segunda-feira, 31 de maio de 2010

A SENHORA ALICE




Senhoras donas, por favor!
Cada país (cada língua, cada cultura) tem a sua maneira específica de se dirigir às pessoas. Mal passamos Vilar Formoso, logo toda a gente se trata por tu, que os espanhóis não são de etiquetas nem de salamaleques.
Mas nós não somos espanhóis.
Também não somos mexicanos, que se tratam por "Licenciado" Fulano. Nem alinhamos com os brasileiros, para quem toda a gente é "Doutor", seguido do nome próprio: Doutor Pedro, Doutor António, Doutor Wanderlei, etc..
Por cá, Doutor é seguido de apelido, e as mulheres, depois de passarem por aqueles brevíssimos segundos em que são tratadas por "Menina", passam de imediato-- sejam casadas, solteiras, viúvas ou amigadas, sejam velhas ou novas, gordas ou magras, feias ou bonitas, ricas ou pobres -à categoria de "Senhora Dona".
Mas parece que uns estranhos ventos sopraram pelas cabeças das gerações mais novas que fizeram o "dona" ir pelos ares ou ficar no tinteiro. Quando recebo daqueles telefonemas que me querem impingir tudo o que se inventou à face da terra-- desde "produtos" bancários que me garantem vida farta, até prémios que supostamente ganhei por coisas a que nunca concorri-sou logo tratada por "Senhora Alice." Respondo sempre: " trate-me por tu, se quiser; ou só pelo meu nome, se lhe apetecer; mas nunca por Senhora Alice".
Mas o cérebro destes pobrezinhos não foi formatado para encontrar resposta a estas coisas, e exclamam logo: "ah, então não é a Senhora Alice que está ao telefone!"
Eu sei que isto não é uma coisa importante, mas que é que querem, irrita-me quando oiço este tratamento dado às mulheres.
Tal como me irrita quando vejo/oiço um jornalista tratar por você alguém com o dobro da idade dele.
É uma questão de delicadeza. De respeito. E de saber falar português. Três coisas, admito, completamente fora de moda.
Pois qual não é o meu espanto quando, aqui há dias, na televisão, oiço o Senhor Primeiro Ministro referir-se assim à mulher (também odeio a palavra "esposa"?) do Comendador Manuel Violas. "A Senhora Celeste?." (não sei se é este o nome da senhora, mas adiante).
Fico parva. Nos cursos todos que tirou, ninguém lhe ensinou que as senhoras são todas "Senhoras Donas"?
Parafraseando livremente o nosso Augusto Gil,"que quem trabalha num call-center nos faça sofrer tormentos? enfim! Mas o Primeiro-Ministro, Senhor? Por que nos dás esta dor? Por que padecemos assim?"

domingo, 30 de maio de 2010

O SENHOR JOSÉ



"Qual é o seu nome?", perguntam-me vezes sem conta naqueles assaltos à mão armada via telemóvel que são executados por pobres tarefeiros em nome das telefónicas, dos canais de televisão, dos bancos, dos seguros, dos inquéritos e de um sem número de chatos militantes que nos ligam com conversas oblíquas para, regra geral, nos venderem alguma coisa que não queremos.

"Qual é o seu nome?"
Caí que nem um patinho já não sei quantas vezes, respondendo imediatamente: "José Manuel Krusse Fanha Vicente."

"Senhor José..." começa então o funcionário do outro lado do telefone. E aqui é que a coisa se entorna. Fico transido, revoltado, irritado. Eu não sou o sr. José. Não quero ser, recuso-me a ser o senhor José. Detesto as pessoas que me tratam por senhor José. Senhor José é certamente uma marca de pastilhas elásticas. Ou de margarina. Ou de detergente. Ou de....

Eu tenho um nome! Tenho até vários nomes que me podem diferenciar dos outros Josés.

Gosto muito de ser diferente! E gosto muito dos que me são diferentes, c ada qual com o nome que o distingue, que o caracteriza, que o indivuidualiza. Não quero é ser mais um José! Isso é que não, por favor!

terça-feira, 18 de maio de 2010

CONTRA UM CERTO TIPO DE INTERPRETAÇÃO

“A IMAGINAÇÃO É MAIS IMPORTANTE QUE O CONHECIMENTO. ENQUANTO QUE O CONHECIMENTO DEFINE TUDO O QUE NÓS SABEMOS E COMPREENDEMOS NO NOSSO DIA-A-DIA, A IMAGINAÇÃO APONTA PARA TUDO O QUE PODEMOS VIR A DESCOBRIR E CRIAR."

