terça-feira, 27 de abril de 2010
FILOMENA MARONA BEJA
Na literatura portuguesa dos últimos anos, uma das obras mais interessantes é a da minha amiga Filomena Marona Beja.
É imprescíndivel ler dela "A cova do lagarto", romance construído sobre o ritmo alucinante da vida do engenheiro Duarte Pacheco e que venceu o Grande Prémio de Romance da APE de 2007. Há ainda "As cidadãs" que se passa entre o final da Monarquia e os primeiros tempos da República. E "A duração dos crepúsculos", "A sopa", "Betânia".
Além da admiração pela escrita une-me à Filomena uma comizade recente mas já calorosa. Encontrámo-nos em Matosinhos, na Literatura em Viagem. Ouvia-a fazer uma belíssima intervenção que começava por um poema de Kavafis.
Ali apresentou o seu último romance, "BUTE DAÍ, ZÉ". Lisboa, 25 de Abril, contradições, racismo... Já comecei a ler. E recomendo.
CRISTINA CARVALHO
Há tempos que, em cada livraria, vinha a namorar de longe "O GATO DE UPSALA". Ouvi grandes elogios ao livro. Bom para toda a gente dos 8 aos 88 anos. Disseram-me. Passa-se na Suécia no séc. XVII. História de amor e de um gato que salva a sua dona de morrer no afundamento do maior navio de guerra construído até então no mundo. Parecia um bom princípio.
E a autora? Quem seria? Ignorância a minha, claro. Pensei que era uma jovem e que seria o seu primeiro livro.
Conheci-a agora em Matosinhos na LITERATURA EM VIAGEM. E fiquei de boca aberta. Primeiro, sendo jovem, não será excessivamente jovem. Segundo, tem uma obra significativa já publicada. Terceiro, é filha - imaginem! - do grande António Gedeão (pseudónimo do professor Rómulo de Carvalho). E por fim, a Cristina é uma pessoa deliciosa, cheia de amabilidade e de bom humor. E pronto, foi num ai que ganhei uma bela amiga e companheira desta aventura maravilhosa da escrita.
Vou ler o livro dela a correr e aconselho-o a toda a gente. Tenho a certeza de que vou gostar. Quem o ler levado por estas minhas palavras, dê notícias.
domingo, 25 de abril de 2010
sábado, 24 de abril de 2010
LÁZARO COVADLO
Lázaro Covadlo, escritor argentino, nascido em 1937. Por motivos políticos saiu da argentina durante a ditadura e reside desde então em Stiges, na Catalunha.
Eu já tinha ouvido falar dos seus contos. No blog "7leitores" o professor Albano Estrela tinha-lhe feito uma referência altamente elogiosa. Há muito que "Buracos negros" estava na lista das minhas leituras urgentes
Em Matosinhos, no fim-de-semana da Literatura em Viagem, à mesa das refeições, sempre ao lado da sua mulher mais jovem, alta e muito magra, Lázaro parecia um pássaro discreto encostado ao canto, de cabelo muito branco e uns olhos vivíssimos e perscrutadores. Abandonava o seu silêncio ao sabor das conversas com os escritiores ou jornalistas que lhe calhavam por companheiros de mesa.
Conversámos meia dúzia de vezes. Creio que nasceu uma hipótese de amizade entre nós. Aprtoveitei para comprar dois livros seus e trazer o autógrafo. Atirei-me logo aos "Buracos Negros", um livro negro, cheio de ironia, onde sinto o olhar do autor divertido a levar-nos por histórias aparentemente improváveis, inverosímeis e fantásticas. Mas não será a realidade isso mesmo, improvável, inverosímil e fantástica?
quarta-feira, 21 de abril de 2010
LITERATURA EM VIAGEM
De 17 a 20 decorreu na Biblioteca Municipal de Matosinhos mais uma edição da LITERATURA EM VIAGEM que, com as CORRENTES DE ESCRITA da Póvoa de Varzim, constitui um dos acontecimentos mais marcantes da literatura em Portugal, tendo ambas os eventos conseguido ganhar um prestígio internacional notável.
Escritores de vários conversaram com o público e apresentaram os seus livros num ambiente amável e muito enriquecedor.
Alguns faltaram. Ficaram pelos aeroportos fechados. Por isso só nos chegaram os sul-americanos, sobretudo argentinos e brasileiros.
