e dos simples"
sábado, 29 de março de 2008
ZÉ VIANA
Coisas da vida... Aqui estou eu com seis anos, a desenhar uma casa sob o olhar terno e divertido do José Viana.
Eu viria a ser arquitecto (muito pouco praticante). Mais importante: viria a ter o privilégio de me cruzar várias vezes nas teias da amizade com este grande actor e pintor que foi o Zé Viana.
sexta-feira, 28 de março de 2008
MÁRIO DE CARVALHO
"A literatura foi-me entregue. tenho a obrigação de a devolver sem estragos."
Mário de Carvalho, O Público, 28 de Março
O Mário será, quanto a mim, o escritor vivo que melhor usa e trabalha a nossa língua. Por isso, é particularmente comovente esta sua afirmação feita com a humildade que faz dele um homem grande e discreto.
Mário de Carvalho, O Público, 28 de Março
O Mário será, quanto a mim, o escritor vivo que melhor usa e trabalha a nossa língua. Por isso, é particularmente comovente esta sua afirmação feita com a humildade que faz dele um homem grande e discreto.
quarta-feira, 26 de março de 2008
PALMELA
segunda-feira, 24 de março de 2008
MEDOS, FOBIAS, OBSESSÕES
Uma vida não nos chega para tudo o que gostaríamos de fazer, de visitar, de amar.
Há momentos em que temos de fazer escolhas. Não se pode fazer tudo bem. É preciso criar prioridades. A poesia e a sua divulgação ganharam um ligeiro avanço ao resto. Além disso, há actividades como as artes plásticas que são demasiado absorventes para se fazerem em part-time.
Às vezes dava-me para "bonecar". Ultimamente menos. Há uns anos andava a inventar uns bicharocos engraçados. Este foi parar à capa da Revista de "Psicologia" que abordava o tema dos "Medos, fobias, obsessões". 1989. Já lá vai algum tempo...
domingo, 23 de março de 2008
FRANCISCO MENDES
"Perdigão perdeu a pena..." de Camões, braço dado com a música de "Chico Fininho" do Rui Veloso. Uma pequena aventura bem sucedida.
Ao piano e fora da fotografia estava o António Palma.
Valeu a pena juntar o velho e o novo. Quando se arrimam bem sai uma festa bonita.
Conhecia o Francisco de quando ele ainda andava de calções. Do Mendes pai, Carlos, cantor e arquitecto, sou amigo e fui companheiro da escola de belas Artes, de sonhos, de desilusões e de cantigas.
Agora tive a felicidade de andar à volta da poesia com o Francisco por palcos inesperados, em S. João da Madeira.
Um animador fantástico. Um comunicador invulgaríssimo. Um ser humano de primeria água.
Viva o Chico! Vivá nós!viva a poesia!
quinta-feira, 20 de março de 2008
quarta-feira, 19 de março de 2008
A POESIA FAZ VOAR
Poesia e versos não são a mesma coisa. Os versos rimam, fazem rir, sorrir, concordar, discordar... Mas a poesia faz voar. E os meninos sabem tão bem caminhar com os seus passos pequeninos sobre a matéria da poesia.
Veja-se este trabalho colectivo da Escola do 1º Ciclo de Fundo de Vila, S. João da Madeira com a professora Salomé, feito depois de uma conversa à volta de "A criança e a vida". Lembram-se desse livrinho de poemas de crianças organizados pela Maria Rosa Colaço?
O que é uma borboletaa?
É uma princesa com asas.
O que é um pássaro?
É uma flauta do ar.
O que é um livro?
É uma televisão em pausa.
O que é um cometa?
É uma bola maluca desvairada no ar.
O que é uma gota de água?
É uma lágrima de uma nuvem magoada.
Veja-se este trabalho colectivo da Escola do 1º Ciclo de Fundo de Vila, S. João da Madeira com a professora Salomé, feito depois de uma conversa à volta de "A criança e a vida". Lembram-se desse livrinho de poemas de crianças organizados pela Maria Rosa Colaço?
O que é uma borboletaa?
É uma princesa com asas.
O que é um pássaro?
É uma flauta do ar.
O que é um livro?
É uma televisão em pausa.
O que é um cometa?
É uma bola maluca desvairada no ar.
O que é uma gota de água?
É uma lágrima de uma nuvem magoada.
domingo, 9 de março de 2008
LITERATURA
"Todos procuram um final feliz (...), procuram o que é banal e insosso, o que é ligeiro e efeminado: recusam-se a fazer literatura"
In, "O Último Leitor", David Toscana
In, "O Último Leitor", David Toscana
sábado, 8 de março de 2008
LÍDIA A MULHER TATUADA E OS SEUS ACTORES TATUADOS
Em 1973, no 1º Acto Clube de Teatro em Algés formou-se um grupo de teatro muito, muito especial e particularmente delirante chamado “LÍDIA A MULHER TATUADA E OS SEUS ACTORES AMESTRADOS”.
Os fundadores eram o Carlos Manuel Rodrigues, o Carlos Cabral, a Maria de S. José lapa, a Clara Joana, este que se assina, José Fanha, e o Luís Fernando Machado. faziam parte do grupo autores, actores, alguns que nem por isso, namoradas várias, amigos fixes e diversos ocasionais.