Isto disse Einstein. Em contraste está o texto que recebi e transcrevo abaixo, com as respectivas perguntas de interpretação feitas à maneira de alguns corriqueiros testes escolares da disciplina de português. Há um pequeno pormenor: o texto não faz nenhum sentido. No entanto, muitos alunos responderiam correctamente a esse sem sentido, utilizando a lógica a que eventualmente se habituaram para obter os resulatdos que lhes são pedidos.

Talvez não estejamos muito longe das respostas a perguntas de interpretação sobre, por exemplo, "OS Maias" de que apenas se leu um resumo de 10 páginas...

Aqui vai o texto. Vale a pena reflectir sobre ele e o que ele nos permite reflectir sobre a interpretação de um texto.



Plot ro yo pedrí el escritor en el catón. Socré un ban cote. El graso estaba cantamente linendo. No lo drinió.
Una Para jocia y un Pari joci estaban plinando a mi endidor.
Estaban gribblando atamente. Yo grotí al Pari y a la para fotnamente. No goffrieron nu platión. Na el in yo
no putre licrerlo. Yo lindrió vala.



Perguntas

Dónde pedrió el escritor Plot ro?

Drinió al graso?

Quién estaba plinando a su endidor?

Estaban gribblando atamente o sapamente?

Lindrió o no?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

CARREGAL DO SAL



Visitar escolas plo país fora e levar-lhes poesia, histórias reais e inventadas, amor pela leitura,reflexão sobre os livros e a vida, tem sido uma experiência riquíssima que me faz saber que a grande maioria das escolas, dos estudantes e dos professores estão muito, mas muito longe da imagem que se propaga nos meios de comunicação de desestruturação, indisciplina e incompetência.

É claro que nem tudo são rosas. O excesso delirante de burocracia imposto durante o consulado da anterior ministra é extremamente prejudicial. mantêm-se os processos de avaliação tendentes a empacotar e baixar a qualidade pedagógica. O excesso de actividades (ditas AECs) no 1º Ciclo criam problemas graves de saturaçã, stress e redução das capacidades de aprendizagem.

Mas os professores têm sabido superar estes desmandos de quem manda e não conhece o chão que pisa. E um dos muitos casos que tenho conhecido de uma escola a funcionar muito bem é esta EB23 de Carregal do Sal. Deixei lá amigos do coração e espero lá regressar assim que possível.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

BARCELOS



EB23 Goçalo Nunes de Barcelos onde fui excepcionalmente recebido por jovens motivados, educadíssimos, curiosos, entusiasmados e professores apaixonados pelo seu trabalho e que fizeram deste encontro um momento excepcional. E, ainda por cima, coroado por muitos cravos.

O que é que se pode desejar mais?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS EM AVIS



Um pouco por todo o país, Câmaras Municipais, Bibliotecas Públicas, Bibliotecas Escolares têm vindo a promover a ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS, recuperando uma arte antiga e o património da nossa cultura oral, ligando as histórias à promoção do livro e da leitura, procurando que os mais velhos se envolvam neste movimento e façam do conto uma forma de transmitir a sua memória aos mais novos.

Aqui, em Avis, no auditório Ary dos Santos, tive a felicidade de colaborar num dessas sessões em que se contam histórias. Uma arte feliz que une os mais novos e os mais velhos na preservação das raízes e na construção de um imaginário que nos devolva um futuro mais prometedor.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

ARTHUR DEPANIEVE



Mais um dos escritores presentes no encontro LITERATURA EM VIAGEM na Biblioteca de Matosinhos.

O Arthur, brasileiro de S. Paulo, parecia pessoa macambúzia. Mas quando fez a apresentação do seu livro pôs toda a gente a rir e com imensa vontade de ler este seu livro que se anuncia delicioso.

Jornalista e crítico musical, Arthur revelou-se uma pessoa cheia de humor e simpatia. No seu livro, delirante e difícil de descrever, um adolescente norte-americano negro e rico é raptado no Rio de Janeiro por homens com máscaras de Bin Laden. O relato é feito por três pessoas com três inclinações musicais diferentes.

E mais será difícl explicar.Está na minha pilha das leituras mais urgentes.