Dos portugueses, de memória, estiveram o Carlos Vale Ferraz, Helder de Macedo, Carla Maia de Almeida,Isabel Barreno, Cristina Carvalho, José Mário Silva, Rentes de Carvalho, Filomena Marona Beja, Francisco José Viegas, valter hugo mãe, Rosa Alice Branco, Nuno e Pedro Silveira Ramos, Júlio Moreira, Alexandra Lucas Coelho, carlos Vaz Marques, Joaquim Magalhães de Castro... Devo estas a esquecer alguém. Peço desculpa. Acabei de chegar de lá. Ainda venho a quente.
Trouxe uma sacada de livros. Nos próximos dias vou trazer para aqui alguns nomes de escritores e livros chegados de lá. Coisas de fazer crescer a água na boca!
quinta-feira, 15 de abril de 2010
REPÚBLICA
Trago aqui duas notícias numa. A primeira tem a ver com a descoberta de um blogue que vale a pena estar atento: "ALMANAQUE REPUBLICANO". Tem imenso material interessante quer em termos de texto quer de iconografia e é filho dos mesmos que deram origem ao "ALMOCREVE DAS PETAS"
Aproveito para roubar imagens recolhidas pelos meus amigos do "Almanaque" numa sessão em que participei mas em que o foco esteve centrado no Professor Adelino Maltez.
Comemorações do Centenário da Implantação da Repúlica na Câmara Municipal de Condeixa. Começaram em Fevereiro e no dia de cada mês até Outubro haverá uma conferência, uma sessão de debate, um pequeno concerto, e tudo relacionado com a República.
Dia 5 de Abril pudemos assistir a uma magnífica conferência sobre "A carbonária e a maçonaria na Imlantação da República" pelo Professor Adelino Maltez.
Quem o conhece sabe a profundidade dos seus saberes, a forma sempre provocatória, irónica e estimulante como aborda a nossa História, a facilidade de comunicação e a paixão que coloca na abordagem que faz aos assuntos mais diversos.
Eu fico deliciado a ouvi-lo e levo sempre para casa uma quantidade enorme de dúvidas, questões, razões para me atirar aos livros e aprofundar este ou aquele tema.
Todos sabemos como este país anda necessitado de inteligência e paixão. Por isso é um privilégio ouvir homens como Adelino Maltez ou como o dr. António Arnault que estava presente na plateia e interveio criando um diálogo muitíssimo envolvente.
E já agora, no próximo dia 5 de Maio, o conferencista será o dr. Luís Gamito, psiquiatra, professor de psicodrama, ex-director do Hospital Júlio de Matos que vai falar sobre: "Miguel Bombarda e a psiquiatria na Rpública".
Qum puder não perca.
terça-feira, 13 de abril de 2010
ESTRELAS E ESTRELOS
Há cerca de 10 dias siau o meu último livro, "HISTÓRIAS PARA CONTAR EM NOITES DE LUAR"
São histórias para várias idades. Umas para pequeninos, outras para mais crescidos, outras até para adultos, todas para quem gosta de ler, de contar e ouvir contar histórias.
Enviei algumas destas histórias a professoras de diversos níveis. Recebi o desenho e a mensagem da minha amiga Teresa Queirós Vieira, Educadora do JI dio Facho, Vila do Conde:
"Há dias que os meninos me pedem que lhe envie o desenho que fizeram da estrelinha Maria Emília...
Contei-lhes a história, é uma das minhas preferidas! E acho que deles também.
Além da magia da história, aprendemos imensas coisas sobre peixe-espadas. Os meninos não sabiam como era um peixe-espada, imaginavam um peixe tipo mosqueteiro,com uma espada a sério!
O desenho foi feito antes de "conhecerem" o peixe-espada "pessoalmente".
Fomos então á lota e não foi nada fácil descobrir o peixe-espada, ficamos a saber que não é um peixe desta zona de costa. Aparece muito raramente por aqui,gosta mais da costa de Sesimbra, e tem bom gosto! Claro, quiseram saber onde era Sesimbra e tantas outras coisas.
Hoje passei a manhã inteirinha na praia,a estudar poças de maré. Nem imagina a quantidade de estrelas do mar que descobrimos! Ou seriam estrelos? Sei que eram todas belíssimas.
Acredite que além das descobertas maravilhosas, ficamos com a alma completamente impreguenada de mar!"
