terça-feira, 31 de maio de 2011

10 CANÇÕES QUE FAZEM PARTE DA MINHA VIDA - ELEANOR RIGBY



Os Beatles espantaram-me a mim e a muitos outros jovens da minha idade. Inventaram, reinventaram. Criaram novas formas de faalr de coisas simples ou mais complexas. Também deles poderia dizer que toda a música que fizeram me levou nas asas de um tempo que foi da puberdade à idade adulta. E ajudaram-me a crecer, a procurara outros sentidos, a celebrar valores que ainda hoje são meus.

"Eleanor Rigby" é seguramente um desses casos de absoluto espanto. Aqui também m.nterpretado por uma voz única que me acompanhou e continua a acompanhar pela vida: um grande senhor da música chamado Ray Charles ue sendo da família do JAZZ não teve problemas em passear por vários outros géneros. Questão de mestiçagem... Resulta quase sempre bem.


domingo, 29 de maio de 2011

10 CANÇÕES QUE FAZEM PARTE DA MINHA VIDA - POETAS ANDALUCES



Ainda me emociono ao ouvir esta maravilhosa canção de Manolo Diaz e dos Aguaviva, grupo espanhol do início dos anos 70. Poema de Rafael Alberti. Do tempo em que a noz do poema tinha coisas por dentro, rios que desaguavam na canção e nos uniam numa mesma voz.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

10 CANÇÕES QUE FAZEM PARTE DA MINHA VIDA - QUIZÁ QUIZÁS QUIZÁS

Comecei a ouvir o Nat King Cole nos discos do meu irmão mais velho. Havia lá por casa o Sinatra, canções Napolitanas e o Nat King Cole en español.

Havia ali qualquer coisa quente e confortável naquela intromissão que um excelente cantor e pianista de Jazz (o seu "Unforgetable" é verdadeiramente unforgetable) fazia no calor de corpo dos ritmos das Caraíbas.

A canção é da autoria do cubano Osvaldo Farrés de 1947 e a interpretação de Nat King Cole vem de alguma forma afirmar que a música é tanto mais universal quanto mais local. Que música boa era música para a troca.

E, numa chapelada ao meu amigo Zé Duarte, cabe perguntar: a menina dança?



Esta coisa da mestiçagem tem momentos deliciosos e inesperados eabaixo vem uma versão coreana do "Qizás, quiás, quizás" Imbatível!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

10 CANÇÕES QUE FAZEM PARTE DA MINHA VIDA - CONSTRUÇÃO

Poucas serão as canções de Chico Buarque que não façam parte da minha forma de respirar.

"A construção" (1971) tem, no entanto, um lugar especial. É dos mais belos poemas da poesia em língua portuguesa dos últimos 40 anos. Devia estar presente obrigatoriamente em todos os compêndios de Português.



Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acbou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

segunda-feira, 23 de maio de 2011

MAIS PINA

O Manuel António Pina não é só um excelentíssimo escritor para a infância. É também um belíssimo poeta e um cronista (Jornal de Notícias) de grande desassombro e coragem na forma como aponta o dedo aos muitos desvarios em que o nosso país é fértil.

As nossas instâncias académicas e de recensão literária sofrem tiques graves de centripetismo e vivem muito mergulhadas em modas e modismos que deixam muitas vezes de parte os poetas menos dados a frequentar os mesmos bailes.

Mas às vezes acertam, como é o caso.

Com o Manel cruzei-me num trabalho de guionismo que nos levou à Galiza numa colaboração entre a TV portuguesa e a Galega que acabou por ficar no tinteiro.

Passámos um fim-de-semana a trabalhar com guionistas galegos. Foi uma delícia conviver com a sua ironia e os eu talento. Mas o Manel sofria porque para ele, estar longe de casa é um pesadelo. Anda ali pelo bairro e não gosta de deixar os gatos sem companhia.

E aqui vai um grande abraço e mais um poema do grande poeta que é o Manuel António Pina.

A UM HOMEM DO PASSADO

Estes são os tempos futuros que temia
o teu coração que mirrou sob pedras,
que podes recear agora tão fundo,
onde não chegam as aflições nem as palavras duras?

Desceste em andamento; afinal era
tudo tão inevitável como o resto.
Viraste-te para o outro lado e sumiram-se
da tua vista os bons e os maus momentos.

Tu ainda tinhas essa porta à mão.
(Aposto que a passaste com uma vénia desdenhosa.)
Agora já não é possível morrer ou,
pelo menos, já não chega fechar os olhos.

sábado, 21 de maio de 2011

MANUEL ANTÓNIO PINA


Grande Manel! Ganhou o Prémio Camões, ninguém esperava e é mais que merecido.

Cruzei-me muito com a sua escrita. Vários dos seus livres estiveram no topo das histórias preferidas do meu filho João, nomeadamente o "TÊPLUQUÊ" e os "GIGÕES E ANANTES"

Gigões são anantes muito grandes.
Anantes são gigões muito pequenos.
Os gigões diferem dos anantes porque
uns são um bocado mais outros são um bocado menos.

