domingo, 15 de novembro de 2015

JOÃO CABRAL DO NASCIMENTO (1897 - 1978)

Madeirense, poeta raro, ausente do barulho da fama, a sua obra é de um inexcedível prazer de leitura.

“… graças à arte requintada com que trabalha o verso, Cabral do Nascimento atinge em muitas das suas composições uma simplicidade, uma sageza, um desencanto, um doloroso fruir dos efémeros frutos da vida, características que lhe dão o direito a que o consideremos um dos mais altos poetas da sua geração.” João Gaspar Simões dixit.




REDONDILHA


Sobre os rios e ribeiros

Que por esses vales vão,

Pus um barco de papel.

Os desejos vogam nele,

Que as palavras essas não.




E quando as águas encontram

As suas irmãs do mar

E se misturam, aos beijos,

Vão para o fundo os desejos

As penas sobem ao ar.




Desejo, dor e saudade

São companheiros. Depois

Morre primeiro o primeiro,

Ainda ás vezes solteiro,

Ficam só os outros dois.



sábado, 31 de outubro de 2015

YVETTE CENTENO


Poeta elegante, serena, segura. Trabalha nos insterstícios da linguagem. Merece ser redescoberta.

O POETA ABORRECIDO


E de repente o vazio

o ennui

o aborrecimento

sem causa nem efeito

as horas não obedecem

ao ponteiro do relógio

e este,

falhado o seu destino,

entra em desgoverno

e mata-se

no fundo da gaveta



O homem sentado a ler

não sabe nada das horas

nem do relógio

e ainda menos da gaveta

e do grande desgoverno

se lhe falassem disso

diria que era treta

ele já se perdeu do tempo

do presente e do passado

o entretém são as letras

elas são o seu relógio

são as horas

e o ponteiro

são o último dos últimos

e para sempre

o primeiro


















domingo, 18 de outubro de 2015

ISABEL MEYRELLES


Artista plástica, ezcelente ceramista e poeta. Foi das poucas mulheres ligadas ao Movimento Surrealista Português. Estudou e viveu entra Paris e Lisboa.

A sua obra poética foi publicada há alguns anos pela editora Quasi.



Gosto de ver as minhas mãos
sonhar contigo,
sonhar os meandros
mais secretos
do teu corpo
floresta e armadilha,
fonte e bramido

Gosto de ver as minhas mãos
sonhar contigo,
entrelaçadas, adormecidas,
recriando o peito,
as espáduas, o ventre,
as coxas, o sexo,
amazônia interior

Gosto de ver as minhas mãos
sonhar contigo,
por vezes um único dedo
desenha no ar
os olhos, a boca, o cabelo,
estrela negra
que só eu conheço
Gosto de ver as minhas mãos
sonhar contigo,
sonhar esta travessia do espelho
de reflexos infindos
que é a minha recordação de ti.
Aliás, que outra coisa
podem elas fazer?

terça-feira, 13 de outubro de 2015

ANA HATHERLY


Foi-se embora há cerca de dois meses. E faz falta. Peloi seu espírito inovador. Experimental. Pelo seu trabalho plástico. Pela sua bela poesia.

Esta "BALADA DO PAÍS QUE DÓI" foi escrita nos anos 60. Podemos relê-lo como se tivesse sido escrito nestes últimos anos da chamada crise.



BALADA DO PAÍS QUE DÓI

O barco vai
o barco vem

português vai
português vem

o corpo cai
o corpo dói

português vai
português cai

o barco vai
o barco vem

português vai
português vem

o país cai
o país dói

o tempo vai
o tempo dói

português cai
português vai

português sai
português dói

domingo, 4 de outubro de 2015

JOAQUIM PESSOA


Querido amigo e companheiro da poesia, da palavra partilhada, do poema na ponta da voz.


OS AMANTES COM CASA

Andavam pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Respiravam exaustos como se tivessem
nascido da terra
de dentro das sementeiras.
Beijavam-se magoados
até se magoarem mais.
Um no outro eram prisioneiros um do outro
e livres libertavam-se
para a vida e para o amor.
Vivendo a própria morte
voltavam a andar pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Então era a música, como se
cada corpo atravessasse o outro corpo
e recebesse dele nova presença, agora
serena e mais pobre mas avidamente rica
por essa pobreza.
A nudez corria-lhes pelas mãos
e chegava aonde tudo é branco e firme.
Aquele fogo de carne
era a carne do amor,
era o fogo do amor,
o fogo de arder amando-se e por toda a casa,
contra as paredes, no chão.
Se mais não pressentissem bastaria
aquela linguagem de falar tocando-se
como dormem as aves.
E os olhos gastos
por amor de olhar,
por olhar o amor.
E no chão
contra as paredes se amaram e
pela casa andavam como
se dentro das sementeiras respirassem.
Prisioneiros libertados, um
no outro eram livres
e para a vida e para o amor se beijaram
magoando-se mais, até ficarem magoados.
E uma presença rica,
agora nova e mais serena,
avidamente recebeu a música que atravessou de
um corpo a outro corpo
chegando às mãos
onde toda a nudez é branca e firme.
Com uma carne de fogo,
incarnando o amor,
incarnando o fogo,
contra o chão das paredes se amaram
pressentindo que
andando pela casa bastaria tocarem-se
para ficarem dormindo
como acordam as aves.