Bem haja, Teresa. Muitos beijinhos para os seus meninos.
domingo, 11 de abril de 2010
E AINDA MAIS CONTADORES DE HISTÓRIAS
Faltam ainda muitos. Não tenho a presunção de conhecer a todos os contadores. Estes que aqui tenho trazido são aqueles com quem mais me cruzo, amigos que me fazem voar sempre que os oiço.
Muitos mais haverá porque a arte de contar histórias está a crescer um pouco por toda a parte.
Há gente que guarda ainda memória das velhas histórias contadas ao borralho com a malga do caldo na mão. Há gente que ainda sabe de cor as cantigas de ceguinhas, tragédias e cimes de fazer chorar as pedras da calçada, gente que tem as histórias da sua vida para contar a quem quiser ouvir.
É preciso ouvi-los a todos. Porque todos têm para nos oferecer uma pequena fatia de uma arte pelo menos tão velha como o mundo.
António Craveiro
Miguel Horta
Jorge Serafim
Muitos mais haverá porque a arte de contar histórias está a crescer um pouco por toda a parte.
Há gente que guarda ainda memória das velhas histórias contadas ao borralho com a malga do caldo na mão. Há gente que ainda sabe de cor as cantigas de ceguinhas, tragédias e cimes de fazer chorar as pedras da calçada, gente que tem as histórias da sua vida para contar a quem quiser ouvir.
É preciso ouvi-los a todos. Porque todos têm para nos oferecer uma pequena fatia de uma arte pelo menos tão velha como o mundo.
António Craveiro
Miguel Horta
Jorge Serafim
sexta-feira, 9 de abril de 2010
MAIS CONTADORES DE HISTÓRIAS
Cá venho eu com mais uns quantos contadores. Com crianças ou adultos, já os vi fazer emocionar as plateias mais sisudas e fazer tremer os menos disponíveis para para a aventura da emoção..
São grandes mágicos, grandes shamãs da palavra na terra do coração.
Horácio Santos, "Lalacho"
Ana Lage
Clara Haddad
São grandes mágicos, grandes shamãs da palavra na terra do coração.
Horácio Santos, "Lalacho"
Ana Lage
Clara Haddad
quarta-feira, 7 de abril de 2010
CONTADORES DE HISTÓRIAS
Cristina Taquelim
Contar histórias é uma das mais antigas e saborosas actividades.
Cresci com as palavras e a voz que as comboiava no percurso doce ou acidentado de cada história.
Encontrei resposta e consolo para algumas das dores do meu peito relembrando as peripécias fantásticas que a minha avó ia fazendo acontecer à minha frente através do misterioso e mágico discorrer das palavras.
Ainda hoje a mão dela vem lá do longe do tempo para virar a página de cada livro em cuja leitura embarco.
António Fontinha
A vida moderna, entretanto, dispersa-nos por um sem número de tarefas vazias de sentido e maravilha.
Nos últimos anos a arte de contar histórias voltou a renascer. De outras maneiras, porventura. Noutros espaços. Inserindo-se no grande esforço silencioso que as Bibliotecas fazem para levar os portugueses a ler mais.
Tenho a honra de pertencer a um grupo de pessoas que se tornaram Contadores de Histórias e que atravessam o país a oferecer o seu doce veneno a quem o quiser receber.
E quem os conhece fica encantado e só tem um pedido a fazer: "Conta-me mais uma história!"
Ângelo Torres
Estes queridos amigos e companheiros precisam de ser conhecidos. Mais conhecidos do que são.
Alguns, profissionais chegados do mundo do Teatro ou da Animação Cultural. Contam as histórias antigas e tradicionais. Outros são escritores e contam as suas próprias histórias. Outros ainda amadores que contam pelo simples prazer de contar.
Uns contam histórias que vêm escritas nos livros. Outros apanham as histórias que o vento lhes deixa nas mãos.
Fazem rir, fazem tremer, falam de Príncipes e sapos, de anões e de feiticeiras, de coisas comezinhas e outras do arco-da-velha.
Cada qual saberá como se tornou contador de histórias. Não os conheço a todos. Mas quero beijar os olhos daqueles com quem me tenho cruzado.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
TELEVISÃO E LEITURA
Grouxo Marx é um dos heróis da minha vida. Quem nunca viu os filmes dos Irmãos Marx não sabe o que perde.
Os textos de Grouxo são impagáveis e, sobretudo, inteligentes. Quem não conhece aquela frase em que ele diz que não pode pertencer a um clube tão mau que o aceite como sócio?
