sexta-feira, 15 de outubro de 2010

UMA QUESTÃO DE LUZ E DE TEIMOSIA



Morreu uma das mais emblemáticas e entusiastas protagonistas da festa que tem sido (sempre que as autarquias não se distraem) a implementação da Rede de Leitura Pública.

Amiga do coração, a Isabelinha abriu várias Bibliotecas e vivia a promoção do livro e da leitura como uma coisa fundamental da sua vida.

É pena que várias autarquias continuem a promover incultura pimba, do espectáculo de momento, da pastilha elástica de mastigar e deitar fora e, à pala da crise, deixem de lado a promoção do livro e da leitura, cortem as verbas às Bibliotecas Municipais, retirem (nalguns casos) os jornais dessas bibliotecas onde os mais velhos iam ler o seu jornal diário, para oferecerem o dinheiro de todos nós sem qualquer retorno aos fazedores de festas de "abana-o-capacete".

A grande, a verdadeira crise é a de falta de valores sólidos que continua a ser a de muitos dos que nos governam nas várias instâncias do poder. E se as autarquias em geral têm levado a luz da cultura e do entretenimento de qualidade ao interior do país, é também verdade que muitas delas continuam a deixar-se iludir pelo sucesso efémero que dura o arder de um fósforo.

A Isabel de Sousa e o Joaquim Mestre (da Biblioteca de Beja e também desaparecido há pouco) pertenceram à primeira fornada dos Bibliotecários na construção dessa revolução silenciosa que tem sido o crescimento das Bibliotecas da Rede de Leitura Pública. Eles continuam a ser uma luzinha para todos nós que sabemos que não há desenvolvimento económico e social sem promoção séria e sustentada do livro e da leitura.

Resta-nos o adeus amargo. Até sempre, Isabel. Nós somos teimosos. Continuamos. Também em teu nome.

1 comentário:

Júlio Pêgo disse...

Para além da tristeza, é sempre de saudar alguém que deixa um rasto importante na divulgação da cultura, através de bibliotecas.