terça-feira, 27 de março de 2012

ESCREVER NÃO É TRABALHO (?)



O nosso país tem-se destacado internacionalmente por jogadores e treinadores de futebol, mas também pelos escritores como José Saramago, Lobo Antunes, arquitectos como Siza Vieira ou Souto Moura, pintores como Paula Rego, cientistas... Mas não por gestores de empresas, economistas, ministros, comentadores políticos, críticos literários, nem por aqueles que nos dirigem e governam (embora alguns governem tão mal que até têm prémio.

Alexandra Lucas Coelho é uma excepcional jornalista que já nos ofereceu vários livros de crónicas de viagem no Afeganistão, no México, no Egipto durante a revolução e que acaba de publicar o romance "E a noite roda".

Escrevia na sua crónica de 18 de Março na P2 do Público:

"O tempo dos gestores é dinheiro, como o dos canalizadores, mas quem escreve não paga luz, não tem fome, não tem família, não precisa de seguro, de segurança social, nem, mais à frente, de pagar o funeral.

Em Portugal, poetas e prosadores são certamente tão ricos que não precisam de ser pagos quando vão daqui para ali, e fazem textos para colóquios, para revistas, para jornais, e são chamados para debates, para badanas, para prefácios - montras, em suma, em que se podem mostrar e de que portanto beneficiam. O que escrevem não tem preço e o tempo deles não se mede.

Cada vez que alguém acha natural não pagar a quem escreve está a dizer que a literatura é acessória, e a contribuir para que ela desapareça."

Não podia estar mais de acordo com ela.

4 comentários:

Lídia Borges disse...

Como não concordar se é tão, escandalosamente, verdadeiro?

L.B.

argumentonio disse...

desassombro! que bem sabem as palavras certas a chamar os bois pelos nomes!!;_)))

samuel disse...

Em cheio!

Leonor Lourenço disse...

Nem mais! Vou partilhar no meu espaço. Merece ser visto por muitas pessoas.