Madeirense, poeta raro, ausente do barulho da fama, a sua obra é de um inexcedível prazer de leitura.
“… graças à arte requintada com que trabalha o verso, Cabral do Nascimento atinge em muitas das suas composições uma simplicidade, uma sageza, um desencanto, um doloroso fruir dos efémeros frutos da vida, características que lhe dão o direito a que o consideremos um dos mais altos poetas da sua geração.” João Gaspar Simões dixit.
REDONDILHA
Sobre os rios e ribeiros
Que por esses vales vão,
Pus um barco de papel.
Os desejos vogam nele,
Que as palavras essas não.
E quando as águas encontram
As suas irmãs do mar
E se misturam, aos beijos,
Vão para o fundo os desejos
As penas sobem ao ar.
Desejo, dor e saudade
São companheiros. Depois
Morre primeiro o primeiro,
Ainda ás vezes solteiro,
Ficam só os outros dois.
domingo, 15 de novembro de 2015
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