Era uma vez um gigão tão grande, tão grande,
que não cabia. – Em quê? – O gigão era tão grande
que nem se sabia em que é que ele não cabia!
Mas havia um anante ainda maior que o gigão,
e esse nem se sabia se ele cabia ou não.

Só havia uma maneira de os distinguir:
era chegar ao pé deles e perguntar:
Mas eram tão grandes que não se podia lá chegar!
E nunca se sabia se estavam a mentir!

Então a Ana como não podia
resolver o problema arranjou uma teoria:
xixanava com eles e o que ficava
xubiante ou ximbimpante era o gigão,
e o anante fingia que não.

A teoria nunca falhava porque era toda
com palavras que só a Ana sabia.
E como eram palavras de toda a confiança
só queriam dizer o que a Ana queria.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

10 CANÇÕES QUE FAZEM PARTE DA MINHA VIDA - LES FEUILLES MORTES

Gostava de partilhar algumas canções que andam por aí meio esquecidas e que fazem parte da minha vida A primeira "les feuilles Mortes" tem a letra de Jacques Prévert música de
Joseph Kosma.

Aqui quem a canta é um dos cantores da minha vida, Yves Montand.

Mais a baixo uma versão jazzíStica inesquecível de Miles Davies sob o título "Autumn Leaves" que surgiu num disco que já perdi e já voltei a comprar várias vezes. Quero tê-lo sempre ao pé de mim. "Something Else". Já devo ter comprado mais de 5 cópias para mim e também para oferecer a amigos.



segunda-feira, 16 de maio de 2011

WE ALL STAND TOGETHER

Há pouco mais de uma semana fui gostosamente "acusado" de generosidade. E fiquei satisfeito e agradecido. Gosto de me pensar como pessoa solidária e generosa.

Talvez olhe a vida de um certo ponto de vista aristocrático de quem tem para com os outros mais deveres que direitos.

Encontro-me muitas vezes, em actos ou em palavras, a dar a mão aos mais fracos, aos injustiçados, aos que sofrem e passam mal.

Não peço reconhecimento nenhum Não sei ser de outra maneira, o que é que querem? Sempre achei que o colectivo é melhor, que todos juntos podemos chegar muito mais longe

Lamento ver jovens e não tão jovens como isso amarrados a um individualismo feroz, cercados de janelas para dentro e sem uma porta por onde sair ao encontro dos outros.

Fui adolescente nos anos 60 e fiquei marcado por esse sentido do colectivo, pelas grandes manifestações de estudantes de França, Alemanha e Itália ou dos EUA contra a guerra do Vietname, a que poderia juntar muitos eteceteras mais.


Sou filho de um tempo e das canções desse tempo. ALL TOGUETHER NOW, UNIDOS EN LA LUCHA NO NOS MOVERÁN, LES ANARCHISTES, e mais e mais.

Por tudo isto apetece-me hoje celebrar o desejo do colectivo e trazer à memória uma canção do Paul McCartney que me deixa sempre enternecido

quinta-feira, 12 de maio de 2011

MEMÓRIAS RECENTES - ABRIL EM CASTRO VERDE



Às vezes as fotografias chegam depois. Desta vez chegaram por correio, num disco, enviadas pelo me amigo, companheiro e poeta Xico Beja.

Comemorações de Abril em Castro Verde. Maria do Céu Guerra, Afonso Dias, Manuel Freire, Xico Fanhais, Tino Flores e este que se assina, José Fanha.

Gente que ainda vem do antes dos Cravos e que traz muitos kilómetros de cantigas e poesia às costas.

Gente que gosta de se rever, reencontrar e ocupar uma e outra vez a "Praça da Canção".

Gente que gosta de estar com gente à volta de palavras com sentido, com raiva, com sangue, riso, com amor, palavras que a voz põe a voar.





terça-feira, 10 de maio de 2011

CAMINHOS DA LEITURA



Depois das "PALAVRAS ANDARILHAS" de Beja, os "CAMINHOS DA LEITURA" de Pombal vêm a crescer de ano para ano.

É mais uma festa do livro e dos seus autores, da promoção da leitura, da arte de contar histórias que vai crescendo e ganhando visibilidade pelo mundo fora.

No fim-de-semana passado (embora o programa incluísse actividades que ocuparam uma semana inteira) estiveram presentes ilustradores como o francês Serge Bloch, e o espanhol Javier, Castán, contadores como Estrella Ortiz e os Piratas de Alejandria de Sevilha e mais os portugueses Serafim, Paulo Condessa, Thomas Bakk que sendo brasileiro já foi adoptado.

E houve oficinas diversas, nomeadamente uma notável com a Margarida Botelho, arquitecta (olá colega) escritora, ilustradora e contadora de histórias.

E etc.

Foi muito bom. O grande auditório da Biblioteca de Pombal esteve quase sempre cheio. A organização foi impecável graças ao trabalho notável do pessoal da Biblioteca liderado pela Sónia Gameiro.