sábado, 19 de setembro de 2015

MANUEL ALBERTO VALENTE


O Manuel Alberto Valente é um editor reconhecidíssimo pela qualidade do trabalho que tem feito na sua vida profissional. Devo-lhe ter-me dado a conhecer uma enorme quantidade de escritores.

No entanto será menos conhecido como poeta que teve uma produção mais intensa antes do 25 de Abril. Várias vezes lhe falei da sua poesia e encontrava nele uma timidez como se preferisse deixar a poesia no longe dos anos onde morava.

Felizmente é agora publicada. E algumas pessoas mais jovens ou menos recoirdadas terão por certo agradáveis surpresas ao lê-lo.



LADAÍNHA PARA O TEU ADORMECER


um velho muito velho a sonhar com a Soraya
um padre muito padre a dizer que é ateu
um prédio quase novo que se espera que caia
uma homenagem póstuma a alguém que não morreu

uma canária virgem que abandonou o ninho
uma fonte com água quase a morrer de sede
a dez tostões esticadores p’ró colarinho
um ginasta atrevido que trabalha sem rede

uma pomada mágica do próximo oriente
um macaco sem rabo que foi de foguetão
um bébé sem cabelo a chorar por um pente
uma tia doente a arder no fogão

uma cautela em branco na roda de amanhã
um nariz muito sujo sem ter onde se assoe
um ramo de camélias a estrelar na sertã
e que deus nosso senhor vos abençoe

domingo, 13 de setembro de 2015

DANIEL FARIA

Poeta breve e fulgurante, Daniel Faria naceu emn 1971 e faleceu em 1999 quando estava prestes a concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga.

Anunciando uma clara influênia de Eugénio de Andrade, Daniel Faria construiu uma voz própia que deixava prever um longo e magnífico caminho na poesia que infelizmente ficou apenas pela promessa.


AMO-TE NESTA IDEIA NOCTURNA DA LUZ NAS MÃOS

Amo-te nesta ideia nocturna da luz nas mãos
E quero cair em desuso
Fundir-me completamente.
Esperar o clarão da tua vinda, a estrela, o teu anjo
Os focos celestes que a candeia humana não iguala
Que os olhos da pessoa amada não fazem esquecer.
Amo tão grandemente a ideia do teu rosto que penso ver-te
Voltado para mim
Inclinado como a criança que quer voltar ao chão.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

MIGUEL-MANSO


Longe do do que podemos dizer que é o millieu literário, Miguel-Manso ocupa um lugar destacado na poesia contemporânea portuguesa. A sua poesia tem uma ressonância com alguma dimensão telúrica, uma verdade própria que se constrói como uma aventura por vezes emocionante entre a palavra e a vida.

NEM TANTA COISA DEPENDE

~
preferes o canto, o lugar oculto
a folhagem, a sombra, o quarto, este
saco de trigo: ouro de um texto
sobre a velha escrivaninha do real
lá fora o clarão do arvoredo
atalhos para a tingidura da paisagem
cá dentro menos caminho, outro
panorama: a presença tão-só
desabitada de uma pessoa, mistério sem
atributo ou função
sempre a desfeita de um coração
o cultivo intensivo das figuras
e sobram tristeza e dias ao corpo que escreve
no calabouço de uma manhã muito larga
reluzente de gotas de mel
enquanto os gatos lambem o sábado
e sentado, sapo de ouro, permites-te pôr no mundo
(mas porquê) outro poema


[in Ensinar o Caminho ao Diabo, edição do autor, 2012]

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

MATILDE CAMPILHO

A Editora Tinta da China é das poucas editoras que mantém uma coçlecção de poesia com uma distribuição que permite encontrar os seus volumes nas livrarias em geral.

Boa escolha gráfica (como é timbre da editora), direcção do Pedro Mexia, autores novos e velhos, portugueses e estrangeiros... Poesia. E basta.

Parabéns.

A Matilde Campilho é das muito novos e já com grande sucesso suponho que sobretudo no Brasil. Diz-se dela que é uma luso-carioca, jornalista, poeta nómada.

A sua escrita é nova, festiva, intensa. Mistura inglês, português de cá, português de lá, reinventa alguma gramática e construção narrativa.

