terça-feira, 19 de junho de 2012

LUANDINO VIEIRA


Há cerca de 15 dias tive o imenso prazer de conhecer Luandino Vieira. Escritor angolano, 14 anos preso no Campo de Concentração do Tarrafal.



Em 1965 a Sociedade Portuguesa de Autores, então presidida por Manuel da Fonseca, atribuiu o Prémio Camilo Castelo Branco ao seu romance "Luuanda". Essa ação fez com que a PIDE levasse a cabo uma famosa acção de desmantelamento da Sociedade.

Depois da Independência, Luandino desempenhou diversos cargos oficiais, até se retirar para Portugal onde vive em Vila Nova de Cerveira.

Entrei aí numa pequena livraria ligada a uma pequena editora que dá a conhecer literatura angolana. E dei com um homem que é para mim um mito.

Relembrei então que lá por volta de 1984 visitei em Cabo Verde o antigo campo de concentração que eraà data uma escola de sargentos do exército caboverdeano.

O comandante era um estudioso da história daquela terrível prisão do estado colonial e fascista português.

Levou-me pelo campo fora e contou-me pequenas histórias, nomeadamente a da janela gradeada onde Luandino, quando preso, dava migalhas de pão aos passarinhos e disso fazia o seu pequeno poema sem palavras mas cheio de amor à vida e aos outros, sejam pássaros, sejam homens.

Junto a essa janela, a pedido do comandante, acabei a dizer poesia aos homens do aquartelamento.

Como é fácil de calcular foi um momento único na minha vida. Revivê-lo com Luandino foi ainda mais.





3 comentários:

Miguel Horta disse...

Momentos que nos unem. A manhã na Porta XIII foi a confirmação de uma direção a trabalhar com os jovens...

Júlio Pêgo disse...

Luandino Vieira é um símbolo vivo da resistência ao fascismo de Salazar/Caetano. Pelo que sei, está a viver num Convento propriedade do escultor José Rodrigues. Conhecê-lo pessoalmente, para além de tudo é encontrar um pouco da nossa memória colectiva.
Júlio Pêgo

Júlio Pêgo disse...

Luandino Vieira é um símbolo vivo da resistência ao fascismo de Salazar/Caetano. Pelo que sei, está a viver num Convento propriedade do escultor José Rodrigues. Conhecê-lo pessoalmente, para além de tudo é encontrar um pouco da nossa memória colectiva.
Júlio Pêgo