Ainda em 73 fizemos um memorável espectáculo intitulado “Aventuras de Zé Pateta o bom cidadão nos entrefolhos do Treme-Treme”.
O Grupo sofreu as crises que sofrem todos os grupos. Saíram uns, entraram outros. Entre os que entraram estava o Vítor Valente que mais tarde viria a fundar o Realejo no Porto.
O segundo e último espectáculo julgo que se estreou antes do 25 de Abril de 74 e foi apresentado nos primeiros meses da festa inquieta e maravilhosa que se lhe seguiu. Chamava-se: “Zé do Telhado – 150 anos de amor e aventuras”.
A “Lídia” foi talvez uma experiência única no teatro português. O caos era total e, apesar disso ou talvez por causa disso, fazia-se um teatro profundamente inquieto e vivo.
As influências vinham de tudo e de todos, desde a revista até ao Grand Guignol, de Jarry ao “Bread and Puppet”, dos Marx Brothers ao “Living Theatre” ao teatro mexicano de guerrilha. Tudo o que calhava. Rasgavam-se todas as composturas e convenções e a festa era garantida. Quem o fazia divertia-se à bruta. Quem o via, diz-se, divertia-se ainda mais.
Ficam aqui duas fotografias do Verão de 74.
Os fundadores eram o Carlos Manuel Rodrigues, o Carlos Cabral, a Maria de S. José lapa, a Clara Joana, este que se assina, José Fanha, e o Luís Fernando Machado. faziam parte do grupo autores, actores, alguns que nem por isso, namoradas várias, amigos fixes e diversos ocasionais.
Ainda em 73 fizemos um memorável espectáculo intitulado “Aventuras de Zé Pateta o bom cidadão nos entrefolhos do Treme-Treme”.
O Grupo sofreu as crises que sofrem todos os grupos. Saíram uns, entraram outros. Entre os que entraram estava o Vítor Valente que mais tarde viria a fundar o Realejo no Porto.
O segundo e último espectáculo julgo que se estreou antes do 25 de Abril de 74 e foi apresentado nos primeiros meses da festa inquieta e maravilhosa que se lhe seguiu. Chamava-se: “Zé do Telhado – 150 anos de amor e aventuras”.
A “Lídia” foi talvez uma experiência única no teatro português. O caos era total e, apesar disso ou talvez por causa disso, fazia-se um teatro profundamente inquieto e vivo.
As influências vinham de tudo e de todos, desde a revista até ao Grand Guignol, de Jarry ao “Bread and Puppet”, dos Marx Brothers ao “Living Theatre” ao teatro mexicano de guerrilha. Tudo o que calhava. Rasgavam-se todas as composturas e convenções e a festa era garantida. Quem o fazia divertia-se à bruta. Quem o via, diz-se, divertia-se ainda mais.
Ficam aqui duas fotografias do Verão de 74.
domingo, 2 de março de 2008
EU SEI QUEM SOU
"TODAS AS HISTÓRIAS ESTÃO AQUI NA MINHA CABEÇA, TODA UMA BIBLIOTECA DE PALAVRAS; A HISTÓRIA DO MEU POVO, DA MINHA ALDEIA, DA NOSSA DOR, TUDO AQUI DENTRO DA MINHA CABEÇA. EU SEI QUEM SOU."
General Tomás Arroyo em
"O Velho Gringo" de Carlos Fuentes
General Tomás Arroyo em
"O Velho Gringo" de Carlos Fuentes
OS LIVROS
"OS LIVROS BONS SÃO OS QUE NÃO DORMEM, OS QUE VEMOS QUANDO ACORDAMOS A MEIO DA NOITE E ESTÃO LÁ A OLHAR PARA NÓS, A INTERROGAR-NOS"
António Lobo Antunes (DN, 17.02.06)
António Lobo Antunes (DN, 17.02.06)
LER E A LEITURA
"A TEORIA EXCESSIVA MATOU O GOSTO PELA LEITURA"
Professor Machado Pires (O Açoriano Oriental", 20.11.06)
"SE ANALISARMOS NÃO ENTENDEMOS"
António Lobo Antunes (DN, 9.11.04)
`
"... COMO PODEM OS JOVENS GOSTAR DE LER SE LHES OFERECEMOS TUDO DILUÍDO?"
Maria Luísa Blanco, (Expresso, 14.12.02)
"O OBJECTIVO SUPREMO DO VIAJANTE É IGNORAR PARA ONDE VAI"
Li Tseng
Professor Machado Pires (O Açoriano Oriental", 20.11.06)
"SE ANALISARMOS NÃO ENTENDEMOS"
António Lobo Antunes (DN, 9.11.04)
`
"... COMO PODEM OS JOVENS GOSTAR DE LER SE LHES OFERECEMOS TUDO DILUÍDO?"
Maria Luísa Blanco, (Expresso, 14.12.02)
"O OBJECTIVO SUPREMO DO VIAJANTE É IGNORAR PARA ONDE VAI"
Li Tseng
BORGES
"A LITERATURA É UMA DAS FORMAS QUE A FELICIDADE PODE ASSUMIR"
Jorge Luís Borges, na Introdução a "O Olho de Apolo" de G.K. Chesterton"
Jorge Luís Borges, na Introdução a "O Olho de Apolo" de G.K. Chesterton"
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