Constrói-se sobre alguma consistência, muita festa, mais promessa ainda para o futuro. Estamos à espera da continuação.



PRÍNCIPE NO ROSEIRAL


Escute lá
isto é um poema
não fala de amor
não fala de cachecóis
azuis sobre os ombros
do cantor que suspende
os calcanhares
na berma do rochedo
Não fala do rolex
nem da bandeirola
da federação uruguaia
de esgrima
Não fala do lago drenado
na floresta americana
Não diz nada sobre
a confeitaria fedorenta
que recebe os notívagos
para o café da manhã
quando o dia já virou
Isto é um poema
não fala de comoções
na missa das sete
nem fala da percentagem
de mulheres que se espantam
com a imagem do marido
aparando a barba no ocaso
Não fala de tratores quebrados
na floresta americana
não fala da ideia de norte
na cidade dos revolucionários
Não fala de choro
não fala de virgens confusas
não fala de publicitários
de cotovelos gastos
Nem de manadas de cervos
Escute só
isto é um poema
não vai alinhar conceitos
do tipo liberdade igualdade e fé
Não vai ajeitar o cabelo
da menina que trabalha
com afinco na caixa registadora
do supermercado
Não vai melhorar
Não vai melhorar
isto é um poema
escute só
não fala de amor
não fala de santos
não fala de Deus
e nem fala do lavrador
que dedicou 38 anos
a descobrir uma visão
quase mística
do homem que canta
e atravessa
a estrada nacional 117
para chegar a casa
ou a algum lugar
próximo de casa.


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

JORGE GOMES MIRANDA


JORGE GOMES MIRANBDA nasceu no Porto em 1965 e tem uma vasta obra espalhada em inúmeras editoras, com livros difíceis de encontrar. É um poeta com uma atenção ao quotidiano que me agrada e emociona frequentemente.


MOLA DE ROUPA

Conservei-me afastada do estendal
durante algum tempo.
Sofro de vertigens, por isso
intimidava-me olhar para baixo,
o pátio vazio, restos de flores secas.
Um prédio com dez andares
e ele tinha logo que viver no último,
tendo como horizonte o mar
de terraços e antenas parabólicas.

Quando, chegado com a roupa
da máquina de lavar,
pega em mim,
de suas mãos eu deslizo para o chão.
Apressado, em vez de me apanhar
imediatamente, escolhe outra;
no final, atira-me para o cesto
de verga.

Não é que seja particularmente ardilosa,
mas verdade seja dita, preferia ser
mola de rés-do-chão,
dessas que faça sol ou chuva
sempre prendem a roupa numa corda
estendida no pátio.
O destino quis-me feita de plástico,
com um coração inclinado à melancolia.
Tenho, no entanto, como divisa
antes quebrar que torcer.

Sonho com o dia em que nas mãos da criança
serei um comboio.


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

CARLOS ALBERTO MACHADO


Carlos Alberto Machado , (1954) poeta, dramaturgo, romancista, ensaista, trabalha nas áreas do teatro, animação e gestão cultural.



DESCULPA DESCULPA



(para a Mulher Azul)



Desculpa desculpa
nem sei o teu nome
só olhei para ti deitada
na via do infante
quinze de agosto
mil novecentos e noventa e nove
olhei várias vezes sem perceber
olhei-te pois e estavas azul
sobretudo no rosto e nos pés
cuspida na valeta
(ó mãe os carros cospem?)
noutras circunstâncias diria olá!
agora assim azul e a pulsação quase nada
qual era a tua cor antes do azul?
se ainda receberes a tempo este telegrama
responde-me por favor
o apartado está no verso.


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

EDUARDA CHIOTE

Eduarda Chiote, nascida em 1930, tem uma obra vasta, intensa, caminhando nalguma forma de margem.


NA MORTE ESTÁ DOENDO INCRIVELMENTE


Vontade de ter perdido a vontade,
acabei por me enfiar por um corredor à minha procura,
a enfermaria usava nesse dia chinelos azuis e bata da mesma cor,
emocionei-me com os meus passos
no céu
e desejei que as seringas me recusassem as veias: a porta do quarto
[entreaberta sorriu-me
como se ela mesma tomada de espanto
me garantisse nada é tão terrível como imaginas,
evadiste-te.
E já nem os teus
órgãos - em tempestade. O vidro do soro balançava no vazio
como quando as minhas palavras gota
a gota.
Quero agora esquecer que há poemas com muitas receitas,
contas por pagar,
unhas que se esgotam
nos dedos; páginas separadas do livro - são as contingências,
as contingências.
Nada pode ser assim tão ruim: tive alta, mas aqui,
na morte,
está doendo incrivelmente.
«A vida corrói mesmo»,
é uma iniquidade, uma iniquidade: tornei-me tão
insuficiente
que se ninguém
aparecer
não tem importância nenhuma.
Só te peço que guardes de mim uma pequena recordação, pois nela
permaneceremos: a tua escrita e a minha
autobiografia