Embora não desdenhe de forma nenhuma do outro Marx, o Karl, gosto de dizer que, como muitos outros, sou "Marxista, tendência Grouxo"
Esta outra frase também dele é sobre a leitura.
"A TELEVISÃO É MUITO EDUCATIVA. CADA VEZ QUE ALGUÉM A LIGA EU VOU PARA A SALA AO LADO LER UM LIVRO"
Boa, boa!
sexta-feira, 2 de abril de 2010
UM LIVRO ESPERA-TE
UM LIVRO ESPERA-TE. PROCURA-O
Era uma vez
um barquinho pequenino,
que não sabia,
não podia
navegar.
Passaram uma, duas, três,
quatro, cinco, seis semanas,
e aquele barquinho,
aquele barquinho
navegou.
Antes de se aprender a ler aprende-se a brincar. E a cantar. Eu e os meninos da minha terra entoávamos esta cantiga quando ainda não sabíamos ler.
Juntávamo-nos na rua, fazendo uma roda e, ao despique com as vozes dos grilos no Verão, cantávamos uma e outra vez a impotência do barquinho que não sabia navegar.
Às vezes construíamos barquinhos de papel, íamos pô-los nos charcos e os barquinhos desfaziam-se sem conseguirem alcançar nenhuma costa.
Eu também era um barco pequeno fundeado nas ruas do meu bairro. Passava as tardes numa açoteia vendo o sol esconder-se à hora do poente, e pressentia na lonjura – não sabia ainda se nos longes do espaço, se nos longes do coração – um mundo maravilhoso que se estendia para lá do que a minha vista alcançava.
Por detrás de umas caixas, num armário da minha casa, também havia um livro pequenino que não podia navegar porque ninguém o lia. Quantas vezes passei por ele, sem me dar conta da sua existência! O barco de papel, encalhado na lama; o livro solitário, oculto na estante, atrás das caixas de cartão.
Um dia, a minha mão, à procura de alguma coisa, tocou na lombada do livro. Se eu fosse livro, contaria a coisa assim: «Certo dia, a mão de um menino roçou na minha capa e eu senti que as minhas velas se desdobravam e eu começava a navegar».
Que surpresa quando, por fim, os meus olhos tiveram na frente aquele objecto! Era um pequeno livro de capa vermelha e marca-de-água dourada.
Abri-o expectante como quem encontra um cofre e ansioso por conhecer o seu conteúdo. E não era para menos. Mal comecei a ler, compreendi que a aventura estava servida: a valentia do protagonista, as personagens bondosas, as malvadas, as ilustrações com frases em pé-de-página que observava uma e outra vez, o perigo, as surpresas…, tudo isso me transportou a um mundo apaixonante e desconhecido.
Desse modo descobri que para lá da minha casa havia um rio, e que atrás do rio havia um mar e que no mar, à espera de partir, havia um barco. O primeiro em que embarquei chamava-se Hispaniola, mas teria sido igual se se chamasse Nautilus, Rocinante, a embarcação de Sindbad ou a jangada de Huckleberry. Todos eles, por mais tempo que passe, estarão sempre à espera de que os olhos de um menino desamarrem as suas velas e os façam zarpar.
É por isso que… não esperes mais, estende a tua mão, pega num livro, abre-o, lê: descobrirás, como na cantiga da minha infância, que não há barco, por pequeno que seja, que em pouco tempo não aprenda a navegar.
ELIACER CANSINO
Tradução: José António Gomes
Eliacer Cansino Macías (Sevilha, 1954) é professor de Filosofia numa escola de Sevilha, desde 1980, e autor de romances para jovens e adultos. Em 1997, recebeu o Prémio Lazarillo por O Mistério Velázquez, recriação da vida do anão Nicolasillo Pertusato e da sua relação com Velázquez. Em 1992, foi-lhe outorgado o Prémio Internacional Infanta Elena pelo livro Eu, Robinsón Sánchez, tendo naufragado, obra que foi também finalista do Prémio Nacional de Literatura Infantil, de Espanha. Em 2009, recebeu o Prémio Anaya de Literatura Infantil e Juvenil por Um Quarto em Babel. O lápis que encontrou o seu nome (2005). Tem muitos outros títulos editados.
A Mensagem do Dia Internacional do Livro Infantil é uma iniciativa do IBBY (International Board on Books for Young People), difundida em Portugal pela APPLIJ (Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil), Secção Portuguesa do IBBY.
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