(Com o António Torrado)



(Com o Manuel Sevillano dos PIRATAS DE ALEJANDRIA)



(Com a Luísa Ducla Soares)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

ABRIL EM MAIO



Foi a 29 e 30 de Abril no Clube Asas do Atlântico na maravilhosa Ilha de Santa Maria. Comemorámos o 25 de Abril à beira do 1º de Maio.

E não há palavras para falar da imensa ternura e fraterna amizade com que a Ana Loura, a Cris, o Tó Pincho e tantos mais nos receberam e nos levaram pelos recantos da ILha para partilhar connosco os seus encantos e celebrar em conjunto essa data única da nossa História.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

REMÉDIOS DO RISO



Pela mão da dra. Margarida Carrolo, Ou, aliás, pelo sorriso feliz da dra. Maragarida Carrolo acompanhei durante uma manhã no Hospital da Cuf Descobertas a actuação dos DOUTORES PALHAÇOS do projecto REMÉDIOS DO RISO, que me levaram atrás deles desde a sala de espera das consultas para crianças, passando pela zona dos bébés prematuros até aos quartos de meninos internados.

Num dos quartos, foi delicioso assistir a um "jogo de ténis" entre os dois "doutores" que acabaram por envolver a mãe e puseram o menino internado com um imenso sorriso na boca.

Sempre sonhei ser um dia palhaço. Acho que lhes vou pedir para de vez em quando me juntar a eles. O que é que há de melhor do que levar umas gotas de felicidade e riso ao coração de quem sofre?



Foi uma festa. O dr.Nano Sirene e o dr. Pessoa começaram pela sala de espera. A princípio foi a surpresa de ver ali aparecer aqueles estranhos doutores que a pocuco e pouco fizeram abrir sorrisos e risos e acabaram por envolver pais e meninos nos seus divertidos jogos e brincadeiras.

Num dos quartos, foi delicioso assistir a um "jogo de ténis" entre os dois "doutores" que acabaram por levar a mãe a entrar no jogo e puseram o menino internado com um imenso sorriso na boca.

Sempre sonhei ser um dia palhaço. Acho que lhes vou pedir para de vez em quando me juntar a eles. O que é que há de melhor do que levar umas gotas de felicidade e riso ao coração de quem sofre?


Para informação:

"Remédios do Riso” é uma Associação Sem Fins Lucrativos que procura contribuir para a melhoria da qualidade de vida das crianças hospitalizadas, ajudando-as, e às suas familias a suportar melhor a sua estadia.

Antes de cada intervenção reunem-nos com os enfermeiros de serviço, que fornecem toda a informação necessária sobre o estado das crianças internadas, de forma afazer visitas personalizada.

As intervenções em cada quarto são únicas e individualizadas, à medida de cada criança e com o seu consentimento. Improvisações, canções, jogos de magia, mimos, marionetas e malabares, são algumas das técnicas usadas durante a visita. Os familiares, a equipa médica e o pessoal da limpeza também são chamados a participar.

As visitas realizam-se nas consultas externas, obstetrícia, neonatologia, urgências e internamentos.

E-mail geral@remediosdoriso.pt
Telefone 966569307 / 912656402
Site http://www.remediosdoriso.pt

Não pude deixar de me emocionar muito com o dr. Nano Sirene a tocar muito suavemente um pequeno kissanje (julgo que assim se chama o instrumento musical) junto um bébé prematuro. Até parecia que a sua respiração de tornava mais suave como se a música lhe desse a mão e dissesse: "Vem. A vida também tem gente boa e contigo pode ser melhor ainda."

O ABRAÇO E O CRAVO



Manuel Freire, Rui Curto, José Fanha)

O Rui Curto da Brigada Víctor Jara enviou-me um pedacinho de passado relativamente recente. Maio de 2004, aniversário do SPGL, no Barreiro.

´É bom falar com o passado. Tirá-lo de vez em quando do armário. Limpar-lhe o pó. Convidá-lo para almoçar.

Aproveita-se para recordar amigos, manter os sonhos na ordem do dia. E, depois, seguir em frente que a vida não nos dá tempo para ficar parado a olhar para trás.

Fica o abraço e o cravo.javascript:void(0)



(Manuel Freire, Rui Curto, José Fanha, Julián del Vale)

10 CANÇÕES QUE FAZEM PARTE DA MINHA VIDA - VERDES SÃO OS CAMPOS

O Zeca fez uma das mais delicadas e belas canções com este poema de Camões. Dois pilares da minha respiração.

É claro que todas as canções do Zeca atravessaram e atressam e atravessarão a minha vida em todos os sentidos.

Esta escolhi pela sua rara delicadeza.

Quando passo pelo vale do Mondego, pelos campos de Montemor-oVelho, páro sempre e fico a ver os verdes campos que dali terão preenchido de ternura bela o coração do grande poeta.

Aqui fica cantada pela galega Uxia, outra voz que nos faz voar para dentro e para fora da nossa emoção.

Outra voz, tal como o Zeca que muito faz pela lírica comunidade galaico-portuguesa.