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

BÉNEDICTE HOUART


Bénédicte Houart é filha de pai belga e mãe portuguesa, nasceu em Braine-le-Conte, uma pequena cidade nos arredores de Bruxelas, em 1968. Mudou-se ainda na infância para Portugal, em 1975, onde tem vivido desde então. Crescendo bilíngue, adotou a língua portuguesa por pátria, como diria Pessoa.


já penélope não sou
nem ulisses regressa
mudo de nome noite
a noite ao sabor da saliva
dos meus amantes
de dia troco lençóis
coso bainhas
descanso os olhos
dantes tecia para
enganar a corte que
me servia de prisão
agora chamo-me eu
não tenho estado civil e
na cela que me tem cativa
tornei-me finalmente livre


quinta-feira, 13 de agosto de 2015

ANA PAULA INÁCIO


Começo a publicar aqui poetas de que gosto daqueles que talvez sejam menos divulgados.

Começo com ANA PAULA INÁCIO



amanhã vou comprar umas calças vermelhas
porque não tenho rigorosamente nada a perder:
contei, um a um, todos os degraus
sei quantas voltas dei à chave,
sublinhei as frases importantes,
aparei os cedros,
fechei em código toda a escrita.

Amanhã comprarei calças vermelhas
fixarei o calendário agrícola
afiarei as facas
ensaiarei um número
abrirei o livro na mesma página
descobrirei alguma pista.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

AN A MARIA MACHADO

Eu sabia que Ana Maria Machado é uma importantíssima escritora brasileira.

Resistente activa à ditadura brasileira. Presa e exilada na Europa.Integra a Presidência da Academia Brasileira de Letras. Premiada em 2000 com o Prémio Hans Christian Andersen, o mais importante prémio atribuído no mundo à literatura infantanto-juvenil.


O maior prazer foi conhecê-la pessoalmente quando aqui esteve emn Fevereiro durante o 1º ENCONTRO DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL DA LUSOFONIQA (atenção que o 2º está quase a ser anunciado).

Como é que ela é? Ana Maria Machado é uma mulher. Nem assim nem assado. Apenas uma grande mulher. E uma grande escritora. Conversei muito com ela. Fui à televisão com ela. Aprendi com ela. Acompanhei-a a uma escola onde conversou e contou as suas histórias aos nossos alunos. Deixou-os encantados.

A sua obra é muito extensa. Disse-me ela que em traduções já vendeu cerca de 22 milhões de livros no mundo!!! Mas pouco ou nada se vendem em Portugal. Nem o seus livros nem os dos autores brasileiros em geral.

Os portugueses no Brasil não têm também grande sorte. Há que desfazer estes nós que impedem a circulação da narração em língua portuguesa e dos riquíssimos e tão diversos imaginários cuja diversidade só nos engrandece. Para isso nasceu e vai continuar o ENCONTRO DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL DA LUSOFONIA.

Entretanto, quem conseguir encontrar um ou dois dos raros livros de Ana Maria Machado em Portugal, não exite. Compre-o. Compre muitos exemplares. Ofereça aos filhos, aos netos, aos pais, aos presidentes, aos ministros da educação e da deseducação e...

O Pavão do abre e fecha é uma delícia. Às vezes aparecem alguns exemplares nos recantos mais obscuros de algumas feiras do livro.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

AMORES DE FAMÍLIA


Gosto da Carla Maia de Almeida. Gosto daquilo que ela escreve. "Quando é que chegamos?", "Irmão lobo", "Não quero usar óculos" e outros, são livros deliciosos e marcos importantes na recente literatura infanto-juvenil em Portugal.

Estes "Amores de família" constituem um aventura muito curiosa e es nomes de deuses da antiguidade clássisa. Trata-se de um livro aberto a muitas leituras de pais e professores que bem sabem como a leitura de um livro em conjunto com uma criança pode abrir-lhes caminhos múltiplos para melhor entendere o mundo e também para se entender a si própria.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

PALAVRAS QUE NÃO TENHAM SIDO MANIPULADAS


Israelita, romancista, pacifista, de esquerda (também existe esquerda em Israel), David Gossman é um escritor intenso e comovente a quem morreu um filho na guerra do Líbano e que continuou a escrever porque é a maneira "que tenho de explicar a minha vida."

Segundo Gossman:

"É preciso clarificar a linguagem. É importante encontrar palavras que não tenham sido manipuladas."

As palavras precisam de ser limpas da banalidade a que a utilização que lhes é dada no quotidiano as condena. É esse o trabalho da literatura e da poesia.-

(Citações retiradas da entrevista publicada no Expresso de 